algumas semanas atrás, letícia lins [d’o globo, recife] e léa gomes [d’o globo, rio], perguntaram se eu topava “psicografar” thomas edison numa entrevista sobre inovação. o resultado saiu n’o globo, no caderno boa chance do dia 27/07/2008 e as minhas respostas estão abaixo, na íntegra.
como edison está muito bem documentado, até que não é difícil saber o que ele pensava sobre seu tempo. psicografá-lo, nos dias de hoje, é um exercício mais complexo e arriscado, e eu não me arvoro a dizer que disse, abaixo, o que ele teria dito… mas o que eu acho que ele diria. até porque não fiz nenhuma conexão, psíquica ou de qualquer outro tipo, com o grande inovador.
1. Com pouco mais de seis anos o senhor foi convidado a se retirar da escola. Seu professor afirmava que o senhor perguntava demais. Nunca mais o senhor retornou à sala de aula e foi educado pela mãe. Só estudava o que lhe interessava, criando laboratórios onde fosse possível. O que o senhor diria hoje do papel das escolae das universidades? Mudou muito, flexibilizou,? O corpo acadêmico ainda fica trancado em uma torre de marfim como o velho padre Engle, que preferiu não enxergar a genialidade do aluno ou está mais aberto a novas propostas? Enfim, o que ficou mais importante no papel das escolas, das universidades?
As escolas continuam quase iguais. Se o objetivo das escolas fosse a criação de verdadeiras oportunidades de aprendizado, não haveria nenhuma razão pela qual os melhores alunos de cada sala não chegassem às 07:30h e fossem embora às 08:30h. No restante da manhã ou tarde, os alunos ficam presos num quartel escolar, sendo amestrados para demonstrar um comportamento social aceitável. Coisa parecida ocorre nas universidades… onde a vasta maioria dos estudantes é treinada para responder questões e não para fazer perguntas.
2. Depois que saiu da escola, o senhor mergulhou na sua ciência. Ainda menino, instalava seus laboratórios, provocou alguns incêndios. Chegou a incendiar um vagão com uma de suas experiências. O risco é necessário, tanto nas descobertas quanto nos negócios? Até que ponto o risco é tolerável, para que o fim justifique os meios no mundo de hoje?
O risco é a diferença entre o que se sabe e o que se quer fazer, quando não se tem, para preencher o vazio entre os dois, uma boa teoria. Na prática, no mundo real, para os negócios, mesmo as boas teorias são muito falhas e explicam muito pouco do que pode -ou vai- acontecer. Ao mesmo tempo, estamos aprendendo o tempo todo e o que é risco hoje -se aprendemos com nossos erros- é certeza amanhã. Mas o risco tem que ser tratado de forma natural por quem o toma; aventurar-se, em qualquer época, é uma ciência e uma arte… o risco é tolerável quando o entendemos tanto quanto possível, com o conhecimento que temos quando começamos a aventura.
3. Para não dormir no trabalho noturno, o senhor inventou um sistema elétrico que, de hora em hora, fazia soar um sinal. Também por conta dos ratos de sua pensão, inventou uma ratoeira elétrica. Depois, veio a luz. Que solução o senhor gostaria de inventar para que problema da humanidade em pleno século XXI?
O entendimento que temos da humanidade, hoje, é muito mais sofisticado do que no meu tempo… a humanidade se tornou realmente global. Mas o principal problema talvez continue sendo parecido com o da minha época: como gerar energia limpa para o mundo, todo o mundo? Se não conseguirmos fazer isso de forma segura, renovável, sustentável, o futuro da vida no planeta estará severamente ameaçado, e as conseqüências mais graves serão para os mais fracos. E nenhum mundo é sustentável quando separado entre fortes e fracos.
4. Hoje o excesso de tecnologia se, por um lado, facilita a vida do homem, por outro, provoca nesse mesmo homem um grande estresse. É o computador que quebra, a banda larga que não funciona em alguns lugares, o sinal do telefone que não funciona ou funciona mal, o excesso de informações. Ou seja, qual o grande remédio para esse tipo de estresse?
