Um carro sem motorista, sob vários aspectos, não passa de um robô móvel. não faz muito tempo que este blog deu nota de um estudo que, levando em conta a evolução dos robôs móveis e de aprendizado de máquina sobre grandes volumes de dados, previa uma alta probabilidade de eliminação [70% ou mais] de 47% de todos os empregos da economia americana nos próximos 20 anos. a probabilidade de automação do trabalho dos motoristas de ambulância é menor, 25%; a dos motoristas de ônibus é maior, 67%; a dos de caminhões de entrega é 69%, dos de caminhões pesados é 79% e a de motoristas de taxi é nada menos de 89%. o contexto para o estudo e referências para ele e outros textos estão neste link.
a automação de funções humanas é parte de uma [r]evolução que vem de longe, como se pode ver no texto do link anterior e tende a se acelerar nos próximos anos, à medida em que vamos [re]escrever um número cada vez maior das nossas ações [especialmente as repetitivas, longas, complicadas e perigosas] em software. o blog escreveu uma série inteira sobre o assunto, publicada neste link. vá ver.
um estudo que acaba de ser publicado nos EUA tem duas tabelas que dão uma boa ideia do que está para acontecer em relação a carros sem motoristas, e porque o que está para acontecer tem que e vai mesmo acontecer. olhe a tabela abaixo…
…onde se aponta que o fator primário de 93% dos acidentes automobilísticos dos EUA é humano. uma análise recente de 1.000 acidentes com vítimas fatais, em são paulo, descobriu que o fator humano está envolvido em 98,6% dos acidentes.
no estudo Preparing a Nation for Autonomous Vehicles: Opportunities, Barriers and Policy Recommendations, o ENO center for transportation assume 3 cenários e aposta que mesmo uma pequena porcentagem de veículos autônomos nas ruas e estradas já terá um retorno significativo para a economia e sociedade nos EUA. só pra se ter uma ideia, veja a tabela abaixo [incompleta, neste texto] e note que, já com 10% de veículos autônomos, 1.100 vidas seriam salvas [por ano; mais de 30 mil pessoas perdem a vida no trânsito, nos EUA, por ano] e custos de acidentes de US$17.7B deixariam de existir. e isso é só a economia em acidentes; outros quase US$17B seriam economizados em tempo e combustível. vá na página do estudo, neste link, pra ver o relatório completo.
problemas nos veículos e vias respondem por 5.9 e 17.7% dos acidentes fatais no brasil; se fosse um veículo autônomo, sem motorista, é pouco provável que o ônibus da imagem tivesse se jogado de um viaduto no rio de janeiro, provocando a morte de 9 pessoas. e isso porque a sorte estava ao lado… poderiam ter sido muitas mais.
à medida que se entende que os humanos, no trânsito de hoje, são uma das causas principais de uma verdadeira carnificina e da possibilidade de substituí-los, num futuro próximo, por algoritmos, sensores e atuadores, isso será feito; e não porque a tecnologia está disponível mas porque seus benefícios serão tão óbvios que não será possível não fazer uso dela. ninguém chega a prever, agora, que haverá um clamor pela substituição dos motoristas por carros autônomos… mas dificilmente haverá resistência indefinida à sua entrada no mercado, em larga escala, assim que a relação entre custo e benefício for aceitável.
no vídeo, só o caminhão da frente [na segunda parte] tem motorista; os outros são “programados para seguir o líder”, o que aumenta a segurança de todos e diminui o gasto de combustível, pois os de trás podem seguir os da frente bem mais de perto. breve, estarão numa pista de uma estrada onde, também breve, nem você estará guiando o seu carro…