nos EUA, por uma margem muito pequena, os eleitores decidiram estender o mandato do presidente por mais quatro anos. e quem terá que encontrar uma boa resposta para a “pergunta de christensen”, sobre o que tem que ser feito para os estados unidos voltarem a crescer é o presidente obama. não vai ser fácil, porque a oposição tem ampla maioria numa casa legislativa e o governo, na outra. e pode ser que os EUA continuem andando de banda por muito tempo, levando o mundo junto.
aqui no brasil, contra tudo o que o governo queria e articulou, a câmara, por uma ampla margem [296 a 124], aprovou, e enviou para sanção, as novas regras dos royalties do petróleo. como o executivo federal quase não tem oposição, seria de se supor que tal diferença foi a favor da proposta do planalto. não: o aprovado é muito diferente da proposta do governo. segundo aliados próximos [há os aliados próximos, de todas as horas, e os distantes, que só aparecem vez por outra…], a presidente deverá vetar o texto aprovado e o processo pode embolar ainda mais.
onde que os dois processos se parecem? nos EUA e aqui, as regras do jogo levam a caminhos decisórios em que os mandatários, querendo mandar, não conseguem. e isso acontece porque as regras do sistema, hoje, lá e cá, quase garantem que isso… o mandatário mandar… não aconteça. de mais de uma forma, os presidentes dos dois países são capturados, sempre que a oportunidade aparece, por quem melhor faz uso das regras. vide o impasse orçamentário americano, que quase fez o país parar há algum tempo… e o eterno impasse político brasileiro, onde a política de verdade é muitas vezes substituída pela politicagem, quando cargos, benesses e favores têm que ser usados, em quase todos os níveis de governo, pra “articular” apoio a projetos de interesse do executivo. aí não é possível mudar muita coisa, nem lá, nem aqui, nem em lugar algum…
onde estão as diferenças? nos EUA, uma parte do pensamento nacional descobriu que precisa mudar as regras do jogo para voltar a ter um país competitivo, capaz de fomentar muito mais inovação e empreendedorismo do que existe hoje, face a ameaças que estão deslocando os eixos econômico e de poder globais para a ásia [olhe este link]. começa-se a entender que um ambiente nacional que fomente, deliberada e objetivamente, inovação e empreendedorismo de longo prazo é condição sine qua non para a [re]criação de trabalho e emprego de qualidade em todos os prazos. o debate está se articulando, por lá, e talvez surta efeito no médio e longo prazos. pra entender porque, leia este link.
aqui, à exceção de algumas poucas vozes, sempre descontadas como pessimistas, continuamos discutindo a velha problemática nacional, da falta de infraestrutura que reduz a competitividade do campo ao baixo investimento em quase tudo o que precisaríamos fazer no presente para ter um outro futuro no futuro [inclusive mais e melhor educação, que era uma das propostas da lei dos royalties…], sem nem ao menos tentar mudar as regras que nos mantém reféns da pequena política. aí não vai acontecer nada de novo mesmo. daqui a uma, duas décadas, reclamaremos do tempo que perdemos, do bônus demográfico que deixamos passar [acaba em 2025, que é logo ali], das reformas que não fizemos e, do jeito que vai, que não faremos.
nos EUA, o presidente não pode concorrer a um terceiro mandato. deveria tentar, agora, mudar as regras. a mudança seria seu principal legado. a presidente dilma pode concorrer a um segundo mandato e, justamente por isso, deveria tentar, e agora, mudar as regras. senão, pra que um segundo mandato?… pra ser derrotada, em assuntos de interesse nacional, pela sua própria “maioria”?…
no contexto de inovação em pequena e grande escala, no curto e médio prazos, este foi o assunto do bits da noite de ontem com cristina coghi, na CBN. ouça…