SILVIO MEIRA

pirataria [digital] chega à literatura [de uma vez por todas]

que o suporte físico para áudio e vídeo está com os dias contados, não é novidade pra ninguém. a mudança do suporte físico [analógico] para o virtual [em rede, digital] desestruturou uma indústria secular, que havia começado com o gramophone da vovó. em alguns anos, a velha indústria de áudio e vida será só história, nada mais.

a pergunta que temos que fazer, agora, é: será que chegou a vez da mesma transição na literatura? até agora, o suporte físico clássico dos livros, o papel, vinha resistindo bravamente. livros tem um tempo de vida longo, as pessoas carregam de um para outro lugar, leêm na cama, no avião e nas praças, emprestam, armazenam em biblotecas, trocam, vendem pros sebos, enfim, existe uma longa história de uso pessoal e social do livro.os jornais e as revistas, bem… os jornais estão passando desta para a melhor. apanham até do twitter: twitter.com tinha 19,4 milhões de usuários no final de abril, nytimes.com tinha 15,5M e wsj.com estava ali pelos 12,2M. os jornais que não viraram portais parece que, também, já viraram história.

 

mas agora pense, no caso dos livros: e o sony reader? e o amazon kindle dx [imagem acima], que vem com qualidade “jornal”, tela de quase 10 polegadas, bateria para dias de leitura sem recarga e memória para carregar 3.500 textos, ou quase todos os livros que você leria na vida?…  já existem 275.000 livros disponíveis para o kindle, e o número cresce todo dia.

e isso não vai ficar por aí: o kindle ainda é P&B, meros 16 níveis de cinza, mas a philips está para lançar –em escala industrial- um “papel eletrônico” colorido [imagem ao lado] que vai, de novo e muito em breve, mudar as regras do jogo. o e-paper da companhia holandesa tem um brilho três vezes maior do que os atuais monitores de LCD e pode representar, também, o apagar das luzes desta tecnologia, ainda mais porque seu consumo de energia é muito menor.

como se não bastasse, o que dizer dos serviços online de compartilhamento de documentos, como slideshare.net, wattpad.com e scribd.com? cada um destes é uma plataforma de gestão de ciclo de vida de informação digital –conteúdo- que começa a ter um efeito cada vez mais global na disseminação de literatura digital, não necessariamente obedecendo os termos do copyright impresso [ou codificado] no material, digamos, original.

aí, então, você pode achar, na rede, o “livro proibido” de roberto carlos, a biografia do rei, muito bem pesquisada e escrita por paulo césar de araújo, que foi confiscada das livrarias por ordem judicial. no scribd.com, ela está neste link. quando tirarem de lá, vai estar noutro. só no scribd.com, há dezenas de links com a biografia “proibida”.

o caso da biografia do rei acentua um duplo problema: primeiro, o “livro” está na rede, compartilhado [pirateado?] muito provavelmente sem licença do autor e da editora; depois, descumpre-se uma decisão judicial que retirou a obra de circulação. os leitores agradecem, pois se trata uma obra de primeira, que consegui comprar antes da proibição, mas todo o resto do sistema de suporte literário, inclusive o aparato legal atual, vai pro espaço.

 

passado o calor da discussão sobre digitalização, rede, áudio e vídeo, é bem possível que o kindle dx, o e-paper colorido, flexível, de alta resolução e brilho, e os serviços de compartilhamento de “livros” e documentos sejam o começo do fim do que conhecemos como a indústria do livro.

e eu tô me inscrevendo na fila pra comprar uma coisa do tipo “kindle” colorido, de alta resolução, em rede, assim que for lançado no brasil. tomara que seja logo. minha coluna, cansada de carregar livros de papel por aí, vai agradecer. muito.

 

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Silvio Meira é cientista-chefe da TDS.company, professor extraordinário da CESAR.school e presidente do conselho do PortoDigital.org

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