Precisamos separar as coisas. Há tecnologias e produtos estabelecidos, que têm alto grau de confiabilidade e dos quais podemos depender (quase) sempre, como eletricidade. Mas eletricidade está aí há um século, pelo menos. E levou muitas décadas para chegar onde está, para ser uma infra-estrutura estável. Nós usamos, o tempo todo, muitos produtos e processos que melhoram muito a nossa qualidade de vida… quando funcionam. A solução, para mim, é saber disso. Entender quais são os limites das tecnologias e saber quando depender delas.
5. De todas as inovações que temos hoje, qual a que lhe surpreende mais?
Vacinas são inovações impressionantes, de grande impacto para a vida na Terra. Biotecnologia e genética, satélites, viagens espaciais, robôs e fibras óticas também são. E na base de quase tudo, hoje, a internet é uma inovação fantástica; a forma como foi construída e funciona é simplesmente genial. Pensar em uma rede global baseada em protocolos de comunicação de melhor esforço, que tentam, mas não garantem, entregar informação… mudou tudo. A internet está mudando o mundo como poucas outras inovações o fizeram.
6. O Menlo Park – aquele laboratório que o senhor, já famoso, fundou na cidade de Menlo Park, em 1876 – tem alguma semelhança comos grandes centros de pesquisa de hoje? As idéias têm chances tanto quanto no seu tempo de se materializarem para ganhar o mercado? Como o senhor vê o Vale do Silício? Se o senhor desembarcasse em alguns locais da Índia ou do Brasil, como Pernambuco, ficaria surpreso com o que se faz em tecnologia da informação nesses países?
Meu laboratório, como todos da época, era um centro, um ponto focal. A importância relativa destes "centros de conhecimento" tende a ser muito menor em um mundo conectado; claro que eles ainda são relevantes… veja o CERN e seu LHC. O LHC é o maior instrumento de pesquisa do mundo, possibilita estudar a origem do universo, e é compartilhado por cientistas de todo o planeta. Na prática, ninguém precisa ir ou estar lá para desenhar um experimento, fazê-lo acontecer ou analisar suas conseqüências. A web, aliás, foi criada a partir do CERN, originalmente como meio de distribuição e visualização de dados gerados no centro… Grandes descobertas serão feitas de forma cada vez mais distribuídas; já as inovações importantes continuarão sendo feitas dentro das economias que fomentam o processo criativo/destrutivo como forma consciente e constante de aumento de competitividade. Descobertas são uma atividade intelectual, talvez em grupo, distribuído. Inovação é um processo econômico, dentro de sistemas territoriais no mais das vezes… Um destes sistemas, e o mais produtivo deles, é o Vale do Silício, uma espécie de Menlo Park aberto, com muito mais agentes, dos mais variados tipos, conectados globalmente. Por isso que é o que é.
7. Ao senhor são atribuídas mais de 1 mil 300 patentes, algumas de autoria polêmica, é verdade. Mas todas atribuídas ao senhor. Quais delas mais contribuíram para a tecnologia do século XXI?
A lâmpada incandescente ainda é fundamental até hoje. Está na hora dela sair de cena, pois já temos métodos, processos e tecnologia para produzir luz artificial de forma muito mais econômica (e sustentável). O telégrafo foi um dos fundamentos do sistema global de comunicações durante décadas, um marco na economia mundial. Os sistemas de distribuição de energia em que trabalhei foram essenciais nas primeiras redes elétricas… e há o cinescópio, o fonógrafo, os cilindros de gravação e os discos, invenções não só minhas, mas de uma rede muito grande de engenheiros, que tornaram realidade a indústria da imagem e do som… por muito tempo. As invenções têm seu tempo.
8. Seus inventos, tiveram, também, papel determinante na indústria do cinema. Como o senhor vê, hoje, o cinema digital?. Nos tempos do seu cinescópio, do ditafone, do do seu microfone de grânulos de carvão o senhor imaginaria que a tecnologia da indústria do cinema chegase a esse ponto?
