a conversa com gariel dudziak, já rendeu um texto, aqui, sobre a transição da internet “quando possível” para “comigo o tempo todo”, outro sobre cloud computing se tornando o padrão de informatização dos negócios mais um sobre o uso da internet nas eleições de 2010… e ainda outro sobre alcance das mídias sociais e nossa privacidade, nelas.
gabriel também tinha uma pergunta sobre propriedade intelectual, assunto que este blog já tratou em muitas outras ocasiões e para o que, face à chegada de –literalmente- montanhas de leitores digitais no mercado, devêssemos chamar atenção de um texto específico, de mais de um ano atrás, sobre pirataria na literatura. vá ler.
era exatamente sobre isso que gabriel queria conversar: Brevemente, qual é a sua visão sobre a difícil questão dos direitos autorais e livre acesso a informações e conteúdos na internet?
eu não mudei de opinião em relação a textos anteriores deste blog; clique neste link, da tag “pirataria”, para ter acesso a vários deles. aliás, não há, no cenário, nenhuma novidade que exija qualquer mudança de opinião no momento… e a minha é que…
…Estamos num período de transição, onde a base tecnológica do suporte ao conteúdo ainda está mudando; o impacto sobre os livros, por exemplo, mal começou.
Em tempos como este, não podemos simplesmente querer proteger o passado a qualquer custo, pois tal sempre se mostrou impossível.
Seria como se ainda ouvíssemos música em grafonolas (introduzidas no mercado em 1907) porque seus fabricantes teriam conseguido impedir a chegada dos discos de 78RPM… do LP… do CD… e depois do MP3.
Dado que ciência e tecnologia são -digamos assim- formas de expressão humana e, como tal, livres, cada um pode propor o que quiser, é exatamente isso que vai rolar.
Meu chute é que passaremos de um modelo de propriedade física do container da expressão cultural (o livro, o CD, o DVD, o mp3…) para assinantes de um serviço que provê tais conteúdos no tempo e espaço, em modelos variados de catálogo, qualidade, disponibilidade… mas ainda há um longo caminho até lá.
As viúvas do "disco" e, em breve, as do "livro", assim como as do "vídeo", ainda vão lutar muito -e com toda a razão- para preservar suas preciosas fontes de receita.
Mas é uma questão de tempo.
Como dizia Machado de Assis, o futuro sempre chega, e ele nunca se engana.