o texto anterior do blog era sobre livros digitais e toda a rede de valor ao redor deles. no meio da conversa, entramos no assunto da propriedade dos textos e, de resto, da discussão ao redor de sua [e minha] vida digital e a quem pertencem "nossos" dados. a conversa era mais ou menos assim…
…e aí é que está outro X, o da questão: como em todos negócios em rede, hoje, quase todos os agentes [da microsoft a google a apple a facebook e amazon e muitos mais…] estão trabalhando para fechar suas plataformas de serviço com os clientes dentro, criando silos para seu conteúdo, que de lá só sai pirateado, é preciso reverter tal situação para um cenário aberto.
este é o grande problema que teremos que enfrentar para que os livros, desde sempre um dos fatores libertários da humanidade, voltem a cumprir seu papel, de irem sempre o mais longe possível e ao alcance de todos, seja lá onde e por que meio de acesso tentarem.
podemos ser otimistas neste aspecto? acho que sim, porque na rede [de todos os tempos, passado, presente e futuro] a propriedade de "seus" dados e bens digitais deve, tem que ser sua; você tem que ser capaz de controlar sua identidade digital e disponibilizar que parte dela você quiser, sob seu exclusivo controle, para quem você achar que deve.
parecia premonição, pois nos dois dias seguintes se descobriu que [os microtextos abaixo saíram no meu twitter]…
descoberta: iPhones e iPads guardando TODA localização dos usuários http://m.wired.com/gadgetlab/2011/04/iphone-tracks/ #privacidade? #comoExplica, apple?
e, logo depois…
RT @MikeElgan Android phones record user locations, too http://www.guardian.co.uk/technology/2011/apr/21/android-phones-record-user-locations • #privacidade? e aí, google, #comoExplica?
…ou seja, tanto apple como google estão "pegando" informação sobre onde estamos, sem que estejamos plenamente conscientes disso e os tenhamos autorizado a tal.
claro que deve haver alguma cláusula contratual em fonte tamanho 3 [5, vá lá…] em algum contrato de muitas páginas que diz que eles vão fazer isso. e quem defende android foi rápido ao apontar que a apple está populando um banco de dados dela, ao invés de google, que está usando a informação sobre localização móvel para prestar serviços ao usuário. pouco importa, quando consideramos o problema mais amplo.
e o tal "mais amplo" tem que ser posto, de uma vez por todas, da seguinte forma: todos os "nossos" dados são de cada um de nós, individualmente, e só podem ser capturados, guardados, processados, transmitidos, usados, distribuídos com a autorização, consciente e livre, de cada um. e pouco importa se a maioria dos usuários não vai entender os porquês disso. para quem não entender, o modo de autorização para captura ou uso de informação pessoal de qualquer tipo tem que ser não, mesmo que isso contamine a qualidade do serviço.
o usuário tem que aprender, entender o que está sendo feito com seus dados e o que ele ganha [muito…] e o que perde [potencialmente muito, também] com sistemas de informação de todos os tipos capturando suas pegadas informacionais.
esta é mais uma daquelas coisas que gente como o ex-senador azeredo deveria estar tentando regular. ao invés de perseguir usuários da rede e das infraestruturas de comunicação móveis, que tal, galera do congresso, defendê-los?…