o comitê das olimpíadas de inverno está chamando atenção para um tipo complexo de lixo que começa a assumir proporções gigantescas no planeta: o e-waste, ou lixo eletrônico. e faz isso de forma simples, bela, prática: as medalhas olímpicas são feitas de metal retirado de e-waste.
e-waste é a forma de lixo que mais cresce entre os resíduos sólidos, e não é um tipo simples de detrito: carregado de metais e contaminantes pesados, teria que estar sendo tratado na mesma escala em que vem sendo gerado, ao invés de ser “jogado” em aterros ou depósitos ao ar livre como o mostrado na figura abaixo ou queimado em incineradores.
e-waste contém dezenas de tipos de substâncias perigosas, de tóxicos a cancerígenos. entre elas, estão amerício [radioativo], mercúrio, cádmio e chumbo [contaminantes pesados], berílio, germânio, silício, lítio, níquel, zinco, ouro… que, se abandonadas no ambiente, podem gerar todo tipo de efeito colateral, de contaminação de lençóis freáticos a envenenamento de pessoas e animais. sem falar em coisas como bromina e clorina, usadas nos circuitos como retardantes de chamas [por exemplo], cujos efeitos colaterais são a destruição da camada de ozônio. ou seja, a escala do problema é realmente global.
só nos EUA, estima-se que haja mais de um milhão de toneladas métricas de lixo eletrônico no ambiente. o problema é global e deveria estar sendo regulado por todas as nações, forçando uma política de take back aos fabricantes: fabricou, vendeu? depois de usado e inservível, tem que pegar de volta e dispor [desmontando, reciclando, reutilizando] de forma social e ambientalmente segura. muitas companhias, como a HP, estão anunciando suas próprias políticas mundiais sobre e-waste, mas é preciso fazer muito mais, e muito mais rápido.
isso aumentaria o preço dos eletrônicos? provavelmente sim, mas não muito. e o retorno do investimento seria um planeta mais sustentável e uma vida mais limpa. tá mais do que na hora de pensarmos mais seriamente nestes termos.
as medalhas de vancouver são um bom exemplo. precisamos generalizá-las de tal forma a desarmar uma cadeia de valor que joga tantas coisas perigosas fora, no ambiente ao nosso redor.