o texto a seguir é um repost de outro, quase igual, publicado neste blog em 02/02/09, quando começava a ficar claro que iríamos enfrentar uma crise de proporções gigantescas. como estávamos perto do carnaval e o brasil em clima de festa, não acho que chamou qualquer atenção. sugiro uma leitura cuidadosa. software como serviço pode levar sua empresa, no curtíssimo prazo, a fazer muito mais com bem menos, quando você passar boa parte do que tem hoje, dentro de casa, para fora, desde que o serviço prestado pelo seu fornecedor… preste.
por outro lado, se você for uma empresa brasileira de software, a crise e a redução de custos podem ser uma oportunidade de ouro para você passar a oferecer seu software como serviço, pra reduzir os custos de quem vai ter que cortar despesas, mesmo, por pura e simples falta de receitas…
boa leitura
doug harr é o chief information officer, o cara que toma conta da estratégia, processos, métodos e tecnologias de informação da ingres. a ingres é a companhia que faz o sistema de gerenciamento de banco de dados [SGBD] do mesmo nome. SGBDs são infra-estrutura absolutamente essencial da era da informação, pois quase tudo o que diz respeito à nossa vida, negócios e transações passa por um ou mais deles. pense de INSS a imposto de renda, de bancos a carteiras de motorista, de estoques de supermercado a cartões de crédito: quase tudo que tem a ver com armazenamento e recuperação de informação, hoje, tem um SGBD por trás.
num artigo recente na forbes, harr discute a estratégia que vem tocando na ingres para diminuir custos e aumentar a disponibilidade e qualidade da infraestrutura de software que faz a companhia funcionar. como era de se esperar, mesmo sendo [e principalmente porque é] uma empresa de software básico, ingres não faz em casa todo o software de que precisa. a empresa usa uma combinação de software-como-serviço [SaaS] provido por outros negócios [como salesforce.com, onde está o CRM de ingres {e da duPont, AMD e muitos outros}] e software específico, feito em casa. quando tem mesmo que fazer alguma coisa que só serve pra ingres, isso só é feito se não houver nada razoável no mercado, sempre será tão pouco quanto possível e será desenvolvido sobre plataformas abertas.
e isso já diz tudo: a equação da ingres, para a crise, é deixar software-como-licença e partir para software-como-serviço, deixando para trás, também, a infra-estrutura, capital humano e custos para rodar seu próprio software, combinado com o desenvolvimento in-house, ou sob encomenda, de software essencial para seu negócio, que ninguém mais tem ou vai ter, a partir de software livre.
o resumo da ópera, para harr, é: Today at Ingres, I’ve encouraged a strategy that’s 100% based on open-source and SaaS models, so that we are not locked in to a proprietary, closed-software model. We have adopted a nearly universal model for variable costs by using leading open-source and SaaS solutions to run our daily business. From database management utilities, reporting and business intelligence tools to content management applications, we have found solid, reputable companies behind our chosen solutions, and we are happy to pay subscription fees for their support services. tradução? harr está tangendo a ingres para uma estratégia de informação 100% baseada em software aberto e SaaS, de tal forma a não ficar preso em código proprietário e não ter que rodar e manter sistemas universais, que todo mundo tem e roda do mesmo jeito. o dia a dia da ingres usa SaaS bilhetados por uso e software aberto suportado por companhias que entregam o que prometem. ao invés de sair implementando e rodando tudo internamente, ele tá mais do que contente em pagar para empresas especializadas cuidarem de seu software e sistemas, de inteligência de negócios a gestão de conteúdo na web.
a ingres, que faz parte do universo de software aberto que outros usam para implementar suas estratégias [internas e de software como serviço] tem um recado adicional: se você e sua empresa não migraram para SaaS na última crise, esta crise é a hora de mudar de lado. um grande número de empresas já provê suas soluções, na rede, como serviço. e a rede está ficando mais rápida, mais resiliente e tem, a cada dia, um melhor custo/benefício. daí, um número cada vez maior dos serviços que precisamos prover para nosso público interno, clientes, usuários e parceiros está lá, prontinho, na rede.
esta estratégia vale não só para quem consome software mas, especialmente, para as quase dez mil empresas brasileiras que produzem software. a vasta maioria das empresas brasileiras de software é de muito pequeno porte e ainda trata software como licença, um produto a ser instalado no cliente e rodado por ele, em versões locais e peculiarizadas caso a caso. este é um modelo de negócios que dificilmente escala… e que resulta em um mercado de pico- e micro-empresas de software nacionais, com raras exceções. para elas, se continuarem como estão, o futuro não é muito alvissareiro.
precisamos fundir empresas, investir na aceleração de seu crescimento, criar as condições para termos médias e grandes empresas brasileiras de software [como serviço, que é intensivo em capital] na web… senão, muito em breve, haverá muito menos empresas e empregos em software por aqui. software como serviço sobre plataformas abertas não é, apenas, uma estratégia para a recessão, seja ela curta ou longa, rasa ou profunda, mas um modelo de negócios muito promissor. se soubermos chegar nele a tempo…