dados do ibope para julho dão conta de que um terço dos brasileiros têm acesso a alguma forma de internet, seja de casa, escola, trabalho ou lanhouse. pense numa notícia boa. são quase 65 milhões de pessoas, com 16 anos ou mais, que estão na rede de alguma forma. e mais de 40 milhões de pessoas moram em casas que têm algum tipo de conexão à rede.
mas no ano, de julho passado a este, o número de pessoas que efetivamente usou a rede, durante o mês, subiu 10%, de 33 para 36 milhões de pessoas. esta notícia já não é tão boa assim: indica que só um pouco mais da metade de quem poderia estar usando a rede está, de fato, na rede. por que?
não há dúvida alguma que a rede é essencial para tudo o que ocorre na sociedade moderna. se você está lendo este blog, provavelmente depende da rede quase que, digamos, para viver. como se explica que 160 milhões de brasileiros não tenham passado pela rede, minutos que sejam, no mês passado?
aí é onde entra a explicação de augusto gadelha, secretário de política de informática do ministério de ciência e tecnologia, em entrevista ao tele.síntese: Há uma pobreza de conectividade no Brasil, mesmo nas grandes cidades. A Austrália está falando em 100 Mbps, isto já é uma realidade em Tóquio, na Coréia do Sul e em outros lugares. No Brasil, nós estamos sonhando com uma velocidade de 2Mbps, que é muito inferior. Além do que, a velocidade acima de 1 Mbps ainda é muito pouca aqui. Se pensarmos no campo, então ela se torna inexistente. Temos muitas ligações de baixas velocidades. E as próprias ligações que são vendidas como de alta velocidade, na realidade, efetivamente, são de velocidades abaixo de 300 a 400 Kbps.
não é preciso agregar mais nada ao depoimento do secretário. talvez seja necessário, então, perguntar: quando e como, mesmo, é que nós vamos ter, o brasil e os brasileiros, e de verdade, acesso à internet?
enquanto o atual estado de coisas perdurar, vamos continuar sendo campeões em número de horas navegadas: em julho, o brasileiro médio que usou a rede passou 48 horas e 26 minutos online. este blog, há tempos, defende a tese de que isso não ocorre porque queremos, de livre e espontânea vontade, passar tanto tempo na rede, mas acabamos passando porque levamos muito, muito tempo pra fazer, na rede, o que queremos.
clique na figura abaixo para ver um texto deste blog, de um ano atrás, exatamente sobre este assunto. a imagem é de um estudo da universidade de oxford que mostra o brasil no fim de uma lista de 42 países quando o assunto é quantidade, disponibilidade, cobertura e qualidade do acesso à internet em banda larga. e fica a pergunta: quem é que não está fazendo o que deveria fazer, onde, pra que possamos estar, todos, na rede, de verdade?