google tem, por autodesignada missão, organizar toda a informação do planeta. mas boa parte da informação que há por aí está nas redes sociais, pela simples razão de que nós todos estamos lá, conversando com nossos “amigos”, quer dizer conhecidos ou, ainda melhor, “relações” [ou pessoas de nosso relacionamento?].
por todos, acima, entenda quase todos mesmo: no brasil e entre os maiores de 18 anos, 98% sabem o que é uma rede social; aqui, entre os maiores de 18 anos que estão na rede, 95% participam de alguma rede social. gregário, este povo.
pra google, poderia ser uma solução, mas é um problema. a empresa perdeu o bonde de redes sociais em todos os países menos dois: a índia, onde orkut empata com facebook em número de usuários e no brasil, onde o serviço de relacionamentos de google passa, em muito, facebook.
mas isso pode ser por muito pouco tempo: ano passado, o número de usuários de facebook no brasil passou de um para oito milhões. bem menos do que os vinte e oito milhões de usuários de orkut, mas um crescimento espetacular para um único ano. se o tamanho do facebook brasileiro estiver dobrando este ano… pode ser que orkut, aqui e em breve, tenha o mesmo fim de mySpace no mundo. ou seja, deixe de ser relevante. e desapareça.
esta discussão é muito, mas muito importante e relevante nos e para os negócios da web, porque as pessoas tendem a dar muito mais atenção ao que outras pessoas falam e apontam do que a confiar nas recomendações de máquinas como o engenho de busca de google. o boca-a-boca das redes sociais pode determinar muita coisa, inclusive compras; grupos formados nestas redes podem influenciar muita coisa, de política a governos, passando por comportamentos de todos os tipos.
e facebook está crescendo como cresce [duas vezes nos EUA, tres no méxico, quatro na alemanha, oito no brasil em 2009] e tem meio bilhão de usuários porque é bem mais do que uma rede social: é uma plataforma para desenvolvimento de aplicações na rede e estas aplicações podem ser, lá, sociais, ou seja, posso fazer algo que, dentro de facebook, está “naturalmente” numa rede social; posso pular todos os estágios de formar a comunidade para um [digamos] novo site, por exemplo, porque, se meus usuários em potencial estiverem lá [mark zuckerberg, o menino que toca a coisa, fala em um bilhão de usuários fácil…] e minha aplicação for interessante e relevante, uns convidam os outros e, de repente, a custo muito baixo, posso ter dezenas, centenas de milhares de usuários usando meu “serviço social” sobre a plataforma de facebook.
simples de fazer? não, muito complexo. mas facebook está anos na frente da competição e, agora, está atrás de google, aliás de orkut, que não tem nada minimamente parecido ou tão popular. ou talvez venha a ter, na forma de zynga, os carinhas por trás de farmville, que podem vir a ser a galera de google games…
esta disputa, este corre-corre, é bom pra todo mundo; ruim seria se uma só companhia, realmente, organizasse toda a informação do planeta, seja ela quem fosse, google, facebook ou microsoft. cada uma –e outras- pode e até tem que ser grande; gigantesca, se for o caso; mas tem que haver muitas delas e alternativas a cada uma delas. antes de sermos gregários, o somos por sermos diferentes, diversos, variados.
por sermos inquietos, no topo disso tudo, é que facebook passou mySpace, deve passar orkut e, se tudo correr bem, vai ser passado por alguém ainda mais interessante, simples e mais facilmente programável em breve, daqui a uns –digamos- cinco anos. tomara que empreendedores brasileiros estejam pensando justamente nesta oportunidade…