há uma década, havia pouco mais de 600 milhões de pessoas de sessenta anos ou mais no planeta. dentro de quarenta anos, haverá mais de dois bilhões de pessoas na mesma faixa etária, fazendo com que a população de idosos [se ainda qualificada como sessenta anos ou mais] seja maior do que a de pessoas com 14 anos ou menos pela primeira vez na história.
assim começou a palestra de joe butler [do TRIL, technology research for independent living centre] na abertura do CRIWG.09 em peso-da-régua, portugal. na conversa dos corredores, marcos borges [da ufrj, mas no momento em valência, espanha] falava da gravidade do problema na europa: um dos principais jornais da TV espanhola deu, em cadeia nacional, o nascimento do primeiro bebê em mais de três décadas em uma pequena cidade do país. nas astúrias, a população de menos de 15 anos representa 10% do total, e os maiores de 64 já são quase 22%. a região já passou, há muito, de 2050… quando o assunto é idade.
o desafio é óbvio: à medida que envelhecemos, diminui nossa capacidade de realizar as tarefas do dia-a-dia, de ler, aprender e trabalhar até tomar banho sem cair. quase um terço da população de mais de 65 anos de idade sofre uma queda de alguma gravidade pelo menos uma vez por ano; mais de 10% sofre quedas não triviais mais de uma vez por ano, taxa que sobe para quase a metade dos que têm mais de 80 anos.
se há dificuldades graves de mobilidade à medida que envelhecemos, os problemas cognitivos não são menores: 5% da população acima de 65 anos tem sintomas severos de demência, que atinge 20% da população aos 80.
e por aí vai. enquanto não conseguimos reprogramar a máquina da vida para impedir [será que conseguiremos?…] a degeneração de nossas mais elementares funções, teremos que trabalhar no desenvolvimento de paliativos que compensem a perda paulatina de nossas habilidades.
e as tecnologias de informação e comunicação [TICs] parecem ser essenciais na criação de tais mecanismos de compensação.
de robôs para auxiliar nas tarefas caseiras e na mobilidade [veja aqui um texto sobre o exoesqueleto ao lado], incluindo novas e muito mais inteligentes cadeiras de roda [veja uma aqui], passando por novos modelos de entender [do ponto de vista da tecnologia] o comportamento das pessoas, novos ambientes para desenvolvimento de tecnologias assistivas, como bioMobius, processos muito mais sofisticados [para criar soluções mais simples] de interação humano-máquina… até a intervenção direta de tecnologia no corpo [incluindo o cérebro], como é o caso de tratamentos computacionais para aliviar os sintomas do mal de parkinson.
os limites da intervenção de TICs para ajudar as pessoas a conviver com os efeitos da idade? praticamente inexistentes. quer ver? veja aqui um chip que pode vir a substituir bem mais do que os tratamentos químicos da classe do viagra…