SILVIO MEIRA

produtos = serviços. sociais.

Por que google comprou waze por US$1.1B? à primeira vista, não deveria, pois tem google maps, que faz mais ou menos a mesma coisa que waze faz. os dois são mapas digitais, podem guiar você de um canto para outro, mostram onde estão os engarrafamentos… e por aí vai. e um bilhão de dólares é muito dinheiro, mesmo considerando o estado atual do dólar e do caixa de google, onde estão mais de 54 bilhões deles, hoje. mas não é fácil explicar aos acionistas porque se gastou um bi de verdinhas em um mapa… quando há outro, parecido, em casa.

mas google já fez coisa parecida antes: lá atrás [em 2006] a companhia comprou youTube por US$1.65B, quando tinha google video. lançados no começo de 2005, os dois serviços nem competiam, pois a comunidade de compartilhamento de vídeo formada ao redor de youTube era muito maior do que google e pulou à frente de tal forma que google tinha que desistir de vídeo ou comprar youTube.

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o preço pago pela rede de youTube [google também tinha a tecnologia, mas nada de rede] foi bem maior do que parece; em 2006 google tinha apenas US$11.2B no caixa e a transação para comprar youTube [apesar de ter sido em ações] foi o equivalente a 15% do caixa, enquanto a compra de waze consumiu só 2% do caixa.

agora, pense: se eu já paguei 15% do caixa pra comprar uma rede que eu não tinha, apesar de ter tecnologia e capacidade de investimento, porque não investir 2% pra comprar outra rede que eu não tenho, apesar de ter [de novo!…] tecnologia e capacidade de investimento?

negócios não são feitos de tecnologia; são feitos com ela. e são muito mais do que ela, a ponto do domínio da mais avançada, complexa e sofisticada tecnologia nem sempre significar que a proposição de valor ou o modelo de negócios ao seu redor vai dar certo. não deu para google video. até dá pra google maps. mas faltava algo, e este algo era o social. segundo este texto, google maps é uma rede de dados, enquanto waze  é uma rede social [de pessoas, smartphones e carros]. e google, de novo, comprou a rede, dando indicações bem claras do valor das redes e usuários. neste caso, se você quiser uma conta rasa [e não é assim que se faz] google pagou US$1.1B por 50 milhões de usuários. faça as contas. vale. porque os primeiros 50 milhões podem ser a base para uma rede de um bilhão, até porque waze não tem competição. como antigamente entre google video e youTube, google maps não é competidor de waze; no social, de certa forma, waze ganhou.

mas por que? porque o potencial de criação de valor de waze, pra você, é da rede, e não seu. o sistema de criação de valor após a transação [no caso de waze, a pura e simples instalação] é a rede e não você? e google [maps, dados…], por melhor que seja, não consegue competir com a rede, se ela tiver massa crítica. e waze tem. não tivesse, não valeria nada, ou muito pouco, porque seria mais uma tecnologia. e só isso. nem um sistema seria. waze é exemplo de sistemas famosos, coisas que os usuários [inclusive corporativos] querem: aplicações de [ou intensivas em] TICs mais ceis [no sentido de simples de usar], veis [em todas plataformas e em todos os lugares] e sociais, conectando todos os sistemas, pessoas e instituições. tem cara de brincadeira chamar a tríade de famosos, mas vão acabar chamando. a gente falou disso em 2011, aqui neste blog, neste link.

se ceis-veis-sociais estão de mais de uma forma associados às tecnologias de informação e comunicação em serviços e produtos intrínsecos deste mercado, os mesmos predicados estão começando a ser exigidos de todos tipos de produtos: quando você compra um produto, não compra mais o produto, mas a experiência de uso associada a ele; e tal experiência é serviço e não produto; resultado? todo e qualquer produto é serviço, e social, no sentido em que –no mínimo- as conversas sobre seu produto estarão em rede, sempre, desde o segundo em que ele aparecer na mão, visão ou ação de alguém.

produtos = serviços. sociais. ponto. e de partida. se já não está lá, prepare-se.

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Silvio Meira é cientista-chefe da TDS.company, professor extraordinário da CESAR.school e presidente do conselho do PortoDigital.org

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