decisão judicial no espírito santo proibiu o uso de faceBook e twitter para divulgar a localização de blitzes da lei seca. olhando de longe, o ato é razoável e atende a interesse social, de salvaguardar vidas e bens, tentando capturar motoristas guiando sob efeito do álcool. a fundamentação legal e constitucional da decisão é nula, como decerto nos dirão os especialistas muito em breve. na prática, e de perto, a utilidade da decisão é discutível, como comentei sobre um tweet da revista época…
…porque ninguém que tem um smartphone [assuma que todos têm GPS e conta de dados, o que dá uns 30 milhões de usuários aqui] depende do uso de faceBook e twitter no trânsito. o WAZE que mencionei é uma aplicação de navegação social que permite compartilhar [sobre um mapa clicável] informação sobre tráfego, ruas e estradas, de buracos a baladas e, por acaso, a localização da polícia. abaixo, duas telas [não necessariamente atualizadas, da web].
WAZE é mapa, é game [ganha-se pontos ao informar estradas e ruas que não estão no mapa, por exemplo], navegação e diversão: crianças no banco de trás podem passar muito tempo reportando engarrafamentos, acidentes, buracos, pistas com problemas… ao mesmo tempo em que coletam dados para instrumentar o motorista sobre o que rola ao redor, como um protesto de horas que fechou uma estrada inteira em pernambuco recentemente. WAZE já tem mais de 10 milhões de usuários, muitos no brasil, e se trata de um "mashup", uma combinação de fontes de informação diversas que, articuladas num certo "centro", criam toda uma nova aplicação. WAZE não é único, claro. um concorrente nacional é o WABBERS, que usa os mesmos princípios: rede social móvel, no tráfego, de pessoas que podem se informar mutuamente sobre as condições de seus arredores e minimizar as agruras de seu dia a dia no trânsito. e WABBERS ainda pretende que os usuários monetizem a agregação de valor à comunidade. tomara que dê certo.
e isso nada tem a ver com informar aos bêbados a localização da polícia. de certa forma, aplicações [de tamanha utilidade, por sinal] como WAZE ou WABBERS podem ser criadas por qualquer grupo de alunos de graduação em informática. o danado, claro, é transformá-las negócio de sucesso. ao mesmo tempo [haja filosofia…], a atividade cidadã, ao reportar onde está a polícia, é um contraponto ao panopticon de foucault, forma de criar um catopticon [de ganascia], ambiente social multifacetado onde todos vêem e supervisionam todos [sousveillance] ao invés de só o estado saber onde todos estão e o que estão fazendo [surveillance]. claro que muito bit ainda vai passar nessa conversa. e, pra tantos perfis quantos forem desligados, surgirão muitos outros. até porque, por lei, nada os proíbe…
em dezembro de 2011 e janeiro de 2012, o blog publica [ao contrário da norma, aqui] bits: textos pequenos, bem mais frequentes, sobre nossa [mundana] vida digital. ao invés dos raciocínios estruturados e interligados de costume, vamos nos ater a TRÊS parágrafos, no máximo. boa leitura.