pra quem achava, muito tempo atrás, que e-commerce não ia "dar dinheiro", taí a curva de crescimento dos negócios da amazon.com nos últimos dez anos…
…onde se vê que o volume de negócios aumentou quase vinte vezes desde 2000 e cresce, ainda, a taxas superiores a 50% por ano. não é coisa pouca para um negócio que já tem mais de 15 anos.
no começo, a amazon.com era uma livraria. depois, o maior shopping center do planeta. agora, além de ter virtualizado o negócio de livros com o kindle [a plataforma, e não só o dispositivo; quase US$5.5B este ano] e entrar no mercado de aplicações móveis e dispositivos de informatização pessoal [vem aí o tablet da empresa, sobre a plataforma android]…
…a amazon criou o primeiro e até agora mais efetivo negócio de infra e serviços computacionais e de informação sob demanda na internet [amazon web services, AWS]. não é coisa pouca: AWS, criado do zero a partir de 2006, já aponta para uma receita de US$2.5B em quatro anos.
a amazon começou do zero. o kindle também, apesar de canibalizar parte do negócio de venda de livros físicos. mas o impacto, aqui, é sobre a venda dos "livros dos outros" e não da amazon, que continua vendendo os livros, agora digitais, em volume ainda maior que físicos. e AWS também veio do zero, como parte dos dois níveis inferiores da "torre de software" de que falamos no texto passado aqui do blog.
isso é parte da explicação da curva lá em cima. inovações que não entram em conflito [direto, pelo menos] com negócios já existentes e sobre as quais não há uma arenga institucional relacionada à "proteção" de núcleos de receita e poder na corporação. resultado? mais receitas e mais lucros.
pra ter uma idéia da bronca num outro negócio onde o "novo" entra em conflito permanente e explícito com o "velho" e quais são as consequências para a receita, no tempo, olhe o gráfico abaixo…
…que mostra cinco anos consecutivos de prejuízos da divisão de "serviços online" da microsoft. redmond, certamente, tem competência para "fazer" alguns dos melhores "sistemas online" do mundo. mas o tal do "online", lá, pode nunca ter tido a prioridade estratégica que kindle e AWS tiveram, na amazon, por causa do conflito em potencial com outras áreas de negócio da empresa. pra explicar o prejuízo do online, talvez a gente devesse olhar para o tamanho do lucro da "divisão office" do negócio de steve ballmer, muito mais lucrativo agora do que há cinco anos. o problema é… isso é sustentável por quanto tempo?
se eu fosse a microsoft –ou qualquer outro negócio, digital ou não, hoje- olhava mais para a amazon. muito mais. e muito mais de perto. afinal de contas, aquela curva lá em cima não é brincadeira…