SILVIO MEIRA

Narrativas, Distopias, Extremismo: Soluções?

Há quem acredite que nenhum humano botou os pés na Lua. Nunca. Tudo seria uma invenção. Uma conspiração, até: seus teóricos afirmam [bit.ly/3XxTode] que a NASA falsificou os pousos no satélite natural para evitar uma humilhação global e garantir a continuidade de seu financiamento. Os números dos que acreditam nessa “teoria” são assustadores: dependendo da pesquisa, de 6% a 20% dos americanos, 25% dos britânicos, 28% dos russos. Inacreditável.

Mas… sabe o que é ainda mais inacreditável? Em 1835, o jornal nova-iorquino The Sun publicou uma série de seis artigos satíricos [bit.ly/3XEvoFG] que foram tomados como verdadeiros e levaram milhões de pessoas a acreditar que havia vida na Lua. Segundo os textos, o satélite tinha árvores, oceanos e praias e os animais “da” Lua incluiam bisões, cabras, unicórnios e humanóides alados semelhantes a morcegos, que construíam templos. Tais descobertas teriam sido feitas com “um imenso telescópio baseado em um princípio inteiramente novo”. Inacreditável.

Ainda mais inacreditável é que o objetivo do autor do que veio a ser chamado de The Great Moon Hoax era gozar o Rev. Thomas Dick [bit.ly/3ktcVgE], que havia calculado a população do universo em quase 22 trilhões de habitantes… e especulado sobre as possibilidades de comunicação com os habitantes da Lua, que seriam nada menos de 4.200.000.000 seres. Daí pro Sun botar asas na turma e eles saírem construindo templos, foi um vôo. Absolutamente crível.

O problema, hoje, é bem mais complicado e global. Num planeta em que passamos a depender de ciência e tecnologia para tudo, ordens de magnitude a mais do que no séc. XIX, só 33% dos jovens franceses [11 a 24 anos, em 2022] acredita que a ciência é benéfica para a humanidade; 41% pensam que a ciência é indiferente [bit.ly/3HHYAqc].

Tal desconfiança deu um grande salto em 50 anos; em 1972, 55% dos franceses acreditava na ciência. A mesma pesquisa mostra que, hoje, só 23% dos jovens franceses assistem a jornais na TV e apenas 17% usa apps de notícias. Mas 73% usa pelo menos uma rede social com frequência e seu entendimento da realidade, seja qual for, é criado a partir de lá, a partir de conteúdo e incentivos que estão lá. A história destes jovens está sendo escrita [por e para eles] nas redes sociais, sem ter, necessariamente, nenhuma [cor]relação com o que se costumava chamar, no passado, da realidade objetiva dos fatos.

A história é escrita pelos vencedores [Orwell, Revisiting History, 1944, bit.ly/3WOA5Me]. Quase 80 anos depois, muitos dos que querem vencer, ter o poder, e os que já têm, escrevem as histórias, não só a história, antes, durante e depois dos eventos, tornando a luta pelo poder na luta pelas histórias.

MISinformação [informação falsa, sem intenção de causar dano, como The Great Moon Hoax], MALinformação [baseada na realidade, criada para atacar], DESinformação [informação falsa, também para atacar] nas disputas pelo poder é tão antigo quanto o próprio poder [bit.ly/2EAfsjQ]. E, da forma que entendemos hoje, nasceu junto com a política. Um dos exemplos mais antigos do uso de fakenews numa disputa pelo poder são slogans usados por Otaviano contra Marco Antônio [“tweets” com acusações de ser “menos romano”, por sua relação com Cleópatra], cunhados em moedas [bit.ly/2PIXXip] que rodavam, rápido, todo o império romano.

MISinformação, MALinformação e DESinformação são as três principais categorias de fakenews, que é definida formalmente [bit.ly/3wKUsz3] como… informação deliberadamente fabricada e divulgada com intenção de enganar e induzir pessoas a acreditar em falsidades ou duvidar de fatos verificáveis; é [mis, mal, des]informação apresentada como, ou provavelmente percebida como, notícia. No link acima, Rahmanian classifica fakenews em [pense!] 24 categorias, entre as quais não está fakenews como rótulo [bit.ly/40eVmSg] para deslegitimar news e suas fontes.

