a candidata do governo decidiu que não ia. faz parte do processo, sempre fez; quem acha que tem boas chances de ganhar não quer aproveitar nenhuma oportunidade de dizer seja lá o que for, pois que pode ser motivo para afastar eleitores. não é decisão do[a] candidato[a], apenas, mas da teia de opiniões e interesses ao seu redor, que tange o[a] postulante pelas trilhas que acha mais palatáveis. debater na rede, pelo visto, era muito complicado… ou podia complicar muito as coisas.
por que? porque não há nenhuma discussão política na federação [ou nos estados]. daí, pra que debate? como nossos partidos são arremedos das agremiações que deveriam ser, falta-lhes o mais básico da grande política: programas de governo, que deveriam ser efeito colateral de visões de mundo, de localizar o brasil no mundo. resultado? as eleições brasileiras, ao correr do tempo, se assemelham cada vez mais a concursos de beleza: quem “parece” mais isso ou aquilo acaba eleito. e nada de perguntas, por favor, porque resposta de miss, como se sabe…
sem a verdaderia política, candidatos[as] e candidaturas têm que ser desenhados ao gosto da mídia, do sentimento [e não da razão] popular e em torno da capacidade de encher urnas, como se não houvesse alternativas. as exceções são poucas; fora estas, sobra aos eleitos atingir uma tal de governabilidade que nos custa, como se sabe e vê, boa parte do futuro. e afunda, cada vez mais, a possibilidade de fazer política como se deveria.
se a situação desiste, o que faz o principal candidato da oposição? segue o exemplo e resolve, também, não aproveitar a chance de dizer alguma besteira. ou pelo menos é isso que parece aqui de fora, na rede, seja lá o que for que seus estrategistas e marqueteiros pensaram. perdeu, com isso, uma boa oportunidade de estar em rede com tanta gente que estava se mobilizando para ver, ao vivo e em rede, um debate sobre o brasil que poderia vir a governar.
os portais, considerando a ausência daqueles que têm a vasta maioria das intenções de voto, cancelaram o debate. perdemos todos, e perdemos muito.
ou, quem sabe, nem tanto assim. há tempos que penso e digo que, na rede, esta eleição será de tentativas, erros e –para muitos, entre os poucos que estão em rede- aprendizado. o grande público [talvez mais de 75% dos eleitores] não está online como deveria, numa evidência da falha [ou falta] de políticas públicas para a rede e para inclusão digital na década. some-se a isso o déficit educacional histórico do país: 1/4 da população entre 15 e 24 anos, cursando da 5ª e a 8ª série, não consegue entender sequer o título deste texto… e apenas 1/4 dos brasileiros entre 15 e 64 anos pode ser considerado plenamente alfabetizado… ou capaz de entender [mesmo sendo todo escrito em minúsculas… veja aqui porque] este texto.
entre tantas outras discussões, o debate que não vai acontecer poderia ter sido sobre as políticas educacionais dos candidatos e seus partidos; sobre porque temos avançado tão pouco em tanto tempo e, sobre…
3. qual é a posição de suas excelências [em potencial] sobre o apagão educacional brasileiro e como poderiamos [se é que…] usar a web para acelerar a criação de oportunidades educacionais para todos, em todo o país? como? a que custo? e com que resultados, em quanto tempo?…
o debate online deu xabu e os que desistentes levaram falta. mas as perguntas são muitas e continuarão por aí, circulando em rede e por muito tempo, quer os senhores e senhoras candidatos queiram ou não. mais cedo ou mais tarde, a rede será centro e não borda e quem faltar a debates online, como este que não teremos, sentirá –e muito- a falta de votos nas urnas. aliás, é bem capaz que este já venha a ser o caso nas urnas de outubro…