depois de tanto tempo falando de redes sociais e as possíveis estratégias organizacionais para criar presença de qualidade no mundo conectado ao seu redor, chegou a hora de fazer um sumário da história toda e apontar para os possíveis futuros.
já no texto anterior, que descrevia o sexto nível de competência estratégica em redes sociais, apontamos para níveis de integração que não fazem parte, na maioria dos casos, nem do imaginário da maioria das empresas hoje. faz parte: como todo mundo ainda está preocupado em entender qual é mesmo o significado das redes sociais [virtuais] no mundo dos negócios, não deveria ser de outra forma.
pra quem acabou de chegar na conversa, a série de textos sobre estratégias de negócios em redes sociais do blog começou por uma discussão sobre a influência de redes sociais, passou pela pergunta “por que um negócio [qualquer] precisa de uma estratégia de redes sociais?” e considerou uma matriz de estratégias de conexão dos sites empresariais a redes sociais; a partir daí, tratou dos primeiros cinco estágios de estratégia de redes sociais de um negócio qualquer, de onde partimos para tentar entender porque é preciso a empresa “ser” uma rede para almejar “estar” na rede… e, no texto anterior, os primeiros estágios de porque e como precisamos integrar a rede que a empresa é com as redes que a representam no espaço das redes sociais abertas.
saindo deste último nível de competência estratégica…
seis: …a empresa ou instituição que já tem e usa redes sociais internas começa a conectar suas comunidades internas à sua presença na web [o velho “site”] e às redes sociais externas à organização…
…o que vem depois? olhe que o desenho institucional para uma estratégia de redes sociais corporativas, neste sexto estágio, já é algo complexo, como mostrado na figura abaixo, repetida do texto anterior. clique na imagem pra ver –em detalhe- o que estamos querendo dizer com ela. quando sua empresa houver atingido o nível de competência em redes sociais representado pela figura, o que se há de fazer pra chegar no topo é aprofundar a integração entre as redes sociais internas e externas ao negócio.
se chegar no nível seis foi difícil –e será, para muitos- passar dele talvez seja tarefa –hoje- para muito poucos. a razão simples é que, nos próximos níveis, a corporação deve se abrir, mais e mais, para as redes sociais ao seu redor, até se tornar –só e somente- uma rede social una. primeiro, talvez não seja para todos os tipos de negócio; segundo, para aqueles aos quais a ideia faz sentido, a mudança é muito mais da filosofia e práticas do que na integração de tecnologias [de redes sociais ou não] aos negócios. até aqui, novidade zero: estamos tratando de inovação em grande escala e isso não é, somente, troca de ambientes ou ferramentas; é, muito mais, revolução cultural, coisa que não se faz porque se quer fazer, mesmo quando se tem poder ou dinheiro para tal. gente, no meio da conversa, querendo fazer outra coisa, ou não querendo fazer coisa nenhuma, é o que tem que ser tratado e negociado, às vezes por muito, muito tempo.
mas digamos que você chegou no nível seis. o que viria depois?
sete: ao invés de simplesmente conectar as redes sociais internas e externas [e seus sites], a corporação passa a integrar, paulatinamente, sua rede social interna às redes externas e ao site.
isso quer dizer que capturar informação das redes sociais externas [ou projetá-la, das redes internas para as externas] já não basta; parte do conhecimento do negócio advém de conversações que ocorrem em redes sociais externas; parte das competências, da criatividade, inovação e, quem sabe, da execução do negócio vem de ou mesmo ocorre em redes sociais externas ao negócio.
como estamos falando de uma ecologia de negócios sociais [ou em redes sociais], parte da sua cadeia de valor começa a se integrar através de conversações que ocorrem nas redes sociais dos mais variados agentes que participam da sua rede [e não “cadeia”] de valor. uma ecologia de negócios corresponderia a uma ecologia de redes sociais dos mais diversos negócios envolvidos e as relações de todos com seus parceiros e aliados. senão, como é que eu vou saber que um dos meus melhores fornecedores usa trabalho quase escravo nos seus processos?… o que não se quer, em tais casos, é saber do fato pela mídia, a posteriori. é sempre muito melhor, quando sua empresa atinge tal nível de competência, que o burburinho que levaria a tal escândalo seja identificado muito antes do fato consumado e as causas efetivamente tratadas e corrigidas, na raiz, de uma vez por todas.