Poderíamos ficar horas contando causos sobre narrativas que deveriam ser inacreditáveis… mas que convenceram um monte de gente, em todos os tempos. E se tornaram parte da história. Porque a história quase se confunde com o poder de criar narrativas… [bit.ly/3wkfbKb]. Antes da prensa de tipos móveis [um dos inícios da era da informação, bit.ly/3kyvkZQ], o registro de informação era escasso e o que sobreviveu foi gravado em pedra, cozido em cerâmica, desenhado em pictogramas, sobre papiro, seda e versões centenárias do papel, sempre sobre feitos e poder de quem mandava e tinha recursos para “publicar” informação -nos blocos de uma pirâmide, por exemplo.

Quase sempre, tal informação tinha endereço: lembrar aos comuns que o líder controlava suas vidas. Ou que um líder fosse lembrado por seus feitos, pelo sucesso na guerra. Aí, um recado para futuros adversários. Os que havia… bem, já eram. Sem ter como verificar as estórias, como saber se a informação é verdadeira ou falsa? Uns crêem, outros não.

Mas… não dava pra fazer história, de fato, com base numa loteria de crenças, preferências pessoais e grupais, resultado de visões e escolhas de mundo de cada um. E não dava… há séculos. Heródoto criou um método para descobrir e contar a história [dos fatos, acontecimentos, países, disputas] ao invés de inventar estórias [ao bel prazer de cada um…] há 2.450 anos [bit.ly/3j4b15Q]. Boa parte do que ele propôs vale até hoje.

Mas história não é uma ciência exata. Há 21 anos, J. L. Gaddis dizia que [bit.ly/3XwtCqe] a “máquina do tempo” do historiador opera em 3 dimensões: seletividade [o foco espaço-temporal sempre pode ser escolhido por quem escreve a história], simultaneidade [de tratar mais de um lugar e tempo ao mesmo tempo] e eScala [do macro ao micro, e de volta, sempre que necessário à história]. São 3S, em inglês [selectivity, simultaneity, scale], para pesquisar e contar a história, sem nunca ter estado “lá”.

Aqui é onde voltamos para o começo do texto.

O que aconteceria se, nas redes, onde cada um pode ter a sua própria máquina para contar [sua] história [estórias, claro…] ou explicitar [seus] planos [que são histórias “do”ou “no” futuro], com o poderoso auxílio de algoritmos que podem criar efeitos de rede e atrair, para “sua” narrativa, grupos de tamanho inimaginável [por causa da complexidade e custo do processo] no mundo físico… um grande número de agentes decidisse operar os 3S em função de [seus] objetivos pessoais [e grupais]? E não do ponto de vista de reescrever o passado, apenas, mas de escrever os seus futuros, também?

É exatamente onde estamos agora. E o mais alarmante é que a manipulação deliberada e algorítmica dos 3S cria, não de agora, uma malha de narrativas extremistas, em muitos casos apocalípticas, cujo alvo preferencial é o estado democrático, os direitos humanos e indivíduos e grupos marginalizados ou excluídos, sustentabilidade ambiental e quase tudo que parece civilizado aos olhos de quem o é.

A radicalização de grupos sociais significativos, com volume e energia necessária para causar grandes impactos, como o 6 de janeiro nos EUA e o 8 de janeiro no Brasil, é uma das consequências de tal processo. Mas há razões mais profundas para o que estamos vendo, e elas não são só, pura e simplesmente, manipulação de incautos ignaros nas redes sociais. Há muito mais.

Pesquisa da Atlas Intel feita depois do 8 de janeiro revela que 68% dos evangélicos não acredita que o candidato que ganhou as eleições presidenciais brasileiras teve mais votos do que o perdedor.  E, para 50,5% do mesmo segmento, a invasão e destruição de prédios públicos que representam os poderes democráticos é justificável [bit.ly/3D8EOBb]. Nos EUA, contra todas as evidências em contrário e nenhuma prova a favor, 61% dos republicanos afirma que o atual presidente se beneficiou de fraude eleitoral para chegar ao posto [nbcnews.to/3woGgvF].

Boa parte de tais crenças é incubada e espalhada em redes sociais online, usando mecanismos muito bem estabelecidos para disseminação digital e social de informação. Fakenews não se tornou tão relevante, impactante e preocupante apenas por causa da avalanche de informação em rede, em tempo real. É isso, também. Mas o engajamento reduzido do pensamento aberto, analítico e crítico por parte de quem recebe a informação contribui, muito, para aceitação de rumores como verdades e sua replicação como tal [bit.ly/2AY0BMg].

