com mais uma CPI em andamento, consolida-se a impressão de que o congresso nacional está fechado há tempos. envolto em uma malha de negociatas, denúncias e suspeitas, a casa maior da democracia põe em risco os princípios fundamentais da democracia representativa. afinal, se são estes nossos representantes [com as usuais e sempre raras exceções], pra que representação? aí, como se sabe desde a primeira ditadura, é que mora o perigo. mas vamos imaginar o melhor caso, que é o de um rearranjo para melhor na democracia como um todo. e lembrar que este ano, de novo, há eleições para prefeitos e vereadores de mais de 5.500 cidades.
na última eleição, quase que as redes sociais deram o ar de sua graça e ajudaram a definir o resultado. uma das campanhas presidenciais tinha uma grande simpatia online mas não conseguiu traduzir isso [daquela vez, pela última vez?] em votos e numa mudança radial do processo. de 2010 pra cá, mudou muita coisa nas redes, no brasil. pra começar, smartphones estão começando a se tornar lugar comum, ao invés de raridade. já somam entre 30 e 40 milhões. na eleição de 2014, poderão ser 75 milhões. cada dois eleitores, em média, um smartphone. conectado, móvel e em rede social, obra dos planos “use-o-quanto-quiser-[se-houver]” a R$0,50 por dia. e o brasil só perde para a china quando se compara o compartilhamento de conteúdo online. nos manifestamos três vezes mais, em média, do que americanos e ingleses. se esta eleição “pegar”, online, será bem diferente de 2010. mesmo?
pra responder, pense: em que “mídia” você vai acompanhar a campanha e as eleições? isso se “seus” candidatos tiverem os próprios “canais” e conexões e conversações diretas com você, especialmente nas milhares de cidades que não têm jornal e onde TV e rádio são, quase o tempo todo, programações nacionais. redes sociais, claro, não são “mídia” nem servem de “canais” entre você e os candidatos. são espaços, redes de conectividade para interação onde se espera [você espera?] que o “candidato” tenha tempo para interagir e que o ambiente criado para tal permita que você tome, literalmente, partido, participando do processo como cidadão de primeira classe e não, simples e puramente, como eleitor. na medida em que os concorrentes aos pleitos municipais se apresentam e o processo eleitoral se desenha, vamos ver, mais uma vez, o que acontece. será que vai ser uma eleição “social”, com muito mais gente participando e discutindo os assuntos que poderiam definir uma eleição consciente ou… mesmo nas redes sociais, só mais um embate de preconceitos e ofensas, que em nada vai contribuir para uma melhoria na representação popular e gestão pública, como em 2010?