Acabou no rio de janeiro o sustainable brands rio 2013, onde um monte de gente boa estava discutindo conceitos e exemplos associados a marcas e sustentabilidade. na sessão tendências e direções, o blog tentou entender o que é uma marca [que é o primeiro post desta conversa] e o que é sustentabilidade. podem parecer perguntas com respostas óbvias, mas não são. imagine o que você acha que é uma marca e vá ver o que a gente disse que é no primeiro post desta série. e sinta-se à vontade pra discordar, porque você provavelmente tem uma definição bem mais apropriada. a pergunta de hoje é… o que é sustentabilidade?
a resposta deveria ser óbvia. mas não é: em um estudo publicado no journal of cleaner production [a cross-national comparison of sustainability in the wine industry, neste link] a pergunta foi feita a 55 produtores de vinho de 7 países e, como retorno, houve 55 respostas diferentes. uma para cada produtor. todas, de alguma forma, articulavam alguma forma de respeito mútuo pela prosperidade do negócio, pelo planeta [ou ambiente, incluindo o de produção] e pelas pessoas ou, mais vagamente, pela sociedade e suas instituições.
talvez a gente pudesse sintetizar que a sustentabilidade de um negócio depende, no mínimo, da performance nos fundamentos do negócio propriamente dito e nos condicionantes ambientais e sociais que definem seu contexto. a sustentabilidade, então, deve ser avaliada como uma performance, parte de um sistema. é isso que o slide abaixo, do debate no SBRio2013, quer mostrar. note que onde há profit, o lucro, na nomenclatura internacional, fala-se de prosperidade em português. fica mais fácil, mas não necessariamente é a tradução apropriada em todo contexto. os termos vêm da noção de triple bottom line, do que deveriam ser os fundamentos equilibrados para performance de negócios, enunciados por elkington em 1994.![]()
prosperidade é uma propriedade que tem que ser tratada, em qualquer negócio, no longo prazo. ser lucrativo hoje e sofrer uma multa do tamanho do mundo amanhã, por jogar rejeitos tóxicos no arroio ao lado da fábrica, não passa no crivo. cuidar do planeta e das pessoas tem a mesma condicionante temporal: fingir-se de verde plantando umas árvores só pra fazer propaganda na TV… não dá; tentar fazer com que pessoas comprem mais do que podem [ou, mais radicalmente, devem] só para você atingir as metas de crescimento e lucratividade [juntas, as duas querem dizer prosperidade?…] não é, no mínimo, do bem. o que põe em xeque uma boa parte da indústria de gadgets, que tenta viciar consumidores na compra pra ter, porque se alguém tem, você teria que ter também…
então… onde é que um brand está em relação à performance que o sustenta?…
a resposta é uma longa história, mas o resumo em um parágrafo é o seguinte: dada uma performance, no tempo, e um conjunto de ações informacionais associados à marca [o marketing é só parte da história; educação sobre a marca pode ser muito mais relevante, em muitos casos], que obedecem a uma certa ética e sofrem, hoje, os efeitos de rede de forma muito mais intensa do que antes da internet, há atores, no mercado [isso não quer dizer só consumidores…] que vão construir, de forma dinâmica, a reputação associada à performance em questão e isso, ao fim do dia, é o que vai ser o tal do brand que a gente estava tentando definir.
resultado? em mercados [inclusive de conversações] em rede, o que define brands são as suas redes. uma forma de entender os mercados de forma abstrata é o que mostramos no slide abaixo, relacionando a estrutura [medida quantitativamente] e a conjuntura das redes, que é avaliada de forma qualitativa. a estrutura de uma rede social é definida por conexões, relacionamentos e interações; a conjuntura é, sobre tal plataforma, o processo de criação e troca de significados e a construção de conhecimento na rede.
aqui a gente chegou onde queria: marcas, hoje, são conversações em rede. e cada marca depende cada vez mais dos atores que não detém sua propriedade formal. marcas são performances em rede, e sua sustentabilidade depende disso como a nossa vida, na terra, de água. um efeito colateral das marcas serem conversações [ou performances, contínuas, de atores em rede] é a dificuldade cada vez maior de distinguir as ações de branding de serviços ou produtos. o slide abaixo diz isso e mais: marcas são serviços em tempo real. se você pensa que faz um produto… não faz não: em rede, seu produto são as conversas sobre ele, e ele se torna um serviço, fora de seu alcance, inclusive, se você não participar, ativamente, das conversas…
mas o que é uma marca sustentável? ou, mais radicalmente, a sustentabilidade de uma marca depende do que? como se chega lá?… este é o assunto de amanhã. e, se tudo correr bem, do último post desta pequena série. até lá.



































