Os dados não são animadores. De novo nos EUA, 80% dos eleitores –democratas e republicanos– diz que suas diferenças com o outro lado são sobre valores fundamentais, não só de opinião. A maioria acha que o outro lado é imoral e desonesto [bit.ly/3ICI77v]. Como reconectar lados que criaram e mantêm narrativas tão diferentes sobre o todo, que inclui o outro lado? É preciso criar uma nova esfera pública. Ontem. Mas não vai ser fácil. Até porque uma pesquisa logo antes da última eleição federal, nos EUA, mostrava 39% dos republicanos e 26% dos democratas dizendo que só perderia a eleição se houvesse uma fraude [bit.ly/3XMz9c4]. Impressionante.

Este é um cenário em que grandes grupos de seres humanos -imersos, eles próprios, em fluxos de dados- se tornaram resistentes a fatos e dados. Mas essa frase de efeito não é um diagnóstico completo do grande problema que estamos enfrentando na sociedade e na política, principalmente. Há raízes estruturais, complexas e difíceis de tratar: um número cada vez maior de estudos mostra que o comportamento humano em redes sociais –como ativismo coordenado, cascatas de informação, bandos de assédio– é muito similar ao comportamento emergente de grandes grupos de pássaros, peixes, formigas… agindo como unidade coesa, sem líder ou direção hierárquica [bit.ly/3ZYxOR9].

Isso quer dizer, na prática, que o comportamento de grupos em rede é determinado pela estrutura da rede, que molda o comportamento da rede, que molda a estrutura e assim por diante. Em tal contexto, ações para tentar conter conteúdo viral indesejado já circulando na rede –o estado final de processos de construção coletiva de significados– enquanto as estruturas e incentivos de rede que facilitam seu alcance continuam no lugar… são um trabalho de Sísifo. Ah: as estruturas e incentivos das redes são a arquitetura e os mecanismos que fazem com que as pessoas criem, publiquem e consumam certos tipos de conteúdo e sejam reconhecidas, recompensadas e remuneradas  por isso. Os algoritmos das plataformas e a monetização do conteúdo são parte do problema. E da solução.

Como se não bastasse, um número de estudos mostra que se certos fatos [F] não cabem na visão [V] de certos humanos [H], é impossível, para outros humanos [H1], convencer H de F com dados [D]. Na verdade, quanto mais e melhores D os H1 mostram a H, mais estes negam F [bit.ly/3R2IABQ]. Até agora, uma das únicas saídas desta armadilha é mudar V de H, o que só acontece no longo prazo.

Quem está fazendo isso, e bem? A Finlândia, que não por acaso é a sociedade mais resiliente a misinformação, malinformação e desinformação [isto é, bostejo:bit.ly/2PIXXip] da Europa. Não é só a qualidade do sistema educacional; é uma estratégia nacional contra fakenews, cujas ações se iniciam a partir da pré-escola [nyti.ms/3kfYnRC]. É o tal do longo prazo; tratar as fundações para evitar que fakenews sejam tratadas como verdade agora, para que haja menos fakenews aceitas como verdade no futuro. Uma lista de leituras e descobertas sobre o perigo de dados imprecisos, meias verdades e fakenews está no link bit.ly/3qnT5RY.

Narrativas que não se sustentam em fatos e dados são um problema não trivial. Segundo a Lei de Brandolini [ou o princípio da assimetria do bostejo: go.nature.com/3Jyrevh], revisada para dar conta de fakenews, refutar bostejo criado e espalhado por redes negacionistas demanda energia ordens de magnitude maior do que a usada para produzi-lo. A vasta maioria das pessoas não dispõe de tal energia, em tempo, conhecimento, recursos. E o bostejo não é habilitado só pela estrutura da rede, como já dissemos, mas por seus algoritmos: um estudo [nbcnews.to/3egIIM6] com 37.000 pessoas em Youtube mostra que 71% dos vídeos reportados como malinformação. desinformação, teorias da conspiração, etc… foram recomendados pelos algoritmos do site, mesmo quando violam as políticas de uso do negócio. Muito complicado. E deliberado.

