…euros, em portugal, em quatro operadoras diferentes, à sua escolha. e se você achar pouco, pode contratar 400 megabit por segundo a 91.99 euros [incluindo ligações gratuitas para 16 países]. se achar muito, pode optar por pobres 30 Mbps, que certamente esconderá dos vizinhos, amigos, colegas de trabalho e família, pelos quais pagará parcos 31.99 euros, pacote que inclui tantos minutos quantos se possa usar de ligações telefônicas nacionais.
cada euro vale 2.48 reais, hoje. pegue seu plano brasileiro e faça as contas. leve em conta que portugal é um dos menores mercados de telecom e internet do mundo. lembre que o país e população tem tamanho similar a pernambuco [um dos menores estados do brasil] e sua maior região metropolitana tem quase um e meio milhão de habitantes a menos que a região metropolitana do recife.
levando em conta as diferenças de renda e sua distribuição [PIB RMR, R$13.593; lisboa, €26.100], era de se supor que nossos provedores tivessem pelo menos uma oferta paritária nas principais regiões do país. se o PIB per capita lisboeta é cerca de cinco vezes o de recife, uma conta de padaria nos levaria a supor que 30 Mbps [menos de 1/10 do máximo de lisboa…] deveria estar disponível para qualquer um que quisesse e pudesse pagar, em recife, em qualquer lugar. por quanto? quanto você pagaria por 30 Mbps no brasil, mesmo sem os 100 canais de TV e ligações nacionais ilimitadas?… R$119,11? com as restrições, sem ligações e canais de TV, isso é bem mais do que em lisboa… e não está disponível em quase lugar nenhum em grandes cidades brasileiras como recife, salvador e rio de janeiro.
a verdade é que estamos desconectados. o brasil está fora do mundo digital. os custos para conectar uma casa à web, no país, são absurdos. isso se a conexão fosse possível, o que normalmente não é. nas empresas, o problema é ainda mais grave, pois ainda menos regiões das grandes cidades são cobertas por fibras óticas e, nas cidades pequenas, nem pensar.
resultado? a falta de infraestrutura nacional para conectividade soma-se às outras todas, das estradas e buracos ao esgoto e à falta de tratamento, sem falar da [falta de] água. isso não pode ser um mero acaso: resulta da monumental incompetência nacional para planejar, decidir e investir, que pode resultar, no muito longo prazo, num insuperável custo brasil de vastas consequências para a competitividade do país e, como implicação, na baixa qualidade de vida de seu povo.
tomara que, lá na frente, não botem –como sempre- a culpa em portugal. passo a passo, eles estão fazendo o dever de casa. e nós, quase certamente, não.