internet antes ou depois de educação?

Dados do IBGE, vindos da última PNAD [a pesquisa nacional por amostra de domicílio] mostram que a unidade da federação onde o acesso à internet cresceu menos, entre 2005 e 2011, foi o distrito federal, quase exatos 100%. e não podia ser muito mais, pois em 2005 41,1% das pessoas já  estavam na rede, lá. se bem que o IBGE considera “em rede” quem usou a internet nos últimos 3 meses. não é bem isso que “estar em rede” quer dizer, mas esta é a definição, e vamos com ela. a evolução dos estados e do distrito federal está no gráfico abaixo. compare.

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quem mais cresceu em uso foi alagoas, até porque sua situação, em 2005, não era nada boa. os estados do nordeste estão no fim da fila, com o maranhão lá no fim. é muita coisa pra fazer, ainda. é hora, também, do IBGE mudar a definição de acesso à internet: uma vez, nos últimos tres meses, é pouco: na próxima pesquisa, menos do que uma vez por semana, talvez por dia… seria fora da rede. e fora da rede está, pelo critério atual, mais da metade da população. no norte e nordeste, 2/3 estão na categoria “sem rede”. olhe o gráfico, agora mostrando a evolução entre os anos de 2005 e 2011.

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idosos, categoria na qual me incluo, pois o IBGE só fragmentou idades até chegar em 50 anos ou mais na tabela abaixo, não estão nada bem na foto. menos de 20% desta faixa de idade está em rede, com mais de 4/5 desconectados. não só eles não sabem o que estão perdendo [ou sabem?] mas a rede poderia ser fundamental para suas aspirações, propósitos e qualidade de vida.

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há um bocado de divisões na rede, como você poderá ver no texto completo do IBGE, que está neste link. mas uma, em especial, impressiona: a que separa, de forma dramática, o uso da rede por anos de estudo. a faixa de menos de 4 anos de educação formal tem só 1/4 de penetração na rede comparada à média, e menos de 1/7 quando comparada aos que têm 15 ou mais anos de estudo. veja a imagem.

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considerando que 96.2% dos estudantes com 10 anos ou mais estavam na rede em 2011 [ainda pelo critério do IBGE] há muitas explicações para a separação dos que estão fora da rede e nela, quando se considera os anos de educação a menos. o começo da história passa pela constatação de que, em média, menos educação leva a menor poder aquisitivo [falta de meios para estar na rede], associado à falta de condições básicas para participar da web de forma cidadã, isto é, na capacidade de ler, entender, assumir uma posição, criticar, escrever, participar dos processos. o danado é que ainda há 41% de jovens brasileiros acreditando que estudar além do ensino médio não melhora sua empregabilidade, como mostra pesquisa recente da mcKinsey, neste link. no mesmo estudo, 48% dos empregadores brasileiros diz que a falta de habilidades para o trabalho pretendido é  a principal razão por trás de vagas abertas e não preenchidas. veja o gráfico…

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como é  que o problema, que é grande, é  transformado em oportunidade? como quase todos os alunos estão na rede, pelo critério atual, que tal mudar o critério, para os alunos, todos, para “em rede” ser pelo menos uma hora de rede, por dia, e levar todo mundo pra estudar em grupo, em rede social, na rede?… não se trata de de estudar muito tempo, primeiro, para entrar e estar na rede competentemente depois. isso é o passado, explica o estado atual do gráfico 6 do IBGE, lá em cima.  não se trata de discutir se internet vem antes ou depois da educação. nós já temos evidências suficientes para saber que vem –ou deveria vir- com educação. o que a gente precisa, agora, é criar oportunidades de aprendizado em rede pra um monte de gente, todo mundo, em todas as escolas, jardim à universidade. educado com, na e em rede, este povo todo jamais sairá de lá. e aí o mundo vai mudar. de vez.

vai levar tempo? vai. mudar estruturas sociais como a educacional, em países do tamanho e complexidade do brasil, partindo do estado de coisas representado pelo resultado da PNAD para internet, exige propósito, determinação, investimento, tempo e, com ele, muita paciência. mas os resultados virão. é só começar. é hora.

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