Algoritmos de recomendação de sites como Youtube e Facebook [wapo.st/3VQRX9p] são escritos para aumentar o tempo de permanência dos usuários na rede, aumentando a exposição das pessoas a anúncios, que aumentam a receita e o lucro da operação. E quem vê os vídeos não consegue mudar significativamente o que vê. Nada menos do que 700 milhões das um bilhão de horas vistas em Youtube por dia são oriundas de recomendação algorítmica. Um estudo [com 22.722 pessoas, 568 milhões de vídeos] mostra que “dislike” e outros clicks não são efetivos pra controlar recomendações, ao contrário do que Google diz [bit.ly/3QUdGKx].

Este é um espaço que demanda ação regulatória; não que ela seja fácil em condições normais. Na China, desde o começo de 2022, os usuários devem ser informados sobre “propósito, princípios e mecanismos de operação” de algoritmos de recomendação e podem recusar ou configurar seu uso. Recomendar notícias exige registro e uma licença emitida pelo regulador digital; é simplesmente proibido promover [mis, mal, des]informação [cnb.cx/3zAswP1]. E o algoritmo que se vire pra resolver como.

Redes online não só criam câmaras de eco, espalham fakenews e incentivam circulação de ideias extremistas. Grandes inovações da mídia fizeram isso, mas não atacaram os fundamentos da comunicação humana e interação social [bit.ly/3BwTiKV]. Agora os dados mostram que idosos espalham até 7 vezes mais fakenews do que jovens. Imaginava-se que tal comportamento resultava de declínio cognitivo e solidão. Mas um estudo mostra que relações interpessoais e analfabetismo digital são parte das causas [bit.ly/2XYw4rY]. Se políticas como a da Finlândia derem certo, e muitos outros países as copiarem, capaz da desinformação diminuir, no futuro.

Mas agora, o problema é imenso e urgente: no começo da pandemia, fakenews sobre o coronavírus se espalhava muito mais rápido do que o próprio vírus [bloom.bg/2S5dD3i]. Isso porque boatos se espalham até vinte vezes mais rápido do que fatos [bit.ly/2veiWnQ].  Entender narrativas falsas e fakenews depende mais um conjunto de noções vagas sobre como lidar com o problema: há uma teoria geral para boatos em redes sociais [bit.ly/1qyihCs]. Sua contenção exige estratégias de respostas nacionais, globais, regulatórias, jurídicas, institucionais. Mas, como a China está fazendo? Como a Finlândia? Uma combinação das duas?

O perigo que enfrentamos é perder o respeito pela verdade e pelos fatos. Muita gente sabe que é muito mais fácil destruir reputações do que mantê-las. Não importa quão bons sejam seus fatos, outra pessoa pode espalhar o boato de que você é uma notícia falsa. Estamos entrando em um período de escuridão e incerteza epistemológica que não experimentamos desde a Idade Média [bit.ly/2kGXjVv]. E pior, com a ajuda de estados nacionais que estão em guerra com a verdade há muito tempo, influindo diretamente na percepção da realidade de fragmentos consideráveis de populações de outros países [bit.ly/3R79pF6, bit.ly/3XPDv2a, politi.co/3RbjtwU, bit.ly/3HyIXBg, bit.ly/3HBfN4j].

Fakenews é um megaproblema. Como tal, é uma oportunidade ainda maior, desde novas políticas públicas até novos modelos de negócios de informação baseados em ética, expertise, experiência, engajamento, transparência e relevância [bit.ly/2yuvuX0]. Mas parece ainda mais longe no radar de empreendedores e investidores do que está dos Estados e organizações internacionais, apesar dos impactos do problema serem conhecidos há anos [bit.ly/3DmIqQq].

Fakenews [também] é um ecossistema de negócios [bit.ly/3WC9Fx6]; e não só no espaço aberto das redes sociais, mas envolvendo todo tipo de informação em rede, até nos comentários e avaliações de produtos em marketplaces, onde há verdadeiras quadrilhas globais, articuladas [por um preço] para promover produtos, “usando” usuários dispostos a tal, num mercado obscuro de manipulação de informação [bit.ly/3jgeqyQ].

