SILVIO MEIRA

na ordem do dia, a bagunça criativa

anos atrás, rolou uma campanha pra organizar as mesas individuais de trabalho no c.e.s.a.r. pra quem não sabe, o cesar.org.br é um instituto de inovação privado, sem fins lucrativos, auto-sustentado, fundado em 1996 por professores do centro de informática da universidade federal de pernambuco, com o propósito de aproximar a academia da economia, com o desenho e desejo de transferir conhecimento da sociedade para a academia. eu sou um dos fundadores do c.e.s.a.r, fui seu primeiro presidente, por seis anos, e depois ocupei a posição virtual de cientista-chefe [que eu mesmo inventei e que nunca fez parte do organograma], por doze anos. ao tempo da conversa de organização das mesas eu “estava” cientista-chefe. e, antes e depois dela, eu “sou” desorganizado. como você deve saber, há uma diferença radical, na língua portuguesa, entre os verbos estar e ser. o segundo se refere às características estruturais de alguém ou alguma coisa: eu e a leitora somos humanos. ninguém pode tirar a humanidade dos humanos e eles, por outro lado, não podem desistir dela. já o primeiro verbo, estar, trata alguma característica conjuntural: há humanos que estão presidentes de seus países, empresas ou clubes. entendida a distinção radical entre os dois verbos, olhe a imagem abaixo, de um dos meus ambientes de trabalho…

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…pra sacar a dimensão da bagunça dentro da qual eu costumo funcionar. por alguma razão estrutural, e desde garoto, nunca consegui por ordem no mundo ao meu redor para fazer seja lá o que fosse. nem de longe estou sugerindo que alguém deva [tentar] trabalhar no meio deste tipo de bagunça para chegar a resultados criativos, muito menos que tente fazer o que me acostumei há anos, deste o tempo em que ainda se estudava se pessoas seriam mais produtivas fazendo suas tarefas serialmente [começando e terminando a primeira, depois fazendo o mesmo com a segunda e assim por diante…] e se a quantidade de janelas abertas nos ambientes de trabalho informatizado exerciam alguma influência na produtividade pessoal. dentro da bagunça que você viu na foto anterior, olhe pra uma das minhas mesas de trabalho, na foto abaixo, e conte os monitores.

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isso mesmo: são sete, todos controlados a partir de um dos PCs, com o mesmo teclado e mouse, o que me permite abrir, manter abertas e ter acesso, a qualquer segundo, a centenas de janelas e dezenas de aplicações. ao mesmo tempo. o que seria impossível em um único laptop ou tela. uma destas máquinas, o laptop que está  no centro da imagem, é o que sai da sala comigo, junto com o Surface 3 Pro que está fechado, na imagem, à esquerda dele e que, vez por outra, se torna a oitava tela deste arranjo. para os curiosos, isso é possível usando programas que controlam múltiplos sistemas, como input director, parte da instalação acima.

à exceção da exposição [talvez desnecessária] da “minha” bagunça… o que é que este texto está fazendo aqui? o post é pra chamar a atenção para um trabalho publicado há um ano, por kathleen vohs e coautores, sobre a influência da bagunça na criatividade. segundo os pesquisadoresos experimentos mostram que ambientes desorganizados inspiram as pessoas a abandonar a tradição [a forma clássica de fazer as coisas], o que leva a novas formas de ver e entender o mundo [e problemas, lá]; por outro lado, ambientes ordenados, organizados, encorajam comportamentos convencionais e aversão a risco. o resumo do artigo que relata a pesquisa está na imagem abaixo. clique na imagem e pegue o texo na íntegra. e aqui há um vídeo sobre o assunto.image

e o que isso tem a ver com seu trabalho, no seu negócio? tem que… talvez você deva deixar a galera [que deveria ser naturalmente] mais desorganizada [os times de inovação, criatividade e empreendedorismo] mais à vontade e, mesmo para os mais certinhos, que sempre têm tudo no lugar, talvez seja o caso tê-los num lugar mais, digamos, desordenado, senão necessariamente bagunçado, quando você desejar obter resultados mais fora da norma, para não dizer mais criativos, deles, ou no trabalho deles. ao mesmo tempo, e como a receita federal exige dos negócios uma contabilidade beeem menos criativa do que o executivo federal parece julgar que seja o caso lá no planalto, o estudo acima diz que é melhor você manter as salas do financeiro e contabilidade organizadas. pelo que se observou na pesquisa, não dá  pra concluir que a contabilidade do governo federal é criativa porque as salas do ministério da fazenda são uma bagunça… mas se forem, que há uma correlação, há.

e aquela iniciativa, lá atrás, lá no c.e.s.a.r, pra organizar as salas e mesas… em um instituto de inovação?… é, não rolou. nem naquele tempo nem depois. nunca rolou. ainda bem…

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Silvio Meira é cientista-chefe da TDS.company, professor extraordinário da CESAR.school e presidente do conselho do PortoDigital.org

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