O blog está publicando uma seleção comentada de tweets de @srlm sobre inovação e criatividade, empreendedorismo, novos negócios, coisas que nós deveríamos ter em muito maior escala e impacto por aqui. a lista de todos os posts já publicados está neste link.
a seguir, o de hoje; normalmente rola mais de um, mas só este, abaixo, já ficou longo, porque a discussão é, para dizer o mínimo, complexa, como quase tudo que envolve política e estratégia no brasil. simbora.
21.05.11: governo.RU investe em inovação: US$4.5B em 100 projetos. US$245M em MRAMs. e no silicon valley! bit.ly/mu7DmD • e o .BR?
este tweet chama atenção para a RUSNANO, estatal russa de investimentos em negócios de nano e alta tecnologia, cuja missão é ajudar a diversificar a economia da rússia, muito dependente de hidrocarbonetos. de 2011 pra cá, a aposta russa em hi-tech subiu de 4.5B para 11B de dólares, quase sempre investidos em conjunto com grandes investidores internacionais, em empresas vão de novas tecnologias de comunicação [como a quantenna; veja o potencial do wi-fi que eles estão desenvolvendo, abaixo, em azul…; nela, a RUSNANO apostou US$79M, junto com a sequoia capital, um dos maiores investidores do silicon valley] a leitores digitais, flexíveis, coloridos [que talvez seja a maior aposta, US$700M, que tirou a plastic logic da inglaterra e levou para moscow].
o investimento russo tem padrões completamente diferentes do brasileiro. aqui não há nada similar à RUSNANO nem um pensamento estratégico parecido, que levasse algum fundo estatal brasileiro a fazer negócios globais, de alto risco e alto potencial em TICs e nanotecnologias. ao contrário, a políticas nacional de TICs combina substituição de importações sem criar competitividade global e reserva de mercado para proteger [os altíssimos preços d]o resultado no mercado local.
no espectro mais amplo, o BNDES não chega nem perto de fazer o que poderia –e certamente deveria- estar fazendo. com a palavra, o economista
mansueto almeida, do IPEA, em entrevista à plataformaBNDES:
“O BNDES parece ter focado parte de suas operações no financiamento de operações de fusões e aquisições que envolviam empresas grandes e que poderiam levantar recursos para essas operações no mercado privado sem a ajuda do BNDES. Adicionalmente, a justificativa dada para algumas dessas operações, a criação de empresas grandes e aumento das exportações, não significa necessariamente que haverá um ganho social que justificaria o apoio do banco”.
não deixa de ser interessante que grandes grupos investidores privados nacionais, agindo fora do brasil, invistam em grandes empresas em parceria com grandes investidores internacionais [como a RUSNANO, mas sem o risco dela…] e sem qualquer recurso do BNDES. ao mesmo tempo, aqui, só o fazem lastreados por recursos públicos subsidiados. os resultados são conhecidos:
quando dá lucro, é privado; se der prejuízo, é quase certamente público.
o blog de mansueto almeida analisa um caso exemplar,
que é a entrada do BNDES na LBR, empresa de laticínios:
“…esse é um caso típico no qual o BNDES deveria ter ficado de fora. Política industrial deve focar em uma das três coisas:
1) criar vantagens comparativas;
2) resolver problemas de coordenação
(retorno individual do projeto depende de investimentos complementares); ou
3) reduzir o custo de descoberta de atividades novas
(não se sabe ex ante a estrutura de custo de algo que não se produz).”
nenhuma das tres condições é verdade no caso da LBR, da qual o BNDES tem 30.28%, que estão para ser declarados como perda total no próximo balanço. um prejuízo de R$700 milhões, sem qualquer aprendizado para o país.
enquanto isso, a RUSNANO [que não é um banco de desenvolvimento] aposta US$245M que MRAM será a próxima geração de memórias e, se estiverem no caminho certo, serão em parte produzida na rússia, para o mundo, com investimentos que vêm dos royalties do petróleo de lá. bem que a gente poderia aprender algo, quem sabe até combinar alguma coisa com os russos…