um exercício de futurologia do gartner group identificou as dez principais tendências do mercado de mobilidade para 2012, que é logo ali. nesta série, estamos dando conta de cada uma das indicações do gartner e hoje é dia da sétima:
7: Near Field Communication Services
Near field communication (NFC) allows contactless data transfer between compatible devices by placing them close to each other, within ten centimeters. The technology can be used, for example, for retail purchases, transportation, personal identification and loyalty cards. NFC is ranked No. 7 in Gartner’s top ten because it can increase user loyalty for all service providers, and it will have a big impact on carriers’ business models. However, its biggest challenge is reaching business agreement between mobile carriers and service providers, such as banks and transportation companies. Gartner expects to see large-scale deployments starting from late 2010, when NFC phones are likely to ship in volume, with Asia leading deployments followed by Europe and North America.
NFC permite troca de informação entre dispositivos em um raio pequeno [tipicamente 10cm] e é uma extensão da tecnologia por trás de RFID e dos cartões de transação sem contato. desde o princípio, o padrão foi pensado para estender a gama de transações usando telefones celulares. as transações usando NFC, claro, não passam pela mesma infraestrutura de dados da operadora, a menos [e os casos são muitos] que ela opere, também, a infra de NFC.
o gartner incorporou NFC em sua lista até porque alguns dos outros serviços de grande perspectiva de negócios no futuro próximo também listados têm a ver com ou dependem [pelo menos em parte] de NFC, como pagamentos móveis, serviços baseados em localidade e monitoramento pessoal e de serviços associados à saúde, como a embalagem de comprimidos que “conversa” com o celular na figura abaixo.
mas a utilização de NFC ultrapassa em muito tais limites: pense em qualquer tipo de identificação, desde a chave da porta de sua casa ao cartão de embarque do próximo vôo [veja abaixo], passando pelo crachá da empresa e cartões de acesso a todos os tipos de serviço que, por trás, você poderá estar usando, em breve, algum tipo de sistema que depende de NFC.
e o melhor é que pode ser, para todos os serviços, o mesmo chip, embutido no celular que já anda com você o tempo todo. busque o filme, escolha a sala, depois a cadeira, compre o ticket, que ficará depositado no celular e que, depois de lido no totem da entrada do cinema, vai lhe dar acesso à diversão. processos equivalentes podem ser pensados para quase tudo onde, hoje, precisamos obter alguma espécie de ticket para conseguir algum tipo de produto ou serviço.
se você está pensando que já existe algo parecido no seu celular, que atende pelo nome de bluetooth. existe mesmo. só que o tempo para estabelecer uma conexão bluetooth [>5s] é muito maior que o de NFC [<0.1s], apesar do primeiro ser cinco vezes mais rápido e ter um alcance cinquenta vezes maior. o tempo quase imediato de estabelecimento da conexão e o alcance muito limitado são vantagens essenciais para NFC.
imagine que você programou a aplicação que usa NFC para realizar, automaticamente, transações de pequeno valor, tipicamente as associadas a sistemas de acesso a transportes públicos [ou a máquinas de venda de refrigerantes, por exemplo]. isso é muito legal e economiza tempo quando se usa NFC, porque você tem que estar a 10cm da catraca de entrada do metro –o que quer dizer na catraca- para que o dinheiro saia da sua carteira eletrônica para o metrô. e aí não é preciso senhas, biometria, nada. é só chegar perto. usando bluetooth, tudo o que estiver num raio de dez metros pode querer conversar com –e tirar dinheiro de- seu celular, o que torna a coisa muito mais lenta, complicada e arriscada.
mas NFC não será usado apenas para pagamentos, identificação ou monitoramento. imagine um canal bidirecional de comunicação de centenas de kilobit por segundo no seu celular [ou qualquer tipo de dispositivo que possa prover ou consumir informação, como uma TV, um display, poster, mapa, ônibus…] e pense nas possibilidades, de jogos a P2P, incluindo hacking, que é uma possibilidade muito séria, por sinal. o mundo, claro, não é perfeito. na verdade, nunca será, mesmo que vá ficando, para muitas coisas, muito mais fácil de ser usado.
claro que NFC não funciona só para quem tem celular. a tecnologia está embutida em cartões de todos os tipos e, em cingapura [por exemplo] já há seis milhões de cartões do tipo “contactless” [como o mostrado na figura abaixo] em circulação.
o governo de lá resolver investir pesadamente nos sistemas de captura de transação baseados em NFC, talvez para tornar a ilha-cidade-estado o primeiro lugar do planeta a prescindir de dinheiro em sua forma física, além de reduzir os custos de transação, para as lojas, de 15 a 50%, o que não é pouco.
mas é muito mais provável que o casamento que dê certo, muito certo, no longo prazo, seja mesmo celular e NFC, como demonstra o caso dos celulares “osaifu-keitai” habilitados com tecnologias do tipo felica, no japão. é esperar pra ver.