Causar uma ruptura [bit.ly/3HbBOoY] no ciclo de fakenews é essencial para a sanidade do universo informacional. Ação regulatória efetiva é parte central deste processo [bit.ly/3R9E58S], que deve levar à responsabilização dos agentes por trás de malinformação [baseada na realidade, criada para atacar] e desinformação [informação falsa, também para atacar], como parte da diminuição da toxicidade do ambiente de informação em rede.

Mas o problema é muito maior do que a rede “pura e simples” de conexões entre agentes. É a rede de relacionamentos, interações, significados que formam comunidades. O “novo” espaço público é em rede. E rede social.

A realidade do espaço público, social, é um campo de normalidade manufaturada. Venkatesh Rao explica isso em Future Nauseous [bit.ly/3XMKpFH]: nós absorvemos as tecnologias dos futuros do pretérito nos nossos presentes contínuos, de forma que tal integração imponha uma percepção de normalidade absoluta, transformando [por exemplo] o transporte aéreo em cilindros com asas em “vôo”. Claro que as pessoas não voam de avião. O avião voa. Pessoas estão simplesmente sentadas em uma cadeira desconfortável em um campo de normalidade manufaturada, até que saiam de lá, ilesas [e com sorte, com suas bagagens], noutro lugar, ou, face a um colapso do campo, descubram que não era normal estarem onde estavam. E aí, quase sempre, é tarde demais.

O espaço figital [bit.ly/futurosfigitais], com suas dimensões digital e social escritas em código, e em [muito] alta velocidade, acelera mudanças em todas as facetas de todos os ecossistemas, e faz com que haja um conflito perene entre a normalidade [que era o mundo físico…], a pós-normalidade [que é o mundo figital] e, daí pra frente, entre versões sobrepostas n, n+1, n+2… das pós-normalidades do mundo figital.

Estendendo Sardar & Sweeney [The Three Tomorrows of Postnormal Times, 2016, bit.ly/3XMpDGk], a pós-normalidade é o espaço-tempo de caos, complexidade e contradições que afetam e definem os três amanhãs dos tempos pós-normais, o presente estendido, futuros familiares e os futuros impensados. Da mesma forma que os três horizontes clássicos de inovação não mais representam tempo… mas [pelo menos] complexidade dos problemas a resolver em cada um e podem estar sobrepostos no tempo [bit.ly/3cPjHEQ], os três amanhãs podem se dar ao mesmo tempo. Na verdade, para muitas coisas, já estão acontecendo ao mesmo tempo.

E se os amanhãs… pudessem acontecer ao mesmo tempo, e para versões sobrepostas n, n+1, n+2… de cada espaço-tempo normal e pós-normal, em cada ecossistema que possa existir?…

exatos 40 anos, em Les Stratégies fatales [bit.ly/3RaY2Mm], Baudrillard dizia que “todo evento, hoje, é virtualmente inconsequente. Está aberto a todas as interpretações possíveis, nenhuma das quais pode determinar seu significado. Se as ondas de significado recuam juntamente com as ondas de memória e da história -ou do tempo histórico- e se as ondas de causalidade ao redor dos efeitos declinam, tudo é possível.

Podemos criar a narrativa que quisermos a partir dos fatos, dados e correlações que quisermos.

Agentes em rede, operadores sintático-semânticos, formando grafos, manipulando conexões, relacionamentos e interações e desenhando fluxos capazes de transformar um país como o Brasil num lab de realidade paralela [glo.bo/3WKwFtE], segundo João Cezar de Castro Rocha, da UERJ, onde indivíduos passam a viver em comunidades virtuais… bolhas que realimentam suas crençasparte de uma dissonância cognitiva coletiva e perigosa… com as pessoas consumindo teorias da conspiração potencializadas na midiosfera extremista… participando de um ecossistema de desinformação que opera 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Fluxos de narrativas manipuladas, dirigidas a radicalizar quem, por um lado, está predisposto ao extremismo ou, por outro, é presa fácil para o discurso extremista. Ainda por cima, não há evidência de que contra-narrativas, por melhores, mais bem intencionadas e mais disseminadas que sejam, consigam ser efetivas contra o extremismo [brook.gs/405xwrU]. Estudos mostram que o conceito em si é insuficientemente desenvolvido e carece de base sólida de pesquisa empírica. Como chegamos até aqui? Não foi por acaso. Criou-se, com o tempo, um espaço para tal.

De uma certa forma, se pode reduzir o espaço de narrativas que levam ao extremismo a três dimensões.

