SILVIO MEIRA

pessoas, tempo, escolhas, empresas, espaços…

google acaba de investir [ou gastar?…] quase dois bilhões de dólares na maior transação imobiliária do ano nos EUA, comprando espaço, um dos maiores prédios de nova iorque, a antiga administração do porto da cidade. o ícone da imagem abaixo tem cerca de dois milhões de pés quadrados, ou perto de 190 mil metros quadrados e a companhia [da califórnia] já tem mais de dois mil colaboradores ao redor de manhattan e está contratando, lá, como se não tivesse ninguém, ainda.

isso me lembrou que, no começo da década passada, um dos espaços que queríamos pra começar o porto digital do recife era exatamente o prédio da administração do porto. além, claro, de todos os armazéns [vazios então, vazios agora] da imagem abaixo…

…porque tudo [menos passageiros] estava e está, hoje, indo para suape, um megaporto logo ao sul, a poucas milhas náuticas do centro do recife, espaço parcialmente mostrado na imagem abaixo.

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tivéssemos conseguido –lá no passado- o espaço, e se ele tivesse casado com o tempo, com as janelas de oportunidades da época, a história talvez fosse outra e o porto digital, hoje, poderia ser muito maior do que as 150 empresas e 5.000 pessoas que já trabalham na rede de valor de software no centro velho do recife, ocupando espaço de armazéns que, há dez anos, literalmente caíam aos pedaços.

mas a história não é feita de "se’s" mas de fatos, acontecimentos, contratos e contratações… nem nós éramos ou somos google. pelo menos não ainda.

google foi a companhia paradigmática da web dos anos 00, a web 1.0, talvez como facebook e twitter sejam dos anos 10 e da web 2.0. pra comparar os tempos e as companhias, o que twitter [por exemplo] está fazendo agora?…

twitter está comprando… gente. acaba de adquirir fluther, e disse, a quem perguntou, que não estava comprando o serviço, pois não pretende agregá-lo às suas ofertas. pra quem está crescendo como twitter e só vale uns poucos bilhões de dólares [menos de quatro, ao contrário de google, que vale US$193B], gente é fundamental, muito mais importante do que prédios para botar gente. até porque, no caso de twitter, que segundo o próprio "ainda não tem um modelo de negócios viável"… comprar prédios é um vacilo. grande, talvez. neste mercado, "sede própria" só faz sentido pra quem tem o futuro garantido.

mas definir, estruturar e evoluir espaços articulados para alavancar e adensar redes de valor da economia do conhecimento, especial e principalmente criando e mantendo as condições para que empreendimentos de classe mundial coexistam em tais lugares… é um valor único em um mundo que não é plano como muitos pensavam [veja aqui porque os picos são muito importantes na economia em rede]. por que?…

porque [da série do blog que discute o plano e os picos da economia planetária]…

…o lugar ainda importa e vai continuar sendo importante; mais de 50% da população mundial mora em cidades densas [contra 30% em 1950]; se o lugar não importasse [em termos de potencial econômico individual], as pessoas não iriam se mudar para estes lugares densos onde parece haver mais oportunidades.

o porto digital entende o mundo desta forma e  trabalha para criar, em um pequeno espaço conexo no centro do recife e para a economia de software e intensiva em software, picos. picos de performance e produtividade, de geração e captura de valor, bem como de educação, qualificação e certificação de pessoas e empresas, atração de talentos, tecnologias e investimentos e aumento da capacidade de geração e de realizar negócios, inclusive a partir dos desafios enfrentados pelas empresas que já existem no sistema local de inovação… e por aí vai, passando obviamente pela criação de um ambiente propício para inovar, sem o que é quase impossível sobreviver na economia do conhecimento e de software em particular.

isso leva tempo, muito tempo. pólos e parques tecnológicos podem levar décadas para atingir um estágio de maturidade de classe mundial. o porto digital está comemorando, em recife e pernambuco, os primeiros dez anos de um trabalho que pode levar mais dez ou mais vinte até chegarmos "lá", como a gente discute na entrevista do bom dia pernambuco abaixo.

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dez anos até aqui e talvez mais quinze para maturar parece muito tempo. mas mudanças sócio-econômicas, culturais e educacionais de grande porte são assim, precisam de muito tempo, muito trabalho, muito conhecimento, investimento, planejamento, empreendimento e envolvimento, e de muita gente.

o porto digital não é uma ou poucas pessoas. são milhares, literalmente milhares. e, pelo andar das coisas e pelos investimentos que estamos recebendo e discutindo para o futuro próximo, parece que em breve seremos muitos milhares mais. não quer dizer que não temos problemas; temos sim, e são muitos. mas ninguém, hora nenhuma nestes dez anos, foi ingênuo a ponto de achar que o caminho era curto ou fácil e as escolhas, simples. não é, não está sendo, nunca será. se fosse, haveria algo como o porto digital em quase todo lugar.

vá ver o vídeo. talvez, depois, pense em vir prá cá.

pra todos, dentro, ao redor, fora, perto e longe do porto digital e de suas empresas, feliz natal, um grande 2011 e muita sorte e sucesso em todas as suas escolhas de caminhos, espaços e negócios, sempre.

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Silvio Meira é cientista-chefe da TDS.company, professor extraordinário da CESAR.school e presidente do conselho do PortoDigital.org

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