a crise mundial chegou –como não poderia deixar de ser- ao setor de tecnologias da informação e comunicação. segundo os analistas do gartner group, o mercado mundial de hardware deve diminuir em quase 15% no ano; o setor de serviços de TICs deve cair 1.7% e o mercado de software vai ficar estagnado, com um crescimento de 0.3%. dependendo da margem de erro da previsão, vai cair também.
segundo o chefe de previsões globais do gartner group, a queda nos orçamentos de TICs nas empresas e o controle de gastos dos consumidores… “vai resultar numa forte queda do mercado de TI neste ano, que vai ser pior do que a retração causada pelo estouro da bolha da internet em 2001". vixe! o gartner group vai além e prevê “muitos” trimestres difíceis no futuro próximo. em resumo, os otimistas acham que vai dar merda e os pessimistas acham que a merda não vai dar pra quem quer…
juntando os dados sobre esta crise e comparando com o estouro da bolha de internet em 2001, quando é que estaríamos saindo do fosso em que o descontrole e a irresponsabilidade de agentes políticos e financeiros globais nos enfiaram?… pois o fosso, agora, é resultado de uma bolha, ainda agora.
tirante alguma especulação aqui e ali, os mercados financeiros deveriam refletir [mais de perto] o que se chama de “economia real”. mas vez por outra a coisa foge do controle, com expectativas irreais criando especulação generalizada e bem real. isso ocorre quando alguma coisa [potencialmente] revolucionária entra em cena e ameaça mudar tudo de uma hora pra outra, como a internet. quer ver? olhe o gráfico abaixo, que mostra claramente a “bolha” da internet em 2001, vista da nasdaq, a bolsa eletrônica dos estados unidos, onde são negociadas as ações do setor de tecnologia.
num mundo ideal, a nasdaq andaria ali por perto da linha laranja o tempo inteiro, desde que a economia de tecnologias da informação e comunicação estivesse “crescendo normalmente”. mas, em função das expectativas sobre a internet nos negócios, a bolsa foge do controle, começa a decolar em 1997 e explode de vez em 1999, gerando dois anos de euforia que levam a uma morte súbita em 2001. resultado? dois anos inteiros pra voltar aos níveis de 1996 e mais um ou dois [dependendo da métrica] pra voltar ao que poderia ser chamado de atividade “normal”. o gráfico acima, da wikipedia, vai só até 2008… olhe pro gráfico abaixo:
na imagem acima dá para ver que o crash de 2008, o das hipotecas, gerado por expectativas de receitas [digamos] infinitas sobre rendas finitas [sem falar nas duvidosas], manda a nasdaq, que representa a confiança dos investidores nas empresas [em boa parte, de tecnologia], de volta para os níveis de 2003, quando estávamos nos recuperando do grande baque de 2001. a imagem abaixo mostra a evolução da nasdaq [e das expectativas de mercado] entre 2003 e a semana passada. se você clicar nela, vai direto para um gráfico interativo no yahoo finance.
há uma crise econômica de grande porte, de fato, no mundo inteiro. se o gartner group estiver errado e esta crise [que começou em abril de 2007, clique neste link pra ver os detalhes] for “apenas” tão intensa quanto a de 2001 e levar o mesmo jeito da dita cuja, levaremos uns cinco anos pra chegar onde estávamos, ou seja, as coisas voltarão ao normal aí por 2011.
até aí, é o mesmo lugar comum que todo mundo já sabe, e é o que poderíamos chamar da problemática. como diz um grande amigo, a problemática é muito fácil de identificar e descrever; mas… qual é a solucionática?
primeiro, no curtíssimo prazo, fazer mais com menos; segundo, no muito curto prazo, inovar e fazer diferente o que já é feito agora; terceiro, no curto prazo, inovar de forma radical e fazer outras coisas, que não são feitas hoje, de formas que talvez já façamos e de outras que nem imaginamos. mas isso é assunto pra uma série de posts sobre TICs, crise e inovação, que começa hoje e continua no correr da semana, neste mesmo horário e canal. sintonize.