  1. Valentin [bit.ly/3XQXo9p]: o futuro era melhor no passado [anos 1920-1930]. A dimensão dos colapsos [bit.ly/3XMRFBl]; do ambiente, dos presentes imaginados, o colapso dos passados, com as histórias recontadas, os heróis depostos, o colapso dos Estados, que não mais dão conta das demandas das pessoas, grupos e populações, colapso da representação [democrática] face à complexidade das sociedades e os limites, muitos, dos aparatos estatais.

  2. Lyotard [bit.ly/3JnkJLm]: o fim das grandes narrativas [1979]. As metanarrativas [como a ciência] foram rebaixadas a só mais uma narrativa e se tornaram abertas à discussão por, literalmente, qualquer um. A noção de verdade científica se tornou aberta ao debate, e o status epistemológico do conhecimento, em termos de credibilidade, passou a depender de legitimação “social”. Tudo são narrativas, cada um e cada grupo pode ter a sua, e cada uma é tão boa quanto qualquer outra. É a dimensão da explosão das narrativas.

  3. Marinetti [bit.ly/3RcWgdQ]: o futuro demanda o descarte dos presentes [1909]. Os futuristas tinham como proposta fundamental a rejeição do passado, dos legados, das formas de civilização estabelecidas; glorificamos a guerra -a única higiene do mundo- o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutivo dos portadores da liberdade, as belas ideias pelas quais vale a pena morrer e o desprezo pela mulher… era parte essencial do ideário. Nada que você não tenha visto recentemente no Brasil, com viés fascista, golpista e genocida, inclusive.

É nesse espaço tridimensional [o espaço de Baudrillard] em que fatos, imaginação e simulações se confundem, tudo pode ser um simulacro e as interpretações e versões são quase infinitas. Um exemplo é a eleição federal, aqui. Escolheu-se questionar apenas o segundo turno presidencial, e nenhum outro cargo ou etapa do processo. Pouco importa o processo, os testes, a participação de universidades e institutos independentes, de professores com suas reputações em jogo, afirmando que no sistema eleitoral o voto em X, na urna, será computado para X na apuração e os diplomados, enfim, terão sido legitimamente escolhidos. Não. Cria-se a narrativa de que os votos parlamentares não têm problemas, mas o voto presidencial no segundo turno sim, a ponto de, num segmento do eleitorado, 68% não acreditar que o candidato que ganhou teve mais votos do que o perdedor [bit.ly/3D8EOBb].

Um universo de agentes tem uma agenda no espaço de Baudrillard. Passa por intensificar uma versão distópica das narrativas, diminuir radicalmente as crenças que as pessoas têm em seja lá o que for e substituí-las por… nada. Em última análise, pelo menos sobre certas facetas da realidade, e para os fins de quem programa indivíduos e grupos em Baudrillard, as pessoas não precisam -e não devem- acreditar em nada. Isso enquanto crêem visceralmente em algum sistema de dominação e programação [cerebral] no qual estão imersos, amarrados por compromissos inquestionáveis. Aí, pessoas podem ser usadas para desestruturar a sociedade, atacar as estruturas de poder, diminuir ou eliminar a representação democrática… e entregar o poder para quem as programa e domina.

A dimensão Valentin da realidade ajuda: a ineficácia e ineficiência do sistema e da representação democrática é muito baixa, e há um grande hiato entre representantes e representados, um colapso pelo menos parcial da representação democrática e dos mecanismos históricos de Estado. O que leva a situações em que se torna fácil construir narrativas alternativas e distópicas, completamente descoladas dos fatos. Como a do resultado eleitoral, só uma, de grande impacto, entre uma miríade de construções retóricas sem noção.

É preciso descobrir como unificar minimamente as narrativas, ao redor das condições essenciais para sobrevivência da sociedade civilizada. O problema é… como?

Segundo Edgar Morin [bit.ly/3wrEHux], o objetivo fundamental de uma educação realmente global, que aspira não só o progresso, mas a sobrevivência da humanidade, é civilizar e unificar a Terra e transformar a espécie humana numa genuína humanidade.

