SILVIO MEIRA

redes sociais: parece que felicidade é contagiosa

nicholas christakis, professor de sociologia médica da harvard medical school, acaba de publicar o resultado de um mais um estudo entre os muitos que seu time vem fazendo, desde o princípio da década de 70, sobre o comportamento humano em rede. no caso, redes reais, de pessoas, daquelas e destas que temos na sociedade desde o princípio dos tempos. são dois achados muito simples: quanto mais conexões uma pessoa tem, maior a chance dela ser feliz; e quanto mais gente feliz você conhece, mais chance de ser, você mesmo, feliz. neste sentido particular, felicidade é algo contagioso. ótimo.

o problema é que obesidade e fumo também são comprovadamente contagiosos e o time está estudando a hipótese de depressão e alcoolismo também serem. independentemente disso, os resultados sobre o contágio da felicidade são muito interessantes: um amigo feliz aumenta suas chances de ser feliz em 15%; um amigo de um amigo vale 10% e, mesmo de terceira ordem [amigo de amigo de amigo…], a felicidade dos outros aumenta suas possibilidades em 6%. por outro lado, cada amigo infeliz aumenta suas próprias chances de ser infeliz em 7%.

o estudo, sério e sofisticado, usa dados de milhares de voluntários sobre um longo período de tempo. é capaz de não ser apenas mais uma daquelas montanhas russas de informação sobre saúde, nas quais, numa semana, litros de suco de alguma coisa [por dia] é uma cura universal; na outra, poucas gotas matam e, na terceira, é um placebo.

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seria muito interessante começar a pensar em análises semelhantes para redes sociais na internet, como facebook e oro-aro, por exemplo. ao vivo, num grupo social concreto, não é muito simples esconder sua infelicidade ou deixar de demonstrar felicidade. mudam os olhos, a face, o tom de voz, os detalhes do andar, vestir… na rede, criamos nossos simulacros [às vezes mais de um] e temos muito mais possibilidades de esconder o que anda acontecendo dentro de cada um.

no médio prazo, quando as redes virtuais tiverem um alto grau de verossimilhança com o mundo concreto em que vivemos, os resultados do estudo de harvard provavelmente se apliquem a elas. até lá, pode ser importante descobrir [em detalhe] como as redes sociais virtuais afetam as pessoas e como processos de indução podem ser usados para apoiar gente em dificuldade. até porque pode ser mesmo o caso de que qualquer um de nós está a apenas um passo da felicidade.

 

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Silvio Meira é cientista-chefe da TDS.company, professor extraordinário da CESAR.school e presidente do conselho do PortoDigital.org

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