semana passada rolou um evento muito legal na @unibh em belzonte, mediado por marcelo tas e com mozart neves ramos, paulo barone e eu mesmo na conversa. para ver o debate na íntegra, gravado ao vivo, sem cortes, é só clicar aqui. a coisa tem quase duas horas e aborda uma gama de temas e problemas educacionais, especialmente os que afetam a performance e a qualidade da escola e do ensino nacionais.
alguma hora a discussão passou pelas novas mediações tecnológicas para o processo educacional; digo novas porque educação é um processo histórico, amplo e social que sempre foi mediado por tecnologias de muitos tipos. sala de aula é tecnologia; "giz-e-cuspe" é tecnologia e linguagem, escrita e livros são tecnologia. foi aí que EAD [educação à distância] entrou no debate e discutimos o que a internet tem [ou não] a ver com a melhoria [ou não] do processo de criação de oportunidades de aprendizado [de forma contínua] que, como vocês poderão ver logo no começo do vídeo, é a minha posição sobre o que educação, se fosse bem feita, deveria ser.
deve-se dizer que não está claro, para muitos ou para quase todos os educadores, qual é o impacto de EAD [que deveria ser educação em rede, ou E2R] na vida dos aprendizes e de sua performance na escola e depois.
a minha tese é que todos os jovens [interprete "jovem" como gente que tem 25 anos ou menos, ou seja, nascidos de 1985 pra cá] já nasceram em rede. talvez sofram de um déficit de conectividade por razões várias, mas são conectados por definição e querem, ainda por cima, estar mais e muito melhor conectados. para esta galera, a rede, a web, as redes sociais, são ambientes naturais para fazer qualquer coisa, desde "ir ao banco" a "criar relacionamentos", passando por "aprender" ou, como dissemos anteriormente, "participar de processos educacionais".
pois bem: um estudo feito pela university of nebraska-lincoln acaba de descobrir que…
…college students participating in a new study on online courses said they felt less connected and had a smaller sense of classroom community than those who took the same classes in person — but that didnt keep online students from performing just as well as their in-person counterparts…
…os estudantes que fazem cursos [só] online se sentem menos conectados e têm um menor sentido comunitário do que seus colegas que fazem os mesmos cursos presencialmente; mas isso não significa que tenham níveis de performance acadêmica menor que a dos colegas de sala de aula.
diga-se de passagem, a vasta maioria dos atuais mecanismos de EAD não faz nenhum esforço para conectar os alunos através, por exemplo, de redes sociais [educacionais ou não]; tais ambientes quase sempre são salas de aulas virtuais e remotas, com pouca ou nenhuma possibilidade de interação extra-aula como parte do processo de aprendizado [e socialização], o que sem nenhuma dúvida leva os alunos "remotos" a uma percepção bastante real isolamento.
o problema a resolver não é o de como levar os estudantes de volta para a sala de aula, até porque os processos de aprendizado dos quais todos vamos ter que participar são, para sempre, contínuos… é como se jamais, daqui pra frente, fôssemos sair da escola. ocorre que a escola não está preparada para tal, nem mesmo [na quase totalidade] a que tem os tais cursos de EAD.
porque o que é preciso mesmo é implementar conjuntos de estratégias, processos, práticas e ambientes de E2R, a verdadeira educação em rede, que levem a processos continuados, conectados, interligados, esteja o aluno dentro ou fora da escola, seja durante ou depois de seu tempo de curso, que possam proporcionar oportunidades contextualizadas de aprendizado, desaprendizado e reaprendizado, de socialização e formação de comunidades, que é o que todos temos e teremos que fazer, o tempo todo, para continuar gerando o valor que nos mantém não só nos níveis de competência e performance de nós exigidos pela sociedade e economia mas, em última análise… sãos.