líderes são agentes que fazem contribuições vitais para o sucesso [e sobrevivência] das organizações de que fazem parte. líderes desenham políticas, estratégias e determinam ou aprovam táticas e operações e as estruturas que vão dar conta delas nas instituições. líderes identificam [ou criam] oportunidades e mobilizam recursos, dentro e fora do grupo, para aproveitá-las. líderes são essenciais no lançamento e sustentação de novos processos, programas, produtos, serviços. líderes motivam e engajam pessoas, dentro e fora de suas organizações, são os responsáveis últimos pelo processo de criação e evolução dos times que fazem o negócio existir, e são parte crítica da marca e reputação associada à organização. e a longa lista do papel das lideranças não acaba neste parágrafo, claro. de mais de uma forma, percebemos os papéis dos líderes no dia a dia de nossas organizações, isso quando elas têm, de fato, um líder… e não, meramente, um proprietário ou ocupante de “cargo de mando ou chefia”.
se um líder tem que fazer tudo [e muito mais] do que listamos no parágrafo acima, o que é que faz um líder? um estudo publicado na revista leader to leader, entrevistando 25 líderes de empresas globais de faturamento bilionário, tenta descobrir quais são as principais características de lideranças empresariais de grande sucesso, e isso na opinião dos próprios. o resultado é uma leitura muito interessante pra quem quer vir a liderar um grande negócio, talvez um novo negócio inovador de crescimento empreendedor, ainda por cima no brasil, este lugar tão difícil da gente criar coisas verdadeiramente novas e que crescem muito rápido.
os autores do estudo [The Six Competencies of a CEO, neste link, grátis] fizeram uma só pergunta aos CEOs de megaempresas globais: o que um líder [de negócios] precisa fazer bem para ser eficaz? os entrevistados deram 178 ideias e fizeram 442 comentários sobre a pergunta e a análise de tal conversação levou os autores a concluir que há apenas 6 competências essenciais para liderar um startup ou um grande negócio [quem sabe… um país?]. e não são –pela ordem- as que a gente, vendo de longe, espera dos líderes, via de regra. é comum se imaginar que um líder, pra começar, deve ser inteligente e ambicioso, um gênio que quer dominar o mundo. sabe que estas duas características tiveram, cada uma, menos de 2% de citações nas mais de 600 intervenções dos CEOs? pois é, e estão na mesma classe de educação e humildade.
sabe o que se sobressai –nas respostas de quem chega lá- e parece que são os elementos essenciais para estar à frente de um grande empreendimento? no princípio, acima de tudo, auto-conhecimento: quem é você, que limites você tem, que possibilidades, o que você consegue [ou não] fazer, quer [ou não] aprender? e acreditar em seus instintos básicos, numa voz interior, quase que saber pra onde ir, o que decidir, antes de um problema aparecer, baseado em seus valores e na honestidade consigo mesmo parece que é parte do auto-conhecimento e consciência básica dos líderes.
o segundo princípio que norteia todos os grandes executivos é uma bússola moral: honestidade, integridade e credibilidade, escorados em princípios e padrões elevados, base para o processo de entendimento do mundo e dos negócios e tomada de decisões. líderes, acima de tudo, fazem escolhas; criar estratégias é fazer escolhas; escolher certo, sem titubear quanto às bases morais [e éticas] que deveriam habilitar os processos de tomada de decisão é premissa fundamental para a liderança. uma bússola moral é o que salva o líder [e todos nós] das roubadas [no curto prazo] e nos sustenta, como pessoas e negócios, no longo prazo.
o terceiro ponto em comum entre os grandes líderes é saber ouvir. mais de 3/4 dos líderes que participaram do estudo disseram que saber ouvir é parte essencial da estrutura de um líder; se você não ouve, dificilmente conseguirá desenvolver relacionamentos fortes e duradouros, que dependem de comunicação e interação real. sem ouvir, como identificar pessoas em quem confiar, que podem ser, inclusive, líderes eles próprios? ouvir é mais do que ouvir pessoas, claro; é escutar o ambiente, entender os sinais fracos, montar redes para tal. sem isso, não é que você será surpreendido pelo futuro… mas sim pelo presente.
o quatro traço de um líder de sucesso é a capacidade de julgar e tomar decisões: sem isso, não há líder; mas tais capacidades são necessárias [você não pode viver sem elas] mas não suficientes [elas não são tudo]. julgar envolve enfrentar os problemas de frente, entendê-los sob múltiplos pontos de vista, sistematizar e sintetizar as opções e decidir de forma que a rede que executará a decisão entenda e respeite o processo e alternativa, sem o que não haverá nem lideranças nem liderados.
a penúltima característica essencial dos líderes é a persuasão: comunicar [e fazer entender] as estratégias e as decisões, muito além da superfície dos comunicados oficiais e do endomarketing das instituições. isso depende de visão [de mundo e do negócio], de articulação [com as pessoas, dentro e fora do negócio], de motivação e inspiração [sua, pra provocar a de seus pares]. pense numa bronca. coisa de gente grande, de muito poucos.
sobre o último traço comum aos grandes líderes, é bom lembrar uma frase de churchill sobre o ciclo tentar, errar e aprender; o grande líder inglês dizia que nenhum sucesso é final, nenhum fracasso é fatal; o que vale é a coragem de continuar. o nome dessa qualidade é tenacidade: sejam quais forem os desafios e percalços, e independente dos erros e sucessos parciais, no meio do caminho, há de “chegar lá” quem perseverar e apostar que nada resiste a trabalho. esta última expressão eu ouvi primeiro de manoel agamemnon lopes, nos tempos em que éramos colegas no centro de informática da UFPE; quando eu estava quase desistindo de um projeto nos primeiros muitos erros, agamemnon me lembrou que eu precisaria trabalhar muito mais, tentar bem mais, até obter resultados [desde que eu estivesse aprendendo]. para os líderes, nada resiste ao trabalho. e, se você pensar bem, o mesmo é verdade pra você mesmo…
aliás, há todas as razões do mundo para cada um ter –fazendo o que for, onde for, e pra vida pessoal– traços dos grandes líderes. ou você não gostaria de saber [mesmo] quem você é e do que você é capaz [ou não], ser honesto, íntegro e ter credibilidade, ser capaz de ouvir e entender as pessoas e o mundo, ser capaz de julgar e decidir, de persuadir seus colegas, clientes, parceiros e [pense nisso!] a competição, e, por fim, [quase] nunca desistir. quando líderes [verdadeiros] escolhem seus pares e auxiliares, optam –o que não é nenhuma surpresa- por quem tem seus mesmos traços de caráter e performance, seja o diretor, office boy ou estagiário.
moral da história? se você quer –e deveria- algum dia, ser responsável por pelo menos parte da longa lista de atribuições do primeiro parágrafo, comece por aprimorar, dia a dia, a lista de qualidades do parágrafo anterior. começando por descobrir, o tempo todo, quem é você…