gabriel dudziak, que estava na revista da locaweb, me perguntou em março, para a edição que está nas bancas agora… Quais as tendências de TI e informática que você vê para o ano de 2010? É o ano da afirmação do mobile?
e eu respondi, com maiúsculas e tudo, já que era “pro impresso”, que…
Estamos vendo, e há tempos, uma transição de uma "internet quando possível", isto é, à qual eu tinha acesso quando estava perto de algum computador, para uma "internet em tempo real", que eu carrego comigo, no que se costumava chamar de telefone celular.
Telefone, neste dispositivo móvel, conectado ao mundo via IP, é apenas mais uma das aplicações e ela pode muito bem deixar de ser a mais relevante em pouco tempo. Por outro lado, não é em um ano que as coisas mudam de vez. Num país onde mais de 85% das celulares são pré-pagos e onde o megabyte de dados pré-pago custa uma pequena fortuna, não são os 5% com smartphones, nem todos com contas de dados ilimitados a preço fixo, que vão mudar o mundo.
Vamos todos chegar lá, mas 2010 é só o começo, especialmente no Brasil e na periferia do país, onde há deficiências muito graves de infraestrutura.
a conversa, que rolou por emeio entre ele em são paulo e eu, em recife umas horas e aeroportos e aviões noutras, continuou: Falando em mobile, qual a sua visão do mercado no atual momento e seu prognóstico para os próximos anos?
minha visão mobilidade, da forma exposta abaixo, data de uns dez anos. e acho que ela começa a se tornar cada vez mais verdadeira. veja porque:
No momento, as pessoas estão começando a descobrir que celular é uma plataforma programável, conectada à internet, sobre a qual podem rodar um monte de serviços, incluindo alguma coisa que Graham Bell chamava de "telephone", com "ph" e tudo. Quanto mais gente descobrir isso, melhor; quanto mais cedo as teles (e o ambiente regulatório) se prepararem para isso, melhor.
Isso porque, no médio prazo, estaremos conectado pela internet móvel da mesma forma que já estamos conectados hoje pelos celulares: com mais de 180 milhões deles por aí, e todos mandando SMS, por mais rudimentar que seja esta forma de mensagens curtas de texto, parte de uma préhistória das comunicações, pode-se dizer que a conectividade em rede (esta rede, de SMS) é hoje, no Brasil, universal.
Nos próximos anos, vamos ver os preços dos smartphones caírem muito e as contas de dados a preço fixo começarem a se tornar um padrão de mercado, quer as teles queiram, quer não. Se não quiserem, é provável que apareçam outros meios, em outras bandas e tecnologias, de fazer o mesmo. E aí estaremos todos, em menos de uma década -ou ainda menos- na internet móvel.
Me atrevo a dizer que isso habilitará novos negócios, mercados, serviços, formas de viver, de interagir, de prestar serviços… a internet móvel, em larga escala como a fixa, vai ser uma mudança ainda maior.
smartphones como os mostrados nas duas imagens deste texto são apenas o começo de uma mudança estrutural de muito grande porte; na verdade, eles são comparáveis a ”browsers” para serviços que começam a ser fornecidos quase que como “utilities” por provedores globais.
isso deve tornar computação, comunicação e controle algo muito mais móvel e pessoal do que seria possível ter imaginado há dez anos. e vai, como não poderia deixar de ser, mudar o que se entende hoje por “internet”.
a conversa continuou por mais oito perguntas, que vão aparecer aqui no blog nos próximos dias, pra gente não publicar, mais uma vez, textos muito longos pros quais pouquíssima gente, hoje, consegue encontrar tempo suficiente pra ler. amanhã tem mais. até lá.