redes sociais: a crise dos sete anos

gerald mollenhorst é professor de sociologia na universidade de utrecht, na holanda, onde ensina disciplinas como redes sociais na pesquisa teórica e prática e aspectos sócio-psicológicos das organizações. mollenhorst terminou sua tese de doutoramento recentemente, como parte de um projeto que estudou onde as pessoas fazem amizades e se e como as mantém.

poderia se dizer que mollenhorst é um especialista em redes sociais concretas, ou físicas, como se houvesse tal tipo de rede… o concreto, aqui, estaria sendo usado em oposição a virtual, como nas redes mediadas pela… rede, ou pelas redes sociais da internet. melhor talvez fosse separar as redes sociais nas redes à moda antiga e, do outro lado as redes sociais mediadas por tecnologia.

mas agora veja como tal divisão é difícil: em última análise, linguagem é tecnologia, correio é tecnologia, transportes também… sem falar em telefone, etc. nossas redes sociais são mediadas por tecnologia desde que existe a noção de redes sociais e de tecnologia, até porque usamos tudo o que temos ao alcance para realizar as funções essenciais das nossas vidas. e tecnologia desenha o contexto ao nosso redor há muito tempo.

mas vamos levar em conta, por enquanto, que o trabalho de mollenhorst considera redes “de verdade” e chega a uma conclusão que chama atenção: metade das nossas redes sociais desaparece a cada sete anos.

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mollenhorst estudou mais de mil pessoas, seu contexto, suas escolhas, onde conheceram seus amigos, onde se encontram hoje, se ainda se encontram, e onde, sete anos depois… e por aí vai. o que o resultado da pesquisa parece indicar é que as redes sociais pessoais não se formam e se mantém apenas com base nas escolhas pessoais; tais escolhas são limitadas, e muito, pelo contexto, que pode incentivar ou não os variados tipos de conexão entre as pessoas.

os resultados de mollenhorst dizem que, ao contrário do que muitos sociólogos pensam, os contextos de trabalho, vizinhança e pessoal se confundem em boa parte e que, em um período de sete anos, o tamanho da rede social de cada pessoa se mantém estável. o que muda é a forma e conteúdo: só 30% das pessoas ocupam a mesma posição [melhor amigo, por exemplo] e 48% das pessoas simplesmente sai da rede.

se contexto é realmente importante para manutenção de relacionamentos, especialmente no longo prazo, será que as redes sociais mediadas pela internet não serão, ao invés do que se costuma pensar nos recantos mais ortodoxos da sociedade, um instrumento essencial para manutenção das redes sociais [reais!] de seus utilizadores? é bem possível que sim…

e o mesmo pode ser verdade nas empresas. um negócio qualquer pode ser visto como um conjunto de redes sociais que, em larga parte, interferem e interagem entre si. aí estão as muitas redes internas na [e da] empresa, suas interações com as redes sociais dos parceiros, fornecedores, clientes, consumidores e competidores, sem falar na intensa relação, mesmo que informal e quase sempre esquecida, com as múltiplas redes sociais de seus colaboradores, do churrasco no fim de semana à rádio corredor, bem dentro do negócio, todo dia.

tanto no contexto pessoal e familiar como no empresarial, redes sociais “virtuais” serão cada vez mais importantes. porque parece que estamos entendendo que vivemos, todos, num mundo em redes, conectado. em todos os aspectos, do pessoal ao ambiental, passando pelo empresarial: tudo e todos dependendo de todo o resto. e redes sociais, sobre a internet, não são apenas mais uma tecnologia, mas um conjunto de meios muito capazes para criar mais e melhor contexto e espaço para interação em muito maior quantidade e qualidade.

eu e você, entre muitos outros, podemos tentar usar redes sociais para manter nossos melhores amigos de hoje entre nossos melhores amigos daqui a sete anos. porque amigo não é só coisa para se guardar, é pra não se perder, e só não se perde quando se está conectado, em contexto…

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