o maior prefixo de ordem de magnitude atualmente padronizado pelo sistema internacional de unidades [SI] é o yotta, que representa vinte e quatro zeros ou vinte e quatro ordens de magnitude. trata-se de quantias da ordem de um septilhão de qualquer coisa. é muito. mas é pouco. quer ver? o sol gera 383 yottawatt [ou 383YJ/s]; numa hora, são 1.378.800 yottawatt e, num dia qualquer, 33.091.200 yottawatt. de repente, se você tem que medir coisas em dezenas de milhões de yottawatt, ele já não é tão grande assim.
mas você poderia dizer… isso é o sol, deixa este gigante pra lá e vamos nos preocupar com situações mais terrenas, mais pequenas. se é por isso, que tal, por exemplo, o large hadron collider? fica bem ali, em genebra, um dos seus detetores de partículas está na imagem acima [clique para ver maior] e ele, o LHC, gera 40 terabyte de dados por segundo, quando está operando. isso dá 3.456.000 terabyte por dia, ou 3,456 exabytes por dia, mais de mil exabyte, ou mais de um zettabyte, por ano. e olha que o LHC é apenas um dos instrumentos gerando dados por aí, e não estamos falando só de ciência. como dissemos aqui no texto passado, só o wal-mart gera 2,5 petabyte/segundo, o que é nada menos que impressionante.
o dilúvio de dados foi um dos elementos levou um estudante americano a propor um nome padronizado para a magnitude 10 elevado a vinte e sete [o numeral 1, seguido de vinte e sete zeros]. austin sendek está em campanha para que tal imensidão tenha o prefixo “hella” no sistema internacional de unidades. a petição no facebook [será que a moçada responsável pelo SI está no f’book?] já tem quase 47 kilofãs, o que não é muito, considerando os mais de 400 megausuários da rede social. em tese, pelo menos, “hella” é um acrônimo para “a hell of a lot of”, algo que em português do brasil nós provavelmente traduziríamos por “massivo” ou algo parecido.
a demanda para um novo prefixo no SI está aí; aliás, para muitos novos prefixos, porque “hella” resolveria algumas coisas de imediato e deixaria muitas outras, bastante atuais, em aberto. olhando para um cenário apenas, o futuro está na moda; mas se quisermos falar do futuro em termos da escala de kardashev, que classifica as civilizações em termos da energia que conseguem usar do seu ambiente [tipo I, planeta; tipo II, sol; tipo III, galáxia; nós cá estamos em parcos 0,72], kardashev estimou que a energia disponível na via láctea é cerca de 4×1037watt, ou 40.000.000.000 hellawatt. ou seja, se conseguirmos sobreviver até chegarmos a uma civilização do tipo III, um hellawatt [e, bem antes disso, um hellabyte] será brincadeira de criança.
razões pelas quais, conversando em um bar perto lá de casa no fim de semana, um grupo de filósofos chegou à conclusão que teriamos que achar uma abreviatura SI, palatável para a comunidade internacional, para o porrilhão, esta quantia genuinamente brasileira, que seria não só o sucessor do hella- mas de todas as abreviaturas que vierem depois dele. a idéia é que, seja lá qual for o novo prefixo, proposto por americanos ou quem quer que seja, que for padronizada, ela representará sempre três zeros abaixo do porrilhão, de tal forma a garantir que a ainda não proposta abreviatura correspondente ao quantificador universal nacional para “incontavelmente muitos” esteja sempre em superioridade.
mas isso pode ser, afinal, coisa de mesa de bar; alguém lembrou depois que havia garrafas demais e que, de mais a mais, foi feita mais de uma citação a millôr, veríssimo e, como se não bastasse, ao barão de itararé. melhor deixar pra lá. como dizia o barão, de onde menos se espera, daí é que não sai nada.
vamos ver daqui a quanto tempo vai aparecer um data center [que seja] fazendo propaganda de seu armazenamento em hellabyte. capaz de nem ser tanto tempo assim: o governo americano vai começar a consolidar seus mais de 1.100 centros computacionais em uma só nuvem e isso certamente vai ter “a hell of a lot of” tudo: computação, armazenamento e… problemas.