este é o penúltimo de uma série de posts comentando uma lista de dez previsões do gartner group para o mercado de mobilidade daqui a três anos. já falamos de um monte de coisas, incluindo serviços baseados em localização, busca móvel, navegação idem, serviços financeiros e NFC [ou comunicação a curta distância] e hoje é o dia de…
9: Mobile Instant Messaging
Price and usability problems have historically held back adoption of mobile instant messaging (IM), while commercial barriers and uncertain business models have precluded widespread carrier deployment and promotion. Mobile IM is on Gartner’s top 10 list because of latent user demand and market conditions that are conducive to its future adoption. It has a particular appeal to users in developing markets that may rely on mobile phones as their only connectivity device. Mobile IM presents an opportunity for mobile advertising and social networking, which have been built into some of the more advanced mobile IM clients.
…chat no celular, que é pra que seria usada uma infraestrutura móvel e interoperável de mensagens instantâneas. mobile instant messaging, ou MiM, é o futuro do que hoje, na quase totalidade dos celulares, é feito usando SMS. quem só tem SMS [e não internet e uma conta de dados] o transforma em emeio e iM e gasta uma fortuna ao fazer isso, pois o brasil tem um dos SMS mais caros do planeta, como mostra o gráfico abaixo.
o título do histograma [da consultoria teleco] não reflete os dados; melhor seria “brasil tem um dos SMS mais caros do mundo”. mas será que, com preços tão altos, as operadoras brasileiras ganham muito com dados? não. na venezuela [SMS a US$0.03], dados são 31% do negócio; no brasil, [SMS a US$0.15 e mais], dados representam apenas 14% do faturamento. alguma coisa está errada no reino das nossas operadoras. já falamos deste assunto aqui, e em passado recente, neste link, onde se dava conta que a renda média por usuário nas operadoras celulares brasileiras estava na média da renda da américa latina, isso num país que tem a metade da economia da região.
tudo bem que a distribuição de renda, por aqui, tem consequências; veja o mapa do brasil, abaixo, mostrando a distribuição de pré-pagos por estado da federação, no fim de 2008.
de lá pra cá, a porcentagem de pré-pagos aumentou, como mostra a tabela abaixo, da consultoria teleco [clique na figura para ir ao texto sobre o assunto].
tentando montar o quebra-cabeças, é mais ou menos óbvio que 1] as operadoras deveriam oferecer serviços de conectividade e interatividade baseados em dados [e não em voz] mais interessantes e a preços mais razoáveis e 2] que estes serviços deveriam considerar os mais de 82% dos celulares pré-pagos de forma criativa e inovadora, principalmente nas regiões verde e azul do mapa.
mas cadê que alguma operadora aparece com um serviço de iM barato [tipo de custo mensal fixo…], sempre ligado, nem que seja entre seus próprios celulares? tecnologia não é problema: dá pra embutir isso, hoje, em quase qualquer celular. a demanda existe: quem não iria querer conversar mais, via iM, pagando menos, num universo de quase 170 milhões de celulares, 82% dos quais pré-pagos?…
como se não bastasse, as vantagens são reais para as operadoras: como todas oferecem os mesmos serviços, um número cada vez maior de pessoas se beneficia da portabilidade e troca de operadora como quem troca de camisa. um serviço iM de baixo custo entre números de uma mesma operadora [por exemplo, e claro que não é o ideal] seria parte fundamental de um cardápio de ofertas para aumentar a fidelização. mas isso é inovação, e inovação dá trabalho, tem risco, precisa de investimento.
resultado? meu droid roda nimbuzz, um cliente de IM genérico que agrega minhas contas [skype, gtalk…] e me mantém em contato com colegas, familiares e alunos quase 24h por dia. e de onde eu posso falar com pedro, em casa, quando estou longe mesmo, sem passar por nenhuma operadora.
explico: nimbuzz e clientes MiM similares usam a conta de dados para se conectar a servidores na rede. ou redes sem fio, se seu celular tiver wi-fi. mas você tem que ter cuidado: um amigo passou uma semana no chile com um iPhone ligado, usando tudo o que tinha direito, sobre o data roaming nas operadoras de lá. a conta? mais de cinco mil reais em seis dias!… segundo ele, pra nunca mais: a conta do celular saiu mais cara do que toda a viagem, passagens e diárias e restaurantes incluídos.
por isso que meu celular, quando sai do brasil, ganha um chip pré-pago do lugar onde estou, que assim mesmo só é usado pra receber ligações; o resto eu faço de redes sem fio, disponíveis em todo canto, boa parte das quais abertas. é delas que navego, verifico emeio, acerto contas, transfiro arquivos… e falo com pedro, no brasil, via nimbuzz. no afã de levar todo meu dinheiro, a operadora não leva nenhum.
é neste cenário, para quem tem celulares pré ou pós-pagos, que MiM vai ser uma revolução, quando começar a ser entregue pelas primeiras operadoras que investirem na inovação nem tão complexa por trás de sua introdução. e isso sem usar contas de dados de forma generalizada.
no brasil, quem sabe não começa numa das MVNO [mobile virtual network operator, operadora virtual de telefonia móvel] que está pra chegar, aparecendo justamente com ofertas deste tipo, para se diferenciar da geléia geral? ou, quem sabe, justamente por causa da ameaça das MVNO, que vão comprar banda comoditizadada operadoras existentes e, sobre isso, agregar suas diferenças, as incumbentes não decidem fazer o que já deveriam estar fazendo há anos?…
uma coisa é certa: coisas como nimbuzz deveriam ser, elas próprias, commodities instaladas em todos os mais de 180 milhões de celulares brasileiros. talvez, mais do que banda larga fixa em todo canto, isso seja mais inovador e revolucionário, porque incluiria todos, em todo lugar e verdadeiramente o tempo todo. tomara que chegue antes do 2012 do gartner…