há um ano, o blog dizia que o nome do jogo, na web, era atenção. isso não era, nem na época, qualquer novidade. a novidade, de lá pra cá, é que redes sociais, os espaços abstratos onde dedicamos nossa atenção a outros seres humanos, na verdade a suas ações em rede, se tornaram pervasivos, parte do discurso de todos os tipos de instituições e pessoas… e parte do problema que tem que ser enfrentado por líderes da web como google e apple, nenhum dos dois associado a uma rede social de porte.
rede social de porte, hoje e em escala global, tem nome: facebook. e, cada vez mais, facebook está dizendo a que veio. pra começar a conversa, a hitwise deu conta de que facebook passou google como o site mais visitado dos EUA; isso rolou na semana do 13 de março, como mostra o gráfico abaixo. foi por pouco, meros 0,04%, mas passou. a curva de crescimento de market share de facebook nos EUA, a linha azul, é impressionante. especialmente quando comparada à estabilidade de google, ao redor dos 7% durante os últimos 12 meses.
facebook não vai ficar por aí, em audiência, até porque não ficará mais sendo “só” uma rede de relacionamentos. semana passada a empresa liberou o protocolo open graph, um conjunto de operações que vai permitir a seus usuários conectar suas histórias pessoais a páginas em qualquer lugar da web. isso que quer dizer que, ao conectar uma página, em qualquer lugar, à minha história pessoal [veja gráfico abaixo], todos os meus “amigos”, pelo menos em tese, chegam mais perto da tal página, vídeo, serviço, o que for.
e google, claro, não consegue indexar o conteúdo de facebook, que é fechado para máquinas de busca que não tenham um acordo explícito com a a rede social. facebook [assim como twitter] faz parte do que se chama a “deep web”. pra indexar twitter, google e bing remuneram a empresa que se tornou a dona de boa parte da statusfera. o conteúdo e a dinâmica do relacionamento dos 400 milhões de usuários de facebook é problema dos grandes pra google, num universo online onde o boca-a-boca é um dos elementos essenciais dos processos pessoais de tomada de decisão. quer saber mais? veja o que diz a mcKinsey sobre o assunto neste link.
como se não bastasse, a microsoft pagou US$240 milhões, em 2007, por 1.6% de facebook [batendo uma oferta do próprio google], o que deu à empresa de redmond alguns direitos especiais sobre o que rola dentro da rede social. afinal de contas, ela também é “dona” do negócio. ao contrário do que dizem seus detratores, nem sempre redmond “erra”: quando comprou um teco de facebook, lá atrás, por uma pequena fortuna, parece que sabiam o que estavam fazendo.
pra mark zuckerberg, “a rede está num ponto muito importante, agora”. o criador de facebook pensa que “a maior parte das coisas na rede não é social, ainda… e isto está prestes a mudar”. tremei, google. o lançamento de open graph fez com que as relações de “amizade” entre os dois gigantes estremecessem tanto, agora, quanto entre google e apple quando o primeiro lançou android. imagine o nível de tensão que vai rolar se open graph der certo, ao contrário de buzz, o equivalente [em certo sentido] de google, que fracassou redondamente.
se open graph se tornar o novo [ou mais relevante] paradigma de conexão entre sites e pessoas em redes sociais, o novo indexador da web será a atenção que as pessoas dedicam aos sites, repassando tais referências aos seus relacionamentos. e o novo “dono” da web será zuckerberg.
pra adicionar insulto a injúria, zuckerberg acertou com a microsoft [como já sabemos, acionista da rede social] a adição de office a facebook, criando um oponente à altura de googleDocs. trata-se de docs.com, ainda em beta e com lista de espera. como a microsoft não tem uma rede social, documentos online dentro da maior rede social do planeta é uma opção estratégica, digamos, natural. assim como bing “dentro” e “a partir” de facebook.
na rede, o tempo flui, tudo flui, inclusive a atenção. e rápido. em um ano, tudo pode mudar. como mostra o gráfico que ilustra este texto comparando os últimos doze meses. zuckerberg pode muito bem estar certo: podemos estar num “turning point”, um ponto sem retorno a partir do qual a rede, toda a web, está se começando a se tornar uma grande, gigantesca, rede social. e com facebook bem no centro disso tudo.
mas pode ser, também, que daqui a um ano tudo seja tão diferente do que estamos conversando aqui que este texto nem sentido faça. vai depender da capacidade e velocidade de inovação de facebook e seus parceiros.
afinal de contas, manter uma rede social no topo da web é muito mais acompanhar as demandas da própria rede [inclusive e, talvez principalmente, as implícitas] do que, do topo de uma suposta ganialidade e capacidade tecnológica, ofertar traquitanas que ninguém quer… usar. é esperar pra ver. me cobrem daqui a um ano.