pense no vazamento de óleo do golfo do méxico, por exemplo. mais tempo, menos tempo, toda a verdade vem [junto com o óleo, infelizmente] à tona. se houvesse menos assimetria de informação no processo [mais integração entre as redes sociais dentro de fora da empresa exploradora] talvez providências tivessem sido tomadas [pela empresa, inclusive] muito antes da situação se tornar catastrófica.
passou pelo nível sete? quer dizer que você integrou “suas” redes sociais às “outras” redes sociais, públicas e de outras corporações de sua cadeia de valor? então é hora de passar para o nível…
oito: aqui é onde você tem que desenrolar uma estratégia de viralização das conversações corporativas. sem esquecer que redes sociais não são parte de sua máquina de marketing e propaganda, o conhecimento organizacional, neste nível, transcende a empresa e começa a estar em todo o lugar onde há gente que conversa sobre a empresa, seus produtos e serviços.
o que não quer dizer que, para o bem ou para o mal, eliminamos toda a assimetria de informação. assimetria será importante sempre, até porque uma comunidade nem sempre sabe o que quer e “lampejos de criatividade” fazem um bem danado à humanidade, estabelecendo caminhos alternativos à norma vigente. a tendência natural e grupos e corporações é fazer mais e melhor o que já vinha sendo feito, ao invés de fugir da norma e fazer algo diferente. de resto, assimetria de informação é parte essencial do humano e da humanidade, coisa que certamente não queremos perder de uma vez por todas.
no a.m.i.g.o.s, infraestrutura de redes sociais corporativas para gestão de conhecimento que citramos anteriormente, tudo pode ser 1. privado [só eu acesso], 2. restrito [só acessa quem eu, que criei a coisa, permito] e 3. aberto, caso em que todo mundo acessa. e tudo pode ser promovido de 1 > 2 > 3 ou rebaixado de 3 > 2 > 1, por quem tem direitos de administrador ou criador. e isso não foi inventado pelos desenhistas do sistema, mas uma demanda dos potenciais usuários.
finalmente, já que você passou por um estágio de transformação real de seu negócio em uma rede onde tudo o que pode e deve ser aberto e colaborativo o é, o próximo e último estágio é o…
nove: a empresa –ou empreendimento- é uma rede social de fato; toda a conversa [corporativa] é viral e os processos de negócio, internos e externos, são realizados em comunidades das mais diversas redes sociais, inclusive e principalmente a sua.
a aí você –e seu negócio- chegaram lá. o principal problema, aqui, passa a ser o de manutenção. um velho professor um dia me disse que a diferença entre a barbárie e a civilização é a manutenção. difícil imaginar algo mais verdadeiro sobre famílias, negócios, economia e sociedade em geral; à medida em que se deixa a manutenção pra lá, assumindo que as coisas cuidarão de si próprias, a degeneração é inevitável e tudo termina na ruptura dos processos essenciais que –no caso das empresas- deveriam servir de cola entre o negócio e seus clientes e usuários.
não corra, nunca, tal risco. transformar todo o seu negócio, inclusive suas ações mais básicas, em um conjunto de processos virais em redes sociais pode lhe ajudar muito a perpetuar a empresa, até porque, caso você se desinteresse e a coisa, ainda assim, continue fazendo sentido, haverá um monte de gente, em e na sua rede, capaz de continuar o negócio. fechado, isolado, talvez a coisa morresse; em rede, talvez não.
redes sociais vão ser um elemento fundamental para o que se chama business continuity, a continuidade dos negócios. desde o nível zero da nossa hierarquia estratégia [isolado, seu destino é o grande cemitério dos CNPJ…] até o nove [totalmente conectado, viral, verdadeira empresa em rede, seu negócio é sua rede e talvez possa independer de você…], as empresas serão cada vez mais pautadas pelas suas conexões e capacidade de sobreviver em rede.
e não poderia ser diferente de jeito nenhum. sociedade e economia, afinal, não são nada mais nada menos do que uma grande rede de redes sociais. pena que levamos tanto tempo para começar a ter mecanismos efetivos de deslocalização e dessincronização destes ambientes, para permitir que muito mais gente participasse de tanta coisa interessante em todo e qualquer canto e tempo.
se você não fez nada –sobre isso- até agora, não perca tempo. escolha um alvo estratégico e comece a se mover. rápido. você –nem ninguém- tem muito tempo…