no clássico fantastic voyage, de harry kleiner, cinco marinheiros viajam pela corrente sangüínea de um ser humano em um nanosubmarino, com o destino de resolver um coágulo no cérebro de seu hospedeiro. era a ficção científica antevendo o futuro da medicina, com o desnecessário problema de ter que miniaturizar seres humanos para entrar no corpo uns dos outros.
de um tempo prá cá, vários laboratórios começaram a entender como acoplar bactérias a dispositivos minúsculos e usá-las como motores do conjunto. os problemas envolvidos são não triviais, incluindo ligar, desligar e orientar os "motores". mais recentemente, um time da école polytechnique de montréal, liderado pelo professor de engenharia da computação sylvain martel, conseguiu guiar conjuntos nano-físico-biológicos dentro de correntes sanguíneas, usando como motores bactérias que têm em si, naturalmente, partículas magnéticas e, do lado de fora, sistemas de ressonância magnética como guias.
o time de martel já havia feito experiências reais em porcos e agora mostrou que pode fazer o mesmo em réplicas de sistemas venosos humanos. a conjução cápsula [de 1.5mm] e bactéria usada chega a atingir a fantástica velocidade de 10cm/s e pode vir a ser usada, no futuro próximo, para entrega de medicamentos exatamente onde eles são necessários no corpo humano.
peter drucker dizia que a era da informação começara justamente quando, depois de entender como "fazer uma estrela", o que é o caso dos artefatos nucleares do fim da segunda guerra mundial, a humanidade começou a se preocupar com a biologia. na vida, tudo depende de energia, mas energia, neste caso, é guiada por processamento de informação. ao migrarmos nosso principal foco de atenção do landscape para o bodyscape, começamos a tentar entender as tecnologias, como cápsulas acopladas a bactérias, que podem ser usadas para [talvez?] melhorar a qualidade de vida. e o corpo é o limite.
e, se a gente acreditar em drucker, não é nenhuma novidade que tal tipo de pesquisa seja liderada por engenheiros da computação. afinal, a vida é baseada em informação e nada mais normal do que especialistas em informação tratando a [e da] vida.