Uma educação que civilize e unifique a Terra. Essa deveria ser nossa aspiração. O problema é… qual a nossa grande estratégia [bit.ly/3swRwoS] para tal? Como vamos -juntos- criar as competências e habilidades para chegar lá, e de onde virão os recursos?…

Se ouvirmos Morin, de novo [e recentemente, em 2020, bit.ly/3ijo9zs]… poucos cientistas leram Popper [sobre teoria da ciência], Bachelard [complexidade do conhecimento] ou Kuhn [ciência como processo descontínuo]. Muitos dos que ignoram esses epistemólogos ainda têm uma perspectiva dogmática do mundo. Não são só cientistas de pouca leitura que têm dogmas sobre o mundo e a sociedade; quase todos os pensadores e políticos têm seu viés [extremo, muitas vezes] e isso não ajuda a resolver o problema da explosão de narrativas e do extremismo, é parte dele… ou, nos casos limites, como no distópico extremismo lunático no Brasil e no mundo, é o problema.

Por isso, este texto não se arvora a propor soluções. Elas devem ser construídas a partir da definição de grandes desafios nacionais [e globais] que resolvam o problema de Morin, civilizar e unificar a Terra e transformar a espécie humana numa genuína humanidade…e demandam estratégias de grande porte e longo prazo para dar conta de sua realização e continuidade.

Mas é possível estabelecer pelo menos algumas direções.

Primeiro, é preciso estudar muito mais detalhada e amplamente as intervenções sociais e cognitivas que minimizam os efeitos da desinformação e descobrir as fundações mínimas para que sistemas de informação social estimulem uma cultura que valorize e promova a verdade [bit.ly/3jaCgfp]. Não se deve descartar a regulação dos sistemas e seus algoritmos, como mecanismo necessário, mas não suficiente, para tal [bit.ly/3Hp2ORR]. E este é um espaço complexo, onde uma mesma regulação pode fomentar uma esfera pública de qualidade e, usada para o mal, servir de mecanismo de censura radical. Mas estamos numa emergência informacional. Advogar liberdade de expressão sem limites [bit.ly/3HJ4hE7, bit.ly/3YcVYpv], incluindo ameaçar, direta e imediatamente, garantias de liberdade de expressão, é indefensável [bit.ly/3kWZsxU], especialmente quando plataformas sociais deixaram de ser meros intermediários na rede [até o fim dos anos 2000, bit.ly/3jl5Cru] e se tornaram porteiros virtuais poderosos, editores de linha de tempo e bases para a distribuição algorítmica de informação [bit.ly/40gU2yg]. É preciso criar e experimentar um repertório de políticas de tratamento de bostejo para plataformas sociais, como parte da evolução de um repertório para conter narrativas distópicas em larga escala [bit.ly/3kXvNoB].

Segundo, deve-se desenvolver estratégias e sistemas para identificar quando o ciclo de vida de fakenews, em qualquer contexto, passa de atividade esporádica e aleatória para esforço organizado e sistemático, se tornando campanhas de desinformação com grande potencial de afetar as escolhas de cidadãos [possivelmente como eleitores] em países inteiros, contaminando a esfera pública e os processos políticos e agir de forma decisiva para conter tais cascatas de bostejo [brook.gs/3JlNOqI]. Proteger a democracia, em particular, deve uma das preocupações centrais aqui… e em tempo real [bit.ly/3wHZe0s, bit.ly/3kZe93S] e este gigantesco problema não pode ser deixado a cargo apenas de empresas e suas plataformas [tcrn.ch/3WQIbUr] .

Terceiro, é preciso fomentar, em toda a sociedade, no sistema educacional e a partir dos primeiros níveis de aprendizado, a capacidade de refletir sobre e responder criticamente ao bostejo. Mais do que uma ferramenta de proteção pessoal e grupal, esta é uma competência democrática essencial. O pensamento analítico, a compreensão crítica do mundo, o papel da linguagem e da comunicação, são essenciais para a educação e cidadania digital e para a alfabetização midiática e informacional [bit.ly/3RdQGI5]. É preciso resgatar a confiança cidadã na mídia nas instituições públicas, na política e nos políticos. Isso não se dará apenas pela mudança das capacidades cidadãs para a vida civilizada, mas tal mudança é parte de um processo muito mais amplo de transformação figital da sociedade, que demanda entendimento profundo e grandes estratégias próprias de Estado [bit.ly/3UPdJtz], sem as quais continuaremos sem entender o caos informacional e porque tratá-lo é essencial para a civilização.