Vejo com naturalidade o cinema e a música digital. Desde que Shannon, em sua "Teoria da Comunicação", estabeleceu de forma brilhante as bases teóricas para a digitalização da informação, foi criada a infra-estrutura para que chegássemos até aqui. Eu trabalhei sobre as construções de Maxwell e outros e agora se trabalha sobre o que Shannon, Turing e outros fizerem. Note como isso leva tempo: os princípios de Turing para computação são da década de 30, os de Shannon para comunicação são dos anos 40, os princípios da internet são de 1968 (por Kleinrock, na UCLA) e a internet comercial é do meio da década de 90. E só agora está se globalizando pra valer… e destruindo a indústria do som e imagem do meu tempo e criando outra. Se eu pudesse, estaria fazendo parte desta recriação, sem dúvida.
9. Ao ser indagado certa vez por um funcionário sobre as regras no seu laboratório, o senhor respondeu: "Não há regras aqui. Estamos tentando criar alguma coisa nova". Cem anos depois, a idéia da criatividade começa a ganhar espaço nas corporações. Em uma grande empresa, portanto, o que o senhor aconselharia: a regra ou o risco? Até onde deve haver limite para a inovação ou ela não pode ter limite?
Na verdade, há regras. Sempre há regras. Não se chega a muitos lugares em meio ao mais abjeto caos. O que eu quis dizer é que se alguma regra está no caminho da solução de um problema, da criatividade, reescreva a regra para que seja possível fazer o que tem que ser feito. A maioria das instituições, no entanto, é administrada através de regras petrificadas e um sistema de comando-e-controle de banda estreita, coisa que nem os exércitos modernos fazem mais. O resultado é o emburrecimento das empresas, dos negócios, do governo… para atender os desejos e demandas dos feitores e ordenadores de regras. Nas empresas, a inovação não tem limites; crie o ambiente e os processos para que as regras possam ser disputadas e reescritas e não haverá limites (mesmo havendo, entende?).
10. Do pouco que conhece do Brasil, o senhor acha que somos criativos e que, por isso, teríamos condições especiais para sermos inovadores?
Não acho que os brasileiros sejam especiais em relação a qualquer outro povo. Vocês, brasileiros, precisam olhar o mundo ao redor, entender que a é competição global e aprender como funcionar dentro de um mundo conectado. Pelo que sei, o Brasil é um dos mais burocráticos entre os grandes países. Sua política e sua legislação parecem, certas horas, estar um século atrasadas em relação ao mundo atual. Sua legislação trabalhista, por exemplo, faz com que o Estado tutele, por completo, as relações de trabalho. Num mundo de conhecimento, onde o trabalho está passando a ser intelectual, onde a própria noção de hora e local de trabalho perde o sentido, onde as corporações estão se reorganizando ao redor de novas formas de trabalho, o Brasil tem que pensar em reescrever boa parte de suas regras. Até para realizar seu potencial. E há, claro, o problema de educação… pois criatividade é algo exercido sobre conhecimento. Nào há como ser criativo (e economicamente relevante) sendo iletrado e sem entender a ciência e tecnologia dos últimos séculos. O Brasil, para ser mais criativo e inovar mais, precisa se educar muito mais e melhor.
11. Recentemente em uma enquete feita pelo Click, em o Globo, Thomas Edison foi apontado pela maioria dos internautas como o nome mais associado à idéia de inovação (43,9 por cento dos votos), ganhando disparado dos inventores ou criadores do telefone, da Apple, do Google. Sem falsa modéstia, como o senhor se sente, sendo tão lembrado tanto tempo e tantas tecnologias depois?
A audiência foi muito gentil comigo, considerando tudo o que aconteceu nas últimas décadas. Se sirvo como exemplo, gostaria de tentar levar todos a refletirem sobre duas frases minhas que tomaram vida própria. A primeira é “Se todos nós fizéssemos as coisas de que somos capazes, ficaríamos espantados conosco mesmos.” Ou seja, todos podemos fazer muito mais do que achamos que podemos. É só se preparar e arriscar. E a outra é "A genialidade é 1% de inspiração e 99% de transpiração". Não adianta ficar parado tendo idéias. Elas levam a muito pouco. Tem que se levantar, suar e fazer. Ah… e seu eu pudesse arriscar uma terceira, seria… "Nunca trabalhei um dia da minha vida. Foi tudo diversão." Quando se faz o que se gosta e se quer, tudo é diversão… procure sempre fazer algo de que você gosta muito e tudo será muito mais bem feito.
