há pouco mais de um ano, este blog publicou um texto sobre o "dilúvio informacional" dentro do qual tentamos navegar no imenso oceano de dados em rede do mundo contemporâneo, para entender um pouco da era da informação e do conhecimento. nosso ponto de partida foi um relatório especial da economist sobre como estamos gerando dados e vivendo cercados por eles, quase sem ter como escapar.
inclusive porque já estamos na situação em que a torrente de informação gerada por pessoas e sistemas, informatizados e conectados, já não tem nem mais onde ser guardada, como mostra o gráfico ao lado. e isso há tempos: desde 2007, se cria bem mais informação do que os sistemas de arquivos podem armazenar. mas não é só a criação que importa, é o fluxo de informação também: segundo a CISCO, o tráfego global na internet cresceu 45% em um ano [entre 2009 e 2010], chegando a 15 exabytes por mês. e os sinais são de que tal fluxo será quatro vezes maior em 2014, chegando a 767 exabytes no ano. leve em conta que um exabyte é um quintilhão de bytes, algo com nada menos que 18 zeros depois do 1… e pense no volume de dados indo de um ponto a outro na rede mundial.
se você clicar no histograma acima, vai cair num sistema [simples, vá lá] que permite explorar os dados que a CISCO, um dos maiores provedores mundiais de sistemas para a internet, vem coletando há tempos sobre a rede. neste histograma, se você clicar uma das setas da linha de baixo, aparece…
…lembrando que os últimos dados consolidados que a empresa tem são de 2009, 2010 estando para sair. mas pense: dados móveis, a parte roxa do histograma, que ficava escondida em 2009, será quase 40 vezes maior em meros cinco anos. isso tem a ver com você, eu e todo mundo que a gente conhece usando a rede de dados móveis ou querendo usá-la assim que pintar na sua localidade ou tiver como pagar por ela.
resultado ? uma pesquisa [limitada, é verdade] da magnify, especialista em "curadoria de informação", descobriu que…
…quase 50% dos respondentes está na rede durante todo o tempo em que está acordado. não sei vocês, mas este é o meu caso; meu modo offline coincide com minhas [poucas] horas de sono. até porque, nos momentos em que não estou interagindo com os dispositivos que me conectam à rede, eles, por iniciativa própria [e configuração minha], sincronizam meu emeio, agenda, baixam atualizações e por aí vai. isso se, sem minha autorização explícita, alguma coisa que não deveria estiver vazando para alguém que não sei nem quem é.
qual é o impacto desta conectividade em larga escala no ambiente de trabalho? olhe o que diz a imagem abaixo: mais de 3/4 das pessoas diz que seu trabalho requer disponibilidade online, mais de 40% percebe que os clientes esperam poder contactá-los a qualquer hora e mais de 30% acha que seus colegas deveriam estar disponíveis para interação a qualquer tempo.
por baixo, por baixo, é possível dizer que pelo menos 30% de todos os trabalhadores está online o tempo todo e pronto para colaborar na solução de problemas do seu negócio. colaboração é coisa de time. isso envolve conceitos [saber], capacidades [saber fazer] e conexões, ou acesso à rede que sabe o que você não sabe e faz o que você não consegue. e que tem chaves, senhas, autorizações e poderes que você não tem ou, se é você que tem, está onde você não está e faz coisas que você nem imagina fazer.
lembrando que o negócio da magnify é "curadoria de informação", processo que envolve seleção e edição de material relevante para fins específicos, uma das descobertas do estudo é que…
…mais de 60% das pessoas consultadas manifestaram o desejo de filtrar seu fluxo de dados, certamente de forma mais efetiva do que fazem hoje.
taí um grande negócio, e não só para a magnify, claro. se você já usa a caixa de entrada prioritária do gmail, sabe do que estou falando. claro que está longe de ser um sistema ideal e mais claro ainda que filtra "só" emeio. mas já é uma grande ajuda. o conjunto de filtros [como esse] que uso no meu emeio descarta, sem minha intervenção, 99% de todas as mensagens que me são dirigidas.
imagine ter um conjunto de filtros, programáveis de forma simples e por qualquer um, que lhe desse um controle bem maior sobre os fluxos de informação dos quais você, queirando ou não, [tem que] participa[r]. taí uma das coisas que aumentaria, e de forma significativa, a qualidade de vida de quem, por obrigação ou não, tem que viver em rede, o tempo todo.