este post é parte de uma série sobre educação empreendedora, derivado de uma palestra dada no sebrae nacional, em brasilia, no 27 de janeiro passado. pode até ser que você entenda o texto que se segue sem ler os posts anteriores; mas os textos foram escritos como se fossem uma palestra, uma conversa, o que significa que há uma sequência, começo meio e, espero, um fim, uma conclusão que faça sentido.
o primeiro post da série está neste link… passe por lá, até para entender o preâmbulo e contexto desta conversa.
nesta série, antes deste texto: 1, 2; depois, nenhum, ainda. simbora.
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no texto anterior, terminamos a conversa perguntando o que eram novos negócios inovadores de crescimento empreendedor, o que nos leva a considerar em que tipo de…
…tais empreendimentos acontecem. é bom notar que perguntamos que tipo de negócio "está" [ao invés de "é"] esse, para dar uma noção muito crítica da fluidez dos conceitos que definem ou se aplicam aos negócios num ambiente de redes de conhecimento como o que temos hoje.
desde há muito tempo, o cenário para qualquer tipo de empreendimento é o mercado; isso é aparentemente óbvio mas, incrivelmente, não parece ser levado em conta por um bom número de candidatos a empreendedor ou de agências de fomento [privadas e públicas] ao empreendedorismo. sem falar nos inúmeros centros de "inovação" que ainda pensam em "inovação tecnológica" como algo separado do mercado, um valor em si, e não de valor porque há, para tecnologias inovadoras, um lugar no mercado.
ao concordar que o mercado deve estar no centro de nossas preocupações empreendedoras, talvez fosse prudente definir o que é esse tal de mercado, hoje.
lá atrás, em 1999, quando a internet começou a afetar os negócios [hoje, e-commerce representa US$8 bilhões por dia só no mercado americano, quase US$10 trilhões por ano no mercado mundial…] um pequeno grupo de pessoas escreveu um conjunto de 95 teses sobre como seria [como estava começando a ser…] o mercado no mundo em rede.
tal conjunto de teses, reunido sob o nome…
…ganhou um site com a tradução das teses em muitas línguas, um livro e discussões sobre o assunto no mundo todo. e a razão muito é simples: cluetrain tem a simplicidade genuína e cativante dos conteúdos geniais; depois que se lê as teses, tudo parece óbvio e o leitor se pergunta como é que ele mesmo não escreveu aquilo, se é "tão simples", tão claro e tão útil, como sempre acontece com a maior parte descobertas geniais, depois de explicitadas. desde que as teses comemoraram dez anos, tenho conversado sobre o assunto com muita gente, em palestras e fora delas, no brasil. para minha surpresa, muita gente[digamos 75% da minha amostra informal…], incluindo profissionais de marketing e vendas online, nunca ouviu falar do assunto. em outras áreas [como gente que está em sistemas de informação na web, incluindo quem faz infraestrutura para negócios online] o desconhecimento das teses passa de 90%. pense num índice preocupante, a esta altura do campeonato…
as tres primeiras teses de cluetrain manifesto estão sumarizadas na idéia de que…
…são nada mais nada menos do que…
…que acontecem entre…
…e, se são pessoas que estão conversando, deveria ser óbvio [mas nem sempre é…] que tais transações interpessoais ocorrem em uma…
…que, como hão poderia deixar de ser… é…
o que deveria ser óbvio, não é?
é por isso que você e eu não toleramos conversas com "call centers". porque os humanos que estão nos atendendo, lá, são desumanizados por um script que as pessoas que nos atendem têm que obedecer e do qual não podem fugir. quando ligamos para um call center, estamos conversando com um script… e não com outra pessoa. claro que há exceções, mas a regra geral…
esta ideia-força de que "mercados são conversações entre pessoas, conduzidas em uma voz humana", explica também o sucesso das redes sociais [virtuais] e define porque as empresas [que são mercados, internos…] não conseguirão fugir à sua própria transformação em redes sociais.
este blog discutiu o assunto, intensamente, nesta série sobre redes sociais nas corporações e, se você estiver interessado no tema, vale a pena passar por lá.
amanhã, vamos discutir o que o mundo digital e as conexões e mobilidade intrínsecas desta nova infraestrutura para condução de negócios [e de resto, da vida na terra] tem a ver com esta história toda e com o nosso tema principal: os porquês, comos, ondes e muito mais de uma educação verdadeiramente empreendedora e seu impacto geográfico, social e econômico. até lá.