você já procurou pelo nome dos seus filhos online, numa máquina de busca ou rede social? eu já. e não estou sozinho. o resultado de uma pesquisa que acaba de ser publicada nos EUA, realizada pelo berkman center for internet and society da harvard university [transparência: sou fellow do centro, neste ano letivo] e pelo pew internet & american life project, que você pode pegar neste link, mostra que os pais estão preocupados de verdade com seus filhos na rede.
e o pico de interesse dos pais pela vida online dos filhos, que você está vendo ali aos 17 anos de idade, está relacionado à percepção de que comportamentos não exatamente aconselháveis online podem comprometer a carreira dos filhos, já no processo de entrada nas universidades. os pais descobriram isso agora, mas os processos de admissão das universidades já pesquisam a vida dos alunos, online, há muito tempo: em 2008, 85% das universidades já usava alguma forma de “social vetting” na seleção de alunos [contra 61% em 2007]. o número, agora, está perto de 100%. e os selecionadores, nas universidades, se tornaram competentes [e muitos se consideram experts] em redes sociais, segundo este outro estudo.
é claro que os pais não estão preocupados somente com as chances de seus filhos na universidade, sua reputação e oportunidades futuras, como mostra o gráfico abaixo: estranhos são um problema, assim como o montante de informação que se torna disponível para anunciantes, capazes de “guiar” o que uma criança ou jovem lê, vê, ouve e com o que interage online. com as crianças de 10-12 anos passando mais tempo online do que na TV ou conversando com os pais [os de 13-17, então, nem pensar…] a rede deveria mesmo preocupar as famílias.
mas isso não deve ser, aqui e agora, um sufoco: aprender a se comportar em rede já é absolutamente essencial para qualquer ser humano e será imprescindível para os mais jovens. da mesma forma que não se imagina alguém que não tenha emeio, agora, quem não for um expert em redes sociais e seus múltiplos usos e riscos, em 5 anos, vai estar fora do mundo. literalmente. você, pai ou mãe, pode fazer o que, agora?
quanto à universidade, nada [no caso do brasil]. ao contrário dos EUA e boa parte da europa, onde o acesso às escolas de primeiro time depende de mais do que nota, aqui é só estudar consistentemente durante o fundamental e o médio e seu filho ou filha terá acesso a uma boa universidade. mas o resto –como reputação, no longo prazo, e segurança, em qualquer prazo- pode ser um problema. os pais americanos estão tomando providências, e a principal delas não tem segredo: participar mais da vida de seus filhos, online ou off. isso pode passar pelo uso de filtros na rede [no caso dos mais jovens], conversar sobre o que é e quais são as implicações de um perfil numa rede social [em qualquer caso], entender a política de privacidade de uma rede [isso pode ser um desafio, grande], ver o que seus filhos estão fazendo online e, claro, ajudar a configurar os controles de privacidade nas redes.
pode parecer que você, pai ou mãe, não tem nada a ver com isso. mas tem. é parte de seu dever de casa. de repente, um conjunto de tecnologias entrou na sua vida, na vida da sua família e você tem que tentar entender o que está rolando e quais são as consequências. que podem não ser triviais, por sinal. se você não sabe o que seus filhos de 10, 11, 12 anos estão vendo no youTube, que seja, dê uma olhada lá. e não chegue batendo; entenda, aprenda, converse, aconselhe, crie alternativas.
afinal de contas, foi exatamente porque você não estava por perto que eles podem estar, em plena luz do dia, vendo coisas muito mais esquisitas no laptop ou tablet do que veriam na TV às 11 da noite. ou depois. e em canais fechados. vá atrás.