está no título: empresas são abstrações. o que vale, de verdade, são as pessoas dentro delas e suas relações. fora da empresa, há uma imensa variedade de processos e tecnologias, todos implícitos, que levam as pessoas a incrementar suas relações e atritos [a maioria dos quais] construtivos. além dos bares, quadras e encontros do mundo real, isso tem a forma de blogs, chats, podcasts, redes sociais, bookmarking coletivo… e o que mais apareça pela nossa frente. nas empresas, a maioria destas tecnologias -em quase todas as empresas- é suspeita.
por quê? porque desafia, quando não desmonta, a hierarquia. mas e daí? o mundo não é plano mesmo? será que ainda é possível fingir que o comando-e-controle vai vencer a rede-articulada-que-entrega-resultados? pelo menos no trabalho que depende de aprender e desaprender, no trabalho inovador, acho que não.
as empresas -em sua vasta maioria- continuam tentando manter a ordem dentro de casa, uma ordem de cima pra baixo, que organize seus colaboradores a entregar resultados no fim do mês. só que a empresa, como organizador e ordenador do trabalho, parece estar com seus dias contados.
empresas farão negócios. criarão marcas e reputações. nós faremos o trabalho, alguns de nós no miolo do negócio, dentro da empresa, porque senão ele não terá alma. e sem alma não há inovação, sem o que a economia e sociedade começam a andar de ré.
mas a grande maioria de todos os trabalhadores de conhecimento, no futuro, fará parte de organizações virtuais, às vezes de muitas delas ao mesmo tempo, exercendo funções diferentes em cada uma.
qual seria a surpresa? já não é assim? quanta gente não é balconista num lugar, líder em sua comunidade, síndico de seu prédio e, ao mesmo tempo, o pior jogador da pelada e lá, de volta, está a reboque do time inteiro?
na vida real, concreta, estamos divididos, para somar e multiplicar, em muitos papéis e times diferentes. nas empresas, parte de nossa vida abstrata, vamos fazer o mesmo. e só nas empresas que sobreviverem.
as que continuarem pensando que sua força de trabalho está sob controle centralizado, obedecendo a um mesmo comando uníssono e replicando suas ordens ao mundo inteiro… felizmente… não chegarão ao futuro. ainda bem.
as que vão chegar lá e estarão vivas em um mundo e economia em rede, em todos os lugares e de forma muito intensa estão procurando, hoje, atingir um efeito de escala interno-externo nas redes sociais em que o negócio e seus colaboradores, simultaneamente, fazem parte…
o texto acima foi publicado pelo autor em 2007, num site atualmente fora do ar. aqui, serve para retomar uma reflexão sobre o assunto e conectar outros textos sobre empresas e redes sociais publicados recentemente aqui no blog. em fevereiro, discutimos as restrições ao uso de redes sociais nas empresas, no país, em dois textos: brasil lidera uso de restrições sociais no trabalho e militares mais liberais que civis?, onde mostramos que as forças armadas americanas têm menos restrições ao uso de redes sociais do que as empresas brasileiras.
depois, publicamos uma série que começou com uma discussão sobre a influência de redes sociais, passou pela pergunta “por que um negócio [qualquer] precisa de uma estratégia de redes sociais?” e considerou uma matriz de estratégias de conexão dos sites empresariais a redes sociais; a partir daí, tratou dos primeiros cinco estágios de estratégia de redes sociais de um negócio qualquer, de onde partimos para tentar entender porque é preciso a empresa “ser” uma rede para almejar “estar” na rede… e os primeiros estágios de porque e como precisamos integrar a rede que a empresa é com as redes que a representam no espaço das redes sociais abertas; por fim, fizemos um sumário da história toda e apontamos para possíveis futuros.
é um monte de coisa; se você tiver interesse e tempo, boa leitura; nos textos acima, há mais de cem links, bastante atuais, sobre as conexões entre redes sociais, estratégia e empresas.