Quarto, é preciso entender que há Estados em guerra digital e social contra os Estados democráticos a se contrapor a tal agressão [https://bit.ly/3Dtl6R0]. A beligerância digital é mais agressiva do que a propaganda analógica na mídia [rádio!] da Guerra Fria, em gênero, número e grau [bit.ly/3HFNJwO, bit.ly/3ja82Ju, n.pr/3HmokHa, bit.ly/40h8N44]. As legislações nacionais sobre espionagem, defesa nacional e proteção “territorial” estão completamente defasadas, assim como as forças de defesa [digitais, sociais], para se contrapor a tais ameaças. As estratégias e forças de segurança cibernética da maioria dos países não considera, nem imagina como tratar [inclusive no Brasil, bit.ly/3wDe0Wl], ameaças digitais à malha social, a cargo de seus próprios cidadãos, guiados por inimigos [difusos], muito mais perigosas e de maior impacto do que ataques à redes de energia, infraestrutura em geral e sequestro de informação. É preciso revisar as estratégias e forças nacionais de segurança figital para enfrentar tais desafios com um mínimo de eficácia, eficiência e economia.

Quinto, e por fim, é preciso entender que o confronto informacional é não linear, seja intra- ou entre países [bit.ly/3XPMbWG], e não pode ser combatido de forma linear.  Métodos não lineares tentam minar a legitimidade do outro lado [um Estado ou suas estruturas] para seus representados, sem uso de força física, e tentam atrasar o embate armado até que a reação adequada aos eventos pareça tarde demais. Não é exatamente original, mas no espaço figital, as dinâmicas são ordens de magnitude mais complexas, mais rápidas e de alcance muito maior [bit.ly/3DrtoZu].

Se os Estados nacionais continuarem a enfrentar as ameaças não lineares linearmente, o futuro será das ameaças, e não dos Estados.

“Para um número cada vez maior de pessoas, plataformas sociais e de pesquisa não são apenas nossa janela para a Internet… [e] ninguém nos diz que a janela está embaçada, sujeita a distorções invisíveis e manipulações [às vezes nada] sutis. Esta é uma oportunidade, uma chance para que os governos assumam um grande e importante problema e provem que a democracia e a inovação podem coexistir. Em alguns casos, os padrões da indústria podem substituir a regulamentação, mas regulamentação deve ser parte da resposta. Todos fazem parte da solução para fortalecer a democracia na era digital e todos –de empresas de tecnologia e seus funcionários a estudantes e cidadãos comuns– devem trabalhar juntos para adaptar velhas instituições e valores a uma nova era da informação. Se não fizermos nada, estou convencido de que as tendências que estamos vendo vão piorar.”

Edição de trechos de um discurso proferido por Barack Obama na Stanford U., 21 de abril de 2022 [stanford.io/3X5gAPL].

Não se pode dizer que a epidemia de bostejo e narrativas distópicas é o maior problema da humanidade. Mas, com segurança, pode-se dizer que a explosão de narrativas, o colapso dos passados e o descarte dos presentes, combinados, estão entre as forças e dimensões que habilitam, empoderam e servem de base para a articulação de todos os tipos de ataques a todas as facetas da humanidade, civilização, ao ambiente e, em particular, à democracia, cujo enfraquecimento interessa a todos que apostam no beneplácito do autoritarismo, na supressão dos direitos humanos, na eliminação dos povos originários, na quebra das regulações ambientais e de proteção aos biomas para a execução de seus mais sórdidos planos.

Uma das características da guerra não linear e assimétrica é que ela não é declarada. Quem guerreia as instituições e a democracia não se declara como tal, e para todos os efeitos nega agir como tal, para ter a condescendência das mesmas instituições que tentam enfraquecer e, em última análise, destruir. Enquanto isso, os cidadãos de bem, a altos brados, exigem que o Estado trate os que o tentam debilitar e aniquilar com a parcimônia que lida com os incapazes na forma da Lei. A história mostra que tal tolerância ao extremismo deveria ser intolerável. É preciso agir. Antes que seja tarde demais.

Se não fizermos nada para reverter o extremismo provocado pelas narrativas distópicas, se não encontrarmos soluções, estou convencido de que as tendências que estamos vendo agora -e suas consequências para a sociedade e a democracia- vão piorar muito no futuro próximo.

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