se você está lendo este blog, é quase certo que existe pelo menos um sistema de informação em sua rede pessoal, como um laptop ou PC. você pode estar lendo de um celular, também, embora ainda seja menos freqüente [e o design da página ainda não esteja preparado para browsers em dispositivos móveis]. a definição de rede pessoal, neste caso, é o conjunto de dispositivos informacionais a nosso dispor, que passam a maior parte do tempo conosco, ligados em rede. seu relógio digital só faz parte dela se "conversar" com outras coisas ao redor. seu celular, laptop, GPS, GoGear, câmera digital… já são parte do seu PAN, ou Personal Area Network [veja figura abaixo].
um projeto de pesquisa europeu que acaba de se encerrar [MAGNET, My personal Adaptive Global NET and Beyond] chuta que, em 2017, redes pessoais "espertas" [PNs, ou smart personal networks] estarão tratando cerca de 1.000 dispositivos por pessoa, em média, a partir de uma previsão de que, para um população de sete bilhões de seres humanos, o planeta terá perto de sete trilhões de dispositivos pessoais conectados à rede. um monte. tais redes servirão pessoas ou pequenos grupos de pessoas ou uma casa ou apartamento e talvez carros, motos, aviões. imagine-se cercado por milhares de sistemas computacionais interligados, a seu dispor e, possivelmente, tentando fazer com que você faça coisas que "eles" querem… porque acham "bom" pra você.
qual é o cenário? simples: In the future, there will be hundreds, even as many as a thousand devices in a PN. It may seem an impossible figure, but in the near future the number of personal devices will multiply enormously. One person might have dozens of sensors, monitoring vital signs like heart rate and temperature, and even the electrolytes present in perspiration. And then there are sensors and actuators in the home, including light switches, and more again in cars. People will be able to link with TVs, stoves and spectacles, which could double as a personal TV screen, and even clothing. They will have a home gateway, to manage all their home devices, and a car gateway while driving.
em suma, uma pessoa poderá ter [nela!] dezenas de sensores, monitorando sinais vitais, desde temperatura e pressão e batimento cardíaco até metabolismo e os eletrólitos presentes no suor… que poderão se combinar com os sensores e atuadores da casa, carro, roupa, capazes de conjugar dados e ações que conectem mais suor com diminuição automática da temperatura desejada do ar condicionado, ou abertura das fibras da roupa para permitir maior fluxo de ar perto da pele. tvs, micro-ondas, óculos, portas, fogões e os pneus do seu carro [e quase todas as outras partes dele] serão parte de tais redes. em casa, a rede que anda comigo [minha rede, "parte" do meu corpo] se entende com a rede da casa através de um gateway, que faz o mesmo papel pra que "eu" [ou "minha" rede] me entenda com o carro, ônibus, avião, metrô e hotel. isso sem falar nas conexões óbvias com mp3, câmeras, celulares e outras coisas informacionais que já carregamos.
e fique tranqüilo, desde já: pelos planos do pessoal do MAGNET, tais redes serão pessoais, individuais e seguras e você não fará nada que não queira. a menos, é claro, que a "sua" rede -ou, em bom português, você- seja invadida por um outro alguém. o que, eventualmente, vai acontecer com os menos precavidos. mas isso é outra história.
talvez as redes pessoais não aconteçam na escala e tempo prevista pelo MAGNET. mas elas são um conseqüência lógica do desenvolvimento de sistemas computacionais cada vez mais capazes, menores, muito mais baratos, conectados e ubíqüos, ou seja, que estão em todo lugar. e que têm e terão muito mais utilidade conectados uns aos outros e às redes ao nosso redor. imagine buscar o filme no celular [simplesmente dizendo o nome, talvez], receber as alternativas, fazer escolhas, pagando de forma transparente… e, sem nenhuma ação direta sua, mapeando o caminho no GPS, incluindo a hora de sair de casa pra não perder o começo do filme e, ao mesmo tempo, reservando a vaga de garagem no shopping… na qual nenhum outro carro, mesmo que o motorista queira, vai poder estacionar, pois a vaga é da PN que está identificada com seu carro.
e isso não é nada do outro mundo, está por aí espalhado em pedaços variados, ainda elementares e desconectados. vez por outra, algum aluno ou recém-formado me explica uma certa parte da coisa toda, que ele está montando e na qual aposta sua carreira, certo dos milhões em ouro no pote ao fim do arco-íris. sempre lamento dizer, e raramente sou entendido, que um cenário como o descrito acima é o de uma plataforma de compatibilidade, aquele tipo de coisa que automóveis precisaram para servir ao seu papel sócio-econômico de forma ampla. carro, sozinho, não vale e não serve para nada. tem que vir com estradas, postos de combustível, borracheiro, sinais de trânsito, oficinas, peças de reposição, legislação específica, guardas, multas e o que mais…
partes desta história de personal networks vão ficar aparecendo aqui e ali sem que nada aconteça de mais profundo até que uma -ou um conjunto de- empresa[s], talvez como parte da mudança para a quarta geração de conectividade móvel, apareça com os elementos essenciais da plataforma de compatibilidade [inclusive os modelos ne negócio] em cima da qual todos vão poder se conectar para prover, ao mesmo tempo, sistemas de transação, participação, colaboração e inovação. pena que, apesar de muita gente no setor acadêmico e nos pequenos negócios, no brasil, saber e saber fazer muito do que está dito aqui, isso não vai começar pelo brasil nem acontecer aqui nem tão cedo. por quê?…