este blog publicou –faz pouco tempo- uma série de textos questionando a noção [de thomas friedman] do mundo ter se tornado plano e da localização ter perdido a relevância de uma vez por todas. pela ordem, pra ler a série, você deveria clicar aqui, aqui e aqui.
pra quem quer um resumo da conversa, a conclusão [até agora] é que…
a conectividade digital [quase universal] está transformando um mundo analógico que tinha um grande número de pequenos picos e um pequeno número de grandes picos em um outro, certamente mais plano, onde os picos menores tendem a desaparecer mas os maiores… depois de um processo de seleção [não]natural… tendem a se tornar muito maiores ou, melhor, muito mais relevantes.
ou seja: o mundo é mais plano mas, ao mesmo tempo, tem picos muito mais relevantes. como assim?…
isso tem a ver com física, condensados de bose-einstein [vixe!…], redes livres de escala e uma de suas leis que, em suma, diz que “quem ganha leva tudo”. na conclusão da série “plano ou picos”, comentamos que…
redes e fluxos no espaço [o mundo de bush-drucker-castells] abstraem, estendem, complementam… os lugares concretos onde ainda vivemos, trabalhamos e empreendemos fisicamente. e cada um destes lugares tem símbolos, linguagem e cultura próprios; richard florida descreve e estuda, há anos, lugares especiais onde há uma combinação de talento, tecnologia e tolerância e –por causa disso, em tese e na prática- cuja participação na articulação entre os lugares e no espaço também é especial.
as redes mudaram o mundo, é certo; mas ainda não ao ponto onde só e somente as redes são o mundo. se este fosse o caso, não seriam apenas algumas poucas cidades que estariam capturando quase todo o valor gerado no mundo abstrato. pense seattle [microsoft e amazon] e o próprio silicon valley [de google a oracle, passando por facebook e twitter].
quer ver o tamanho do problema [ou solução]? o ibge nos diz que 80% da população do país é urbana… mas não só: mais de 1/3 de toda a população está nas 15 regiões metropolitanas mostradas do mapa abaixo…
de acordo com o observatório das metrópoles, em 1991 as 15 maiores metrópoles brasileiras representavam 34,9% da população, percentual que aumentou para 36% em 2000 e 36,2% em 2010. no conjunto, parece que não exista a tal “fuga” para o interior “descoberta” e apontada por parte do noticiário. alguns lugares, como o gráfico abaixo mostra, têm crescido menos do que a média nacional, por razões que passam [no caso de recife… ainda bem] por absoluta falta de espaço.
segundo estudo recente publicado pelo observatório…
…é importantíssimo considerar também que as metrópoles são as iniciais de apresentação das alterações demográficas em nosso país. Se pensarmos na redução das taxas de fecundidade, por exemplo, este foi um processo que se iniciou em espaços metropolitanos, de onde as mudanças geralmente se expandem devido ao acesso ao mercado de trabalho, maior escolarização, empregos mais qualificados, maior proporção de ocupados com alto rendimento, participação feminina no mundo do trabalho e no acesso à educação superior, entre outros processos, justamente pelas metrópoles serem espaços mais afeitos às mudanças sócio-culturais.
Tudo isso está diretamente ligado às mudanças populacionais nas metrópoles, que não se resumem apenas à saída de pessoas, até porque boa parte da emigração dos núcleos metropolitanos ocorre para municípios da própria periferia metropolitana, ou para municípios que apresentam forte relação com a dinâmica metropolitana. Nesse sentido, não se deve pensar apenas em termos quantitativos, é preciso avaliar também as mudanças qualitativas que vêm ocorrendo no interior das áreas metropolitanas.
taí um algo que vale a pena ler na íntegra. e você pode pegar o .pdf aqui. boa leitura.