grandes fusões [ou aquisições], ontem, na economia brasileira. negócios que podem ter impacto duradouro nas economias nacional, regional e mundial. a que teve todas as manchetes, até pelo porte, foi a combinação do itaú com o unibanco [i+u], que cria o maior banco do brasil, maior até que o próprio banco do brasil. a história dos bancos é milenar e há indícios que a instituição pré-data o dinheiro. no passado, havia bancos de todo tamanho mas, nos últimos tempos, só os realmente muito grandes têm resistido em um mercado cada vez mais competitivo, o que torna a junção i+u quase que natural. aliás, mais do que natural: provavelmente, os dois foram feitos um para o outro. não dá pra pensar no bradesco comprando o unibanco. feito o negócio, pelo que disseram os executivos encarregados, vamos ter um banco global. tomara mesmo.
o outro grande negócio de ontem, de valor presente muito menor do que o dos bancos, quase ausente do noticiário mas de impacto muito profundo, foi a aquisição, pelo conglomerado americano monsanto, da aly participações, empresa do grupo votorantim que, por sua vez, é a holding sob cuja bandeira estão a allelyx e a canavialis, empresas de melhoramento genético que têm grande expertise em cana de açúcar. no noticiário internacional, a manchete recorrente foi… monsanto invests in sugarcane biofuels development, o que dá uma boa idéia do que o negócio significa para o comprador e para o setor.
segundo a FAO, o planeta está usando mais açúcar do que produz [estamos usando os estoques…] e a produção de álcool deve dobrar até 2017, em relação ao ano passado. segundo um alto executivo da monsanto… "Global demands for raw sugar and biofuels are beginning to rise at a faster pace than the current production levels in sugarcane" e "…we expect the additions of CanaVialis and Alellyx will allow us to combine our breeding expertise with key large-acre crops with their breeding expertise in sugarcane…” pra dar conta desta demanda e ganhar muito dinheiro com isso. duas excelentes razões para pagar US$290 milhões pelas duas companhias, seus laboratórios e seus 250 funcionários. e isso porque a monsanto não espera que as duas aquisições adicionem qualquer faturamento às suas operações antes do meio da próxima década.
no caso i+u, criou-se um giga-conglomerado financeiro nacional, de possível alcance global, a partir de dois mega-conglomerados nacionais. no caso m+a, um gigante mundial do agronegócio fez uma proposta boa demais para o grupo votorantim resistir. a monsanto comprou companhias de conhecimento, intensivas em processamento de informação, cheias de gente competente e dedicada. muitos esperavam que a allelyx e a canavialis fossem parte essencial do aumento da produtividade e qualidade do agronegócio nacional. e vão ser. e do agronegócio mundial. só que agora, se der certo, os royalties serão da monsanto. é parte do mercado, parte do jogo. quem não se globaliza… é globalizado.
boa sorte a todos, em ambos os casos. tomara que dêem muito certo. que os primeiros financiem, e cada vez mais, apenas negócios sustentáveis e responsáveis. e que os segundos ajudem a produzir cada vez mais com cada vez menos terra, água e energia. o planeta agradece.