pense no ambiente militar: cada coisa em seu lugar, cada um com sua função, tudo ordenado [literalmente] de cima pra baixo… e você acaba pensando, também, que o ambiente de trabalho, por lá, não deve ser muito liberal.
liberal, por uma das definições do dicionário, quer dizer… “que ou o que preza a liberdade de opinião e de ação; que ou quem mantém o espírito aberto, tolerante…” e, olhando de longe, os tais comandos militares certamente poderiam ser definidos através dos antônimos de tudo isso.
mas não é que o departamento de defesa americano decidiu liberar o uso de redes sociais para combatentes? e a partir, inclusive, dos computadores das bases e missões militares? a notícia está bem aqui, no defense.gov, e é comentada neste artigo da bbc. não só liberaram youTube, twitter, facebook e as redes sociais como um todo, mas a idéia é aproveitar o “fenômeno da web 2.0”, segundo david wennergren, que cuida de TICs no departamento de defesa americano. ouça a ordem do dia, lá, sobre militares e redes sociais:
“The world of Web 2.0 and the Internet provides these amazing opportunities to collaborate. It not only promotes information sharing across organizational boundaries and with mission partners, but also enables deployed troops to maintain contact with their loved ones at home”…
…o mundo da internet e web 2.0 nos oferece amplas oportunidades de colaboração, promovendo não só o compartilhamento de informação entre limites organizacionais e com parceiros na missão, mas também permite que os soldados no campo mantenham contato com seus entes queridos em casa. muito, muito interessante, não é?
no topo disso, já dá para ver coisas como esta: o almirante mike mullen, chefe do estado maior das forças armadas americanas, está no twitter, onde tem quase 17 mil seguidores [clique na imagem e você vai direto à página dele].
o almirante mullen também está no flickr, facebook e youTube, assim como, a partir de agora, qualquer um de seus subordinados, desde que tal participação não ofereça riscos à missão sendo desempenhada.
pense nas implicações disso tudo… e compare com o último texto publicado neste blog, que dava conta do grau de restrição ao uso de redes sociais nas corporações brasileiras:
…aparecemos também em primeiro lugar em uma outra competição, a dos países onde mais se controla o uso de redes sociais no ambiente de trabalho. estudo da manPower com 34 mil empregados em 35 países mostra que 55% das empresas brasileiras têm alguma política para restringir o uso de redes sociais pelos seus colaboradores, contra uma média de 20% no mundo. na argentina, peru, japão e estados unidos, este número é perto de 25%; na europa, a média é 11%, sendo que na alemanha e suíça só 6% das empresas têm restrições ao uso de mídias sociais, número que cai para ínfimos 2% na frança.
e aí? no embate entre o centro querendo controlar e as bordas querendo se expressar [e se relacionar], pra quem torcemos? para a liberalidade dos militares ou para o controle, censura, acanhamento e sovinice informacional das empresas?…