noite de poucos graus em são paulo, nossa mesa no aguzzo ladeada por uma confraria de vinho, eles lá tomando notas dos teores e sabores de muitas garrafas, nós aqui comentando o fim da conversa de carlos alberto sardenberg com daniela braun no cbn tecnologia da informação da quinta feira passada, quando sardenberg, depois de discutir com daniela as várias facetas do processo de implantação da tv digital aberta, gratuita, no brasil, concluiu que… “esse troço aí [tv digital] tem mais conversa do que realização“. e tá lá na página da cbn; é só clicar e ouvir.
um de nossos convivas era um industrial, figurinha carimbada [e anônima, aqui], conhecedora da indústria brasileira de tecnologia de informação e comunicação por dentro e por fora, incluindo as teles, TVs e os fabricantes e fornecedores de insumos pras duas. enquanto debatíamos, veio dele a sentença: “sardenberg está errado: o SBTVD já deu certo“. sem entender, inclusive porque só há uns poucos milhares de set top boxes [ou STBs] na rua, quase nenhuma programação nas grandes redes, problemas de cobertura, pouca programação e nenhuma interatividade, perguntamos todos, em quase uníssono… como assim? e ele: “pra medir o sucesso da iniciativa, é bom deixar claro que o propósito maior do SBTVD, enquanto política, era fazer a transição da TV analógica para a digital, no país, mantendo a mesma estrutura de competição, os mesmos canais, as mesmas concessões e propriedades, sem qualquer mudança no status quo…”
e mais: “não se pode exigir muito de uma inovação que veio pra manter tudo igual, não é? e depois saem por aí dizendo que o problema da TV digital, no brasil, é o elevado preço do STB; não é. o problema é terem criado uma TV digital que é analógica de nascença. mesmo assim, como já cumpriu seu propósito político, já deu certo…”. é, pode ser. vai ver que, por enquanto, nosso anônimo paulistano tá certo. resta ver o que ainda se pode fazer, em que tempo e a que custo, pra se ter TV digital de vera no país inteiro. se é que vamos ter uma algum dia.
Technorati : SBTVD, política industrial, tv digital