em que sociedade estamos?

a pergunta é de ricardo guimarães, da THYMUS, que inventou o branding [e o respeito pelas audiências e comunidades de uso e prática] no brasil. o debate incluía executivos de RH de algumas das maiores empresas do brasil, e ricardo dizia que saímos [ou estamos quase saindo] da sociedade industrial e estamos na [ou indo para uma] X, que ainda não sabemos bem qual  é. isso porque ela ainda está se estabelecendo e seus contornos ainda são, ou estão, sendo definidos passo a passo. ou click a click, dia a dia, bit a bit.

a tentativa de responder [temporária, certamente] é minha: estamos na [ou indo rapidamente para a] KISS, sigla que tem dois motivos e significados.

em primeiro lugar, KISS quer dizer knowledge, information and services society, a sociedade do conhecimento, informação e serviços. parece óbvio que estamos aqui e agora em KISS, mas [entre aspas, para pegar a expressão inteira] google e bing retornam um único link [alemão] para o conceito, sem defini-lo. o conceito de trabalho em [do, no] conhecimento [e seu "trabalhador] data de 1959, criação de peter drucker; a noção de sociedade da informação [e "indústria" do conhecimento] foi estabelecida por fritz machlup em 1962; por suas contas, as economias associadas a educação, pesquisa e desenvolvimento, mídia, TICs e serviços de informação já representavam 29% da economia americana em 1959.

alain touraine, em 1969, cunhou a expressão sociedade pós-industrial, para designar os novos arranjos econômicos, sociais no que se via como [pelo menos] o fim do auge do ciclo industrial, depois de mais de um século de domínio sobre as outras formas de produção. a sociedade pós-industrial é KISS: depois de rodear e operar máquinas na sociedade industrial [vale lembrar que a necessidade de grandes massas de trabalhadores para operar máquinas deu origem às cidades como as conhecemos hoje], para produzir ferramentas e objetos a partir de recursos naturais, passamos a usar aparatos capazes de nos ajudar a capturar, criar, processar, armazenar, transmitir e receber informação. passamos a tratar do ciclo de vida de informação e não mais [preponderantemente] do ciclo de recursos naturais e produtos [quase sempre de consumo] deles derivados.

conhecimento, neste contexto, é cultura; e cultura, definida de forma simples, é [qualquer] transmissão [situada] de informação entre seres humanos. é isso que as redes todas, especialmente as instâncias virtuais de redes sociais, possibilitam em larga escala, em quase todas geografias e línguas.

e os serviços? nos países mais pobres, a economia de serviços já chega a 50% do PIB e, em países como os EUA, é 80% ou mais da economia. como se não bastasse, no setor de TICs tudo é serviço: de infraestruturas e plataformas a software, de processos de negócios aos negócios em si. nossa economia é de serviços. esta combinação mais que justifica o significado de KISS para rotular nossos tempos econômicos e sociais.

o segundo significado atribuído a KISS, aqui, é antigo [em inglês] e uma máxima do processo de solução de problemas. em tempos recentes, está embutida em toda uma classe de dispositivos, ferramentas, software e interfaces que revolucionaram o uso de TICs pelo cidadão e que, por isso, estão tendo impacto significativo no uso de tecnologias da informação e comunicação nas empresas. estamos falando do princípio de ocam, do séc. XIV, só que em inglês coloquial: keep it simple, stupid! em um português mais elegante, é dizer que, nas mesmas condições, deve-se preferir explicações simples às complicadas. e, entre as ferramentas e aparatos que podem mediar a solução de um problema, haveremos de preferir os [muito] mais simples aos mais complicados, desde que eles exerçam o mesmo papel. são os sistemas "fáceis, móveis e sociais" comentados aqui, dos quais depende boa parte da nossa vida informacional e o presente e futuro das empresas.

taí. vivemos em um economia e sociedade do tipo KISS. e nada a ver com kiss of death, o beijo da morte. pois informação, conhecimento e serviços serão centrais na sociedade por muito tempo e simplicidade, ainda bem, está na moda. pra ficar.

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