em laranja, na imagem abaixo, o tráfego global móvel, a cada trimestre, por mês, de voz. em vermelho, o tráfego de dados. tudo em petabytes por mês.
pra começar, se você não sabe que voz, nas redes móveis, é transferida como dados, fique sabendo. é até por isso que dá pra comparar o "volume de dados correspondente a chamadas telefônicas clássicas" com o "volume de dados de todas as outras coisas" [incluindo voz em skype, por exemplo].
o volume de dados móveis ultrapassou o de voz no fim de 2009 e já era o dobro no começo de 2011. e isso só está começando. observe a imagem abaixo e veja quais são as previsões da ericsson [neste relatório] para o crescimento do número de conexões e de banda larga móveis nos próximos cinco anos.
estamos falando de 8 bilhões de conexões móveis em 2016, quase 5 bilhões delas com acesso a banda larga móvel. a curva amarela, avançando muito rapidamente na direção da verde e se encontrando com ela perto do fim da década ou no começo da próxima, parece mostrar que todos os sistemas de informação pessoais, conectados e móveis, serão em essência digitais. é mais ou menos por aí, também, que a ideia de "pacote de minutos de voz" das operadoras vai deixar de fazer qualquer sentido, levando consigo, talvez, uma noção criada em 1879/1880 por um médico americano, o número telefônico. apesar de você precisar dele ainda hoje, para usar um sistema de voz digital que independente totalmente da "voz, na operadora", como viber.
quem já tem esta conectividade digital pessoal móvel… como usa?
metade das pessoas usa dados nos smartphones antes de dormir e quase 40% assim que acorda; a hora mais "calma" do dia é o jantar, onde parece que as pessoas se encontram e, sem uma maior mediação informatizada… conversam de verdade, talvez sobre a [péssima, no caso do brasil] qualidade das infraestruturas de banda larga móvel. e os picos de uso são na ida para o trabalho [nos transportes públicos, principalmente] e tarde da noite, talvez [quase certo, veja o gráfico abaixo, deste outro texto] vendo TV.
a mudança de comportamento embutida na ubiquidade dos smartphones e tablets é radical. o autor e cristina coghi discutiram parte do impacto deste aumento de conectividade no fim de junho, na CBN, neste link [em áudio].
veja o relatório da ericsson e pense nas oportunidades. em particular, imagine um mercado em que o número de participantes vai crescer cinco vezes em cinco anos. e isso a partir de um patamar de quase um bilhão de usuários. estamos falando –na prática- de universalização de banda larga móvel na próxima meia década. muito provavelmente, haverá consequências em quase todos os mercados, de varejo a logística, de educação a saúde, de mobilidade a entretenimento.
e você, vai fazer o que? e nós, em todo o brasil, temos que grandes ideias e capacidade de execução para dar conta de que nichos deste gigantesco e multibilionário mercado global?… dos cinco bilhões de usuários de banda larga móvel de 2016, quantos estarão usando soluções e aplicações brasileiras no seu dia-a-dia, pra trabalhar ou se divertir?
o brasil quer quase 50% das exportações mundiais de carnes em 2020. seria muito pensar em 5% dos usuários de banda larga móvel usando pelo menos um serviço ou aplicação móvel made in brazil em 2016 [ou 2020]? isso daria uns 250 milhões de pessoas. numa conta de padaria, se o ticket médio por usuário fosse US$10 por ano, seriam US$2.5 bilhões de dólares do lado certo da balança comercial de TICs, que este ano será deficitária em quase US$40 bilhões [US$33.4B em hardware e perto de US$5B em software, assumindo um crescimento de 20% sobre 2010]. vale a pena observar que as exportações de software made in brazil por empresas de capital brasileiro não chegam a US$250 milhões, perto de 10% do total exportado pelo país..
o tamanho da oportunidade móvel é imenso. quem estiver perto do setor tem que pensar nisso. e no mercado global. e nos próximos cinco, dez anos, pelo menos. quem apostar, verá.