a pesquisa TIC educação 2010 que está sendo divulgada pelo comitê gestor da internet brasil, www.cgi.br, mostra que 69% dos professores com 30 anos ou menos já se conecta à internet a partir de suas casas todo dia ou quase. isso é muito bom. mas só 20% de todos os professores estão na rede a partir de suas escolas quase todos os dias. e isso é muito pouco.
as escolas são um dos principais espaços de criação de oportunidades de aprendizado em qualquer lugar. e a rede é parte essencial do ambiente de busca, descoberta, análise, crítica, reflexão, síntese… que deveria estar associado aos processos educacionais. ótimo que os professores mais jovens estão na web em casa quase todos os dias. talvez seja este o grupo que vai fazer a rede funcionar na escola, em todas as escolas públicas de todos os lugares, trazendo a rede para o centro do processo educacional. e, com ela, quem sabe, coisas que os alunos estão acostumados a usar fora da escola, como redes sociais e jogos.
não sei se vocês já viram os garotos de 9, 10 anos jogando minecraft e o tipo de visualização e manipulação 3D que eles conseguem fazer e a rapidez e precisão que atingem. até por falta do ambiente tecnológico adequado, minha geração nunca chegou no nível de performance da garotada de hoje, a não ser os poucos que se tornaram especialistas em computação gráfica, lá na década de 90, usando estações de trabalho que custavam muitas dezenas de milhares de dólares para fazer o que a garotada faz, hoje, em laptops de mil reais.
estar na rede, claro, não significa saber usar a rede competentemente. quase a metade dos professores que usam a internet tem dificuldade em baixar e instalar um programa, como mostra o histograma abaixo, quase a mesma porcentagem que estaria com problemas se tivesse que postar um vídeo de [ou para] seus alunos na rede.
mais da metade teria problemas sérios em manter um blog de seus cursos, mas bem mais gente consegue participar de fóruns de discussão e das redes sociais. menos mal.
bem, isso é o que os professores dizem. e os coordenadores pedagógicos, dizem o que das habilidades de seus professores? segundo eles…
…os professores não estão tão bem assim e apenas 3% dos coordenadores acham que todos os seus professores conseguiriam manter um blog sem dificuldade, ao passo que 7% acha que todos seus professores fariam uma apresentação em powerpoint.
só que a pesquisa é muito extensa e rica. são muitas páginas sobre o universo das TICs na escola, uma visão interessante e competente do que está acontecendo e do que falta acontecer. o histograma acima mostra que os professores estão se movendo, tentando fazer seu trabalho com a rede e na rede. se um quarto deles já usa a rede quase todos os dias para preparar aula e buscar material para a sala de aula [a taxa semanal sobe para perto de 2/3 de todos os professores], nem tudo está perdido.
a impressão que se tem é que os professores mais novos, que já nasceram mais perto dos tempos digitais e em rede [leia {ou ouça} um texto do blog sobre "tecnologia através das gerações"] vão influenciar todos os outros, serão parte do processo de aprendizado deles e, daqui a uma década, se nada de estrutural tiver sido feito para trazer todos os professores para a rede, boa parte deles, mesmo assim, estará em rede de uma forma muito melhor do que hoje.
mas esta não é a única pesquisa saindo do forno do comitê gestor. uma outra, a TIC domicílios e empresas 2010, também está na rua. e o gráfico abaixo, na página 157, mostra o que os brasileiros acham que sabem fazer com um computador. cem por cento sabem usar um mouse, 50% sabem usar uma planilha [entre os professores, 54% têm dificuldade ou muita dificuldade em fazer o mesmo] e, surpreendentemente, 18% afirmam saber programar [de alguma forma] um computador.
se for verdade, pense numa boa notícia, nem que seja em estado bruto. com pouco mais de 40% da população usando computadores [segundo a mesma pesquisa] e perto de 20% desta galera "programando", seriam 8% da nossa população tentando escrever software, alguma coisa perto de 15 milhões de "programadores".
como tudo é software e há sinais evidentes de que vai ser cada vez mais, em todas as vertentes da economia e cultura [sabia que o carro elétrico da GM, o VOLT, é 40% eletrônica e tem 10 milhões de linhas de código, cerca de 1/5 do tamanho de windows 7?…], 15 milhões de programadores em potencial é uma riqueza natural que poucos países, mesmo os mais populosos, têm.
taí uma oportunidade –se a gente conseguisse fazer uma política pra isso e implementá-la apropriada e rapidamente- de aprendizado, trabalho, renda e, quem sabe, empreendedorismo de classe mundial. tomara que seja verdade.