toda vez que são publicados os dados sobre o uso da rede pelos brasileiros, o mesmo pensamento me assalta: será que passamos muito tempo na rede porque queremos realmente ficar lá… ou porque a rede, aqui, é tão lenta que nos obriga a ficar lá?…
a pergunta tem que ser feita porque, trocando o contexto pra trânsito e simplesmente olhando pras estatísticas de trânsito em são paulo, podemos chegar à conclusão que os paulistanos adoram engarrafamentos. pois bem: o megabit por segundo que compro na minha casa, em recife, quase nunca chega a 500kbps. implicação? trazer um vídeo para casa pode levar horas; se eu quiser mesmo ver a coisa “agora”, acabo esperando e fazendo outras coisas, enquanto o tal conteúdo não chega. e ver um vídeo em tempo real é quase sempre impossível.
os dados de março para a web brasileira acabam de ser publicados pelo ibope/nielsen: mais de 38 milhões de pessoas tem banda “larga” em casa, contra uns 3 milhões que usam acesso discado. nossa média de tempo na rede, em março, foi de 26:15h, contra 25h do .UK e 24h do .FR e .DE. banda “larga”, pela definição, significa qualquer outra coisa que não “discada”. isso inclui meu megabit pela metade [no máximo] e coisas ainda mais lentas, às vezes na faixa de 128kbps.
não contem pra ninguém, mas segundo a OECD, a velocidade média de download, no japão, é quase 94 megabit por segundo, na frança e na coréia do sul, ao redor de 45mbps e, em portugal, mais de 12mbps. no brasil, a definição de banda larga tem que ser revisada para nearly always connected [ou NAO], ou seja, uma conexão que não é discada, mas é lenta e cai mais vez por outra do que gostaríamos.
pra gente ter uma idéia do que é a banda e larga do futuro bem próximo, a virgin media inglesa já começou os testes [em ambiente real, de uso] de conexões a 200mbps, capazes de transmitir IPTV de alta definição e de prover serviços de informação para casas e negócios como se os processadores e armazenamento remotos estivessem na sala ao lado… ou melhor: a rede interna da minha casa é “só” de 100mbps.
agora responda… ao tentar entender as estatísticas de horas de uso de web, no brasil, devemos concluir que ficamos muito tempo na rede porque queremos ou porque somos obrigados?…