12. O que mais lhe atrai, a prospecção do petróleo ou a produção de etanol? Se etanol, qual o que o senhor prefere, o de cana-de-açúcar ou ou o de milho?
Esta pergunta nos leva de volta às energias renováveis. Petróleo e etanol são fontes muito primárias de energia, relacionadas ao motor de combustão, que eu espero que esteja em suas últimas décadas. Tanto o petróleo e as fontes de biocombustíveis são muito mais preciosas como fontes de hidrocarbonetos essenciais do que para serem queimados como combustível. Motores elétricos, entre outras tecnologias, vão ser muito mais importantes do que os velhos e sujos propulsores que usamos hoje. Eu trabalhei muito com baterias e sei que as baterias estão progredindo a passos largos. Vamos ver muito mais disso nas próximas décadas. E esta história de hidrocarbonetos combustíveis… bem, será história.
13. Como vê a Internet? E o Google? Dá para imaginar o mundo, hoje, em pleno século XXI, sem essas ferramentas?
A internet e suas ferramentas, como já disse, são fantásticas. Toda vez que alguma infra-estrutura tecnológica se dissemina a ponto de contaminar o comportamento de muita gente, ela se torna um tipo de evolução (quase descontínua) não-biológica da espécie e nós não conseguimos mais imaginar como vivíamos sem ela. Foi o mesmo para eletricidade e lâmpada incandescente, não foi? Eu estava lá, no centro dos acontecimentos… depois que começou a funcionar a contento, não tinha mais como viver sem os dois…
14. Sente saudade daqueles tempos em que o senhor inventou um indicador automático de cotações da bolsa de valores e vendeu por US$40 mil dólares? Como se sente hoje vendo os serviços bancários, financeiros, totalmente informatizados?
Cada tempo com seus inventos e inovações. No meu tempo, havia muito pouca infra-estrutura de conhecimento pronta, transformada em base para se criar novos negócios. A internet, hoje, é uma imensa e muito variada plataforma de programação… sobre a qual podemos desenvolver todo tipo de aplicações. Ainda vamos ver muito mais do que estamos vendo hoje, pois ainda há muitas regras a serem quebradas… Me disseram, um dia destes, que os bancos (aí no Brasil) ainda não conseguem funcionar, na rede, de forma contínua. A internet transacional dos bancos tem que "fechar" uma vez por dia para que todas as informações daquele dia sejam consolidadas! Ora, isso significa que pelo menos parte dos sistemas está em "batch", como se ainda continuasse rodando em cartões perfurados… As inovações, mesmo a internet, não apagam todo o passado de uma vez, como se vê. Ainda vai levar tempo para o sistema financeiro funcionar 24h/dia, como deveria ser. Ainda estamos no comecinho… Ah! E quem trabalha (e se diverte) com inovação, como eu, não sente saudade, imagina futuros possíveis. Os tempos que perdi estão para a frente, e não para trás…
15. Outra coisa, é fácil ficar rico com um invento no século XXI?
Nunca foi fácil ficar rico com um invento. Inventos que dão certo são soluções que, de várias formas, são inseridas em cadeias de valores existentes ou criam novas cadeias. O "inventor" não percebe, às vezes, qual será a dificuldade de um "invento" penetrar na economia e sociedade, e passará a vita toda lutando contra moinhos de vento, em batalhas e guerras perdidas. Certos e poucos "inventos" se transformarão em inovação por acaso, por que era sua hora. E a quase totalidade dos "inventos" demanda um trabalho gigantesco, e muito investimento, para se tornar uma realidade econômica. Em alguns poucos casos, têm-se a impressão de que o "inventor" ficou rico quase sem fazer nada. Quem pensar que é assim… é melhor procurar algum trabalho burocrático para fazer. A vida de quem trabalha com inovação é muito mais difícil (e muito mais divertida, como eu já disse).
16. Qual o perfil que o senhor considera mais a adequado para o executivo de hoje?
O executivo que deu certo, sempre, foi o flexível, o aprendiz, quase um estagiário no posto mais alto de sua empresa… O bom executivo está preparado para aprender sempre, para não ter dogmas, para entender o mercado e as horas de ir e vir, de pressionar e aceitar pressões, de recuar quando é preciso. O bom executivo é o que sabe que as coisas -na sua empresa e na vida- não são feitas de alguma forma: elas ESTÃO SENDO feitas daquela forma, por enquanto, até que a regra seja reescrita…
17. Dizem que as empresas brasileiras investem pouco em inovação porque não querem se arriscar. O que o senhor poderia dizer a empresas, profissionais, às pessoas, mesmo, sobre a necessidade (ou não) de se arriscar? Como pessoa jurídica e na física mesmo: por que inovar?
Vamos aos fatos. Inovação é um processo embutido na economia; a economia brasileira ainda é uma das mais fechadas do planeta; as empresas que fabricam aqui -via de regra- têm muito pouca competição de fora e competem muito pouco lá fora; a taxa de retorno dos investimentos financeiros puros (letras do tesouro, por exemplo) é uma das mais altas do mundo… Isso tudo (e a burocracia, e o que vocês chamam de "custo Brasil") faz com que seja muito mais arriscado investir em inovação no Brasil do que em boa parte da Europa, EUA, China, Japão, Coréia, Índia… Ninguém inova porque acha bonito, mas porque tem uma possibilidade de retorno que remunera o risco. Inovação, hoje, depende tanto de capital inteligente e conectado, capaz de inserir novas tecnologias nos processos, serviços e produtos, do que das próprias tecnologias. Ou mais.
18. O senhor faz parte do grupo de pessoas que acha que inovação é apenas uma questão tecnológica, de pesquisa e desenvolvimento? Ou das que pensam que inovação está relacionada à mudança de comportamento de produtores e consumidores?
Minha primeira invenção, uma máquina de votar elétrica, foi um fracasso. Isso me levou a pensar muito mais seriamente no uso das invenções do que nas invenções em si. A partir daí, tratei da economia de tudo que fiz. Prova disso é o desenvolvimento da lâmpada incandescente; eu não "inventei" a lâmpada elétrica, eu "desenvolvi" um sistema de iluminação artificial baseado em eletricidade e lâmpadas incandescentes que era economicamente viável, capaz de competir com a iluminação a gás e, eventualmente, ultrapassá-la de forma definitiva. Inovação é, como Drucker veio a dizer muito bem e muito depois do que eu fiz, mudança de comportamento de fornecedores e consumidores, no mercado.
19. Por fim, a economia criativa é moda ou veio para ficar?
No meu tempo, no meu laboratório, a economia já era criativa. E isso não é daquela época. O que diferencia os homens dos outros animais é que somos criativos. O que vemos hoje é uma percepção e valorização cada vez maior da criatividade… mas sempre fomos criativos. A economia criativa veio para ficar… há alguns milhões de anos.
pra completar, léa perguntou se eu concordava com edison [nos termos e respostas gerais de “sua”entrevista]… e eu disse que:
Eu concordo com Edison ipsis litteris. À falta, à época, de melhor denominação, ele era "inventor". A maioria dos inventores tem idéias fora de contexto, mesmo que algumas idéias sejam geniais; mas a energia que precisa ser dispendida para fazê-las funcionar, no mercado, não é parte das competências do seu criador. O resultado é que um sem-número de idéias (e projetos e protótipos completos) fica nas prateleiras, esperando o… nada. A Universidade (de pesquisa) brasileira já foi quase que totalmente dominada por gênios sem contexto e tecnologias sem cliente. Da lei de Inovação para cá, passou a ser imaginável que a economia tenha alguma relação com a Universidade e suas competências, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até que, primeiro, haja mais cientistas e engenheiros nas empresas do que nas universidades e, depois, o Brasil esteja competindo seriamente, na escala de sua economia, no cenário mundial, para podermos competir, por sua vez, em inovação. E vice-versa.