SILVIO MEIRA

bbc, click, tokyo, cyberdyne e… HAL [e XOS]

a galera do programa click, da bbc inglesa, esteve andando por tokyo recentemente e produziu um vídeo de quase seis minutos, cujo resumo é… gente, muita gente, trens e metrô, e-wallets [carteiras eletrônicas] para pagar tudo, akihabara [e como a santa efigênia é de brincadeira], games, hordas de jogadores de dragonQuest nos nintendo ds, ambientes hi-tech para doação de sangue e… idosos, muito idosos e muitos idosos e a cyberdyne [de verdade].

a cyberdyne [de brincadeira] é a companhia que, na ficção, domina o planeta com a skynet e constrói os robôs terminator, popularizados nos filmes de schwarznegger. no cinema, a companhia é a mais pura e simples encarnação do fim do mundo.

image na vida real, o estranho senso de humor japonês batizou com o mesmo nome uma empresa que vai fabricar um robô de vestir, HAL [hybrid assistive limb], ou membros híbridos assistidos. a coisa é um exoesqueleto inteligente capaz de [veja figuras ao lado] auxiliar o movimento de quem o veste, mais ou menos assim…

1] quando tentamos nos movimentar, o cérebro envia estímulos elétricos aos músculos; como resultado, sinais bioelétricos muito fracos aparecem na pele;

2] para HAL funcionar, sensores bioelétricos colados à pele capturam os sinais enviados pelo cérebro aos músculos;

image3] estes sinais são enviados aos sistemas computacionais de HAL, que interpretam o movimento se deseja fazer e qual sua intensidade;

4] em sequência, sinais de controle são enviados para as partes desejadas do exoesqueleto, determinando que movimento deve ser feito e qual o torque a ser usado;

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5] em função disso, as unidades de potência geram o torque necessário e põem o exoesqueleto em movimento;

6] toda esta sequência de ações se dá em frações de segundo e, segundo os proponentes da “máquina”, vai resultar em um conjunto de movimentos muito natural.

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HAL tem um vasto banco de dados de sinais bioelétricos e seus possíveis encadeamentos e isso o torna, em tese, capaz de responder aos estímulos cerebrais com a naturalidade desejadas pelos seus projetistas e construtores.

se não é possível capturar sinais bioelétricos, o que pode ser o caso em algumas circunstâncias, o exoesqueleto pode ser dirigido por um controle remoto, o que certamente torna o processo muito mais complexo, mas oferece uma alternativa para casos muito mais difíceis do que idosos com problemas de mobilidade.

as tecnologias por trás de HAL vêm sendo desenvolvidas há muito tempo pelos laboratórios do prof. yoshiyuki sankai, na universidade de tsukuba, e podem ser um grande passo na assistência a pessoas com problemas de mobilidade causados por condições de idade ou acidentes.

mas o mesmo tipo de tecnologia, que está sendo desenvolvido em várias partes do planeta, muitas delas bem menos pacíficas do que o [atual] japão, pode ser usado para bem mais do que auxiliar idosos a se movimentar.

este é o caso de XOS, um exoesqueleto de uso militar que está sendo desenvolvido pela raytheon para o governo dos EUA e que pode ser visto em ação neste vídeo aqui.

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os dois projetos são candidatos a se tornarem inovações radicais, capazes de mudar a vida de seus usuários. alguns vão poder voltar andar. outros vão poder andar muito mais, por muito mais tempo, carregados de armas e munições. resultados de HAL certamente servirão de base para projetos militares e tecnologias oriundas de XOS serão vistas em produtos parecidos com HAL. a tecnologia, por si própria, não tem moral ou caráter. vai caber a quem a usa decidir o que fazer com ela. como sempre, desde sempre.

vamos esperar que nenhum dos projetos seja a base para transformar a cyberdyne de hoje na de amanhã…

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Silvio Meira é cientista-chefe da TDS.company, professor extraordinário da CESAR.school e presidente do conselho do PortoDigital.org

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