já faz um tempo que estamos falando sobre o que pode vir a ser o mercado de mobilidade daqui a mil dias, a partir do que o pessoal do gartner group, renomada casa de estudos dos mercados de TICs chamou de… Gartner Identifies the Top 10 Consumer Mobile Applications for 2012, relatório cujo press-release está neste link e que, se você quiser ler na íntegra, pode comprar neste outro aqui [pela bagatela de dois mil e quinhentos dólares].
nas últimas nove edições o blog resumiu os achados do gartner com nossa opinião sobre cada uma das seguintes aplicações, na ordem de importância [como mercado] que lhes foi atribuída no relatório citado acima:
1. transferência de dinheiro usando SMS;
2. serviços baseados em localização;
3. busca móvel;
4. navegação móvel;
5. monitoração móvel de saúde;
6. pagamentos móveis;
7. serviços baseados em comunicação a curta distância;
8. marketing e propaganda móvel e
9. mensagens instantâneas móveis, ou MiM.
pra fechar a série, tratamos hoje da última previsão do gartner, que é…
10: Mobile Music
Mobile music so far has been disappointing — except for ring tones and ring-back tones, which have turned into a multibillion-dollar service. On the other hand, it is unfair to dismiss the value of mobile music, as consumers want music on their phones and to carry it around. We see efforts by various players in coming up with innovative models, such as device or service bundles, to address pricing and usability issues. iTunes makes people pay for music, which shows that a superior user experience does make a difference.
…música móvel. e o gartner já começa dizendo o óbvio: que tal mercado, até agora, não deu em muito exceto por ringtones, os tons que fazem seu celular parecer diferente de outro igualzinho a ele. este mercado vale bilhões, mas talvez não por muito mais tempo; ele já começa a desaquecer, apesar de ser um dos mais ativos entre as categorias de infotainment nos últimos tempos.
também é óbvio que tudo o que transportamos conosco e que puder ser inserido em um celular terá o telemóvel [como dizem os portugueses] como destino. a [vídeo]câmera já foi pra lá, o gravador e o tocador de áudio… o que puder ir vai. e isso vai depender da capacidade do celular, mas não só. disponibilidade dos serviços é um dos condicionantes, assim como [entre outros] a energia disponível para o celular “rodar” tantas coisas. meu celular poderá tudo e mais [mas menos do que eu ainda –sempre- vou querer]; em compensação, vai precisar de uma itaipu portátil pra funcionar… e aí, claro, não dá.
mas vamos ficar, por enquanto, na oportunidade de música móvel que o gartner vê. sobre ela, diriam uns… “já é realidade, é o iTunes”. não, não é. iTunes é parte de um sistema fechado, totalmente controlado pela apple, que consegue extrair uma renda grande e lucrativa no hardware de iPhones e iPods, suficiente para subsidiar um mercado de conteúdo deficitário desde o começo. e isso é um ponto fora da curva, mas tão fora que a apple tem o único mercado sustentado [e não necessariamente sustentável] de música na rede móvel [ou fixa]. por quanto tempo? não se sabe.
mas dá pra prever que a empresa de cupertino não vai perder dez centavos de dólar por música se perder as margens oriundas de seus dispositivos atuais para um novo entrante, o que sempre acontece. o mercado de música intermediado pelas operadoras móveis, no entanto, não é pequeno, como mostra o gráfico abaixo, da iSuppli:
música é a parte verde dos números; comparando com os mais de dez bilhões de dólares de 2008, haveria um crescimento de quase 100% até 2012, o que dá algum suporte adicional à previsão do gartner, mesmo no cenário mostrado pelo gráfico abaixo, que aponta a diminuição da renda total do mercado de música na europa ocidental, feito pela futureSource…
…que leva a números ainda menos alvissareiros quando se compara com vídeo e games no mercado inglês, um dos mais sofisticados espaços de entretenimento do mundo, que pode ser usado como uma previsão de futuro, guardadas as devidas proporções, para o resto do planeta.
o ecossistema de mobilidade é muito complexo e dá sinais de se tornar ainda mais, como você pode ver neste relatório da adobe; neste contexto, o mercado de música tem suas próprias complexidades, ainda mais quando se leva em conta os legados de modelo de negócios e tecnologias. pra ter uma idéia da confusão ao redor da remuneração de copyright nos EUA, clique neste link. é de arrepiar.
mas o resumo da conversa, até aqui, é o seguinte: dentro dos próximos três anos, o mercado de música digital vai dobrar de tamanho e uma parte muito significativa deste crescimento pode ser capturada em mobilidade, especialmente se as operadoras cooperarem, inclusive na construção de modelos sustentáveis de negócio para coisas como spotify, que enfrentam obstáculos de licenciamento de catálogo e fluxos para certas regiões geográficas, como o brasil.
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mas o gartner, por melhor que seja, não é o oráculo de delfos; nem tudo está no seu radar e em nem tudo acerta, quando fala do futuro. o que é apenas normal. quer ver uma coisa que pode ser muito importante no futuro próximo [cortesia de planos de dados a preço fixo por mês]? redes sociais móveis. olhe pro gráfico abaixo…
…de um relatório recente da gpBullhound, que prevê um crescimento do mercado de redes sociais móveis a mais de 50% por ano até o 2012 do gartner. eu aposto muito mais neste nicho de mercado do que [por exemplo] no de música móvel, neste prazo tão curto. pela simples razão de que redes sociais ainda são [mesmo na web fixa] um mercado à procura de suas fontes de renda, que começam a aparecer aqui e ali, ao contrário de música, onde ainda estamos vivendo a transição [dolorosa] do suporte físico para o fluxo [de dados, música como serviço], enquanto estagiamos no download dos arquivos. e pode levar bem mais do que os mil dias até 2012 para completarmos esta transição.
no caso de redes sociais, ainda estamos perto ou abaixo de 10% dos usuários de celulares usando redes sociais, como mostra o histograma abaixo [para EUA e europa], também da gpBullhound.
o espaço para crescer é claramente imenso; e boa parte do crescimento vai ser natural, simplesmente por haver cada vez mais gente usando contas de dados de preço fixo no curto e médio prazos. agora… que redes sociais móveis podem ter um monte de coisas a ver com coisas móveis [música, clips, rádios…], isso tem. é